Star Wars: Episódio VIII – Os Últimos Jedi | Crítica | Star Wars: The Last Jedi, 2017
Star Wars: Episódio VIII – Os Últimos Jedi tem tudo para agradar fãs e os que não são no novo capítulo da saga da família Skywalker, ainda que não aparente ser Star Wars.
Possivelmente, ao sair da sessão de Os Últimos Jedi, a sensação é que vimos um ótimo filme de ação e aventura, com um roteiro bem amarrado e que não deixa de ser dinâmico na maior parte do tempo. Foi assim com Rogue One. E esse é um motivo que a nova instalação da saga tem um clima menor, pelo menos à primeira vista, de Star Wars – clima que reside, porém, no seu DNA com os sabres de luz, a Força, velhos personagens dando as caras e a continuação do que a história era na imaginação de George Lucas: uma ópera espacial, com imponentes momentos e continuando a história da família Skywalker.
Uma das principais reclamações para quem não embarcou no Despertar da Força é que a estrutura era muito similar à de Uma Nova Esperança – alguns taxando até de remake. Esse novo filme quebra um tanto isso, mas não no sentido que esse é uma produção sombria deixando a parte mais leve para o fechar dessa trilogia. Então, como fãs de Star Wars, sentimos a trama indo e voltando entre o clima denso de O Império Contra-Ataca (o começo do filme tem um comboio tentando fugir de uma frota muito superior) para o suave de O Retorno de Jedi – não quer dizer que seja infantil, mas levando em conta que esse é um filme da Disney, não parece um despropósito.
Entre a audácia de Poe Dameron (Isaac) e o pulso filme da General Leia Organa (Fisher) do lado mais dramático da guerra, temos um Luke Skywalker (Hamill) amargurado, mas que é cercado por seres fofos e engraçadinhos e com algumas atitudes que poderiam não condizer com o peso da figura lendária que é. E junto dele, há uma Rey (Ridley) ainda procurando seu lugar no universo. Do lado oposto, o Supremo Líder Snoke (Serkis) ainda manipulando Kylo Ren (Driver) como seu martelo contra a Resistência. Colocando essas peças em movimento, é seguro dizer que o roteiro de Johnson é bem amarrado, mesmo que não estejamos preparados para a cena que se segue entre Luke e Rey que acontece logo depois do desfecho do Episódio VII.
Apesar de ser uma escrita bem-feita, é essa montanha-russa de emoções que prejudica a aventura – longe, no entanto, de estragar a experiência. Essas idas e voltas mostram um problema de estrutura, como se o tecido que fabrica a história quer contar muito em pouco tempo, algo que é contornado pela duração do filme (são quase 20 minutos a mais que O Despertar da Força). Por outro lado, essa opção dá uma liberdade para o vindouro Episódio IX de se desvencilhar de fazer algo como Episódio VI. E isso já motivo suficiente para a existência da produção que sai esse ano.
Se há sacrifício e perdas, há também esperança. Se há drama, existe também diversão. Todo o propósito do filme é falar sobre equilíbrio, algo que Luke aprendeu a duras penas e precisa passar para Rey – um dos últimos desejos de seu mestre. E Johnson soube como equilibrar esses momentos ao, por exemplo, não fazer que os porgs fossem o único elemento cômico, mas ao colocar risos na plateia mesmo com momentos de sisudez de Luke que depois de anos de isolamento pode ser taxada como um velho chato. E esse é o conflito com Rey, jovem e espirituosa, ainda querendo acreditar na esperança do universo e tentando resgatar o Luke de anos antes. Não só um Jedi, o agora mestre é mais um símbolo que pessoa, o que faz todo o sentindo na maneira que ele posicionado no seu confronto principal.
Os outros personagens também têm espaço para amadurecer, com Rey enfrentando seus medos – em especial sobre sua origem – e Kylo deixando a máscara para trás e não sendo mais uma imitação de Vader e sim o seu sucessor. É verdade que Finn (Boyega) que ainda está meio congelado no mesmo lugar, insistindo em tentar resgatar Rey, algo que ela nega desde o filme de 2015, com a diferença que dessa vez é o universo que impede que ele o faça, com uma ajuda de Rose (Tran) – de novo Star Wars coloca um personagem com traços orientais com algum destaque – que representa tanto a perda quanto a coragem necessária em tempos extremos. Porém, ainda na questão de desenvolvimento, o General Hux (Gleeson) continua apagado e, numa das viradas do filme, é difícil entender como outro personagem, aparentemente poderosíssimo, é facilmente enganado.
Porém, eles não estão presos nessas personas; mesmo Poe, com seu jeito turrão, tem momentos cômicos, mas que faz jus ao personagem – uma brincadeira com seu jeito e soluções explosivas quando Finn e Rose bolam um plano para salvar os transportes da Resistência sugere o que sabe fazer melhor: explodir tudo. É uma cena tão natural, mas tão própria do personagem que faz todo o sentido dentro da trama, o que volta à questão acima do roteiro bem escrito. Ou ainda na questão dos figurinos, onde o Snoke lembra um Hugh Hefner espacial, com aquele roupão tradicional do magnata da Playboy, num salão vermelho e preto e que com seu poder – que aqui é a Força, mas poderia ser dinheiro – subjuga àqueles ao seu redor.
Como vimos no filme anterior, Star Wars é muito maior que seus novos diretores, então os elementos como a abertura, a transições em íris e as trilhas de John Williams englobam tudo. Além disso, há ambientes que replicam ou lembram cenários de outros filmes, homenagens a lugares ou momentos que servem para nos sentirmos em casa. Mas, visualmente, é importante dizer também que alguma tentativa de inovação, mesmo que pequena. Conhecemos um planeta que tem uma escória como a de Mos Eisley, porém luxuosa e dourada, e um planeta mineral e branco como Hoth, mas com um terreno salino que deixa marcas vermelhas quando se passa por ele – foi o jeito da Disney colocar sangue no filme.
É verdade que o filme apela bastante para a nostalgia – há a presença de um personagem muito especial que trará um sorriso no rosto dos fãs -, mas há momentos de atualização, principalmente na nova mensagem de esperança que começa se espalhar pela galáxia com o fim da Resistência. Com mais pontos positivos que deméritos e apesar de não ser tão bom quanto o anterior, no resumo de tudo Star Wars: Episódio VIII – Os Últimos Jedi é importante por passar a tocha e na relevância nesse nosso mundo, principalmente ao equilibrar protagonismos. Ainda teremos que apontar isso, pois precisamos de um cinema menos masculino e branco, não por uma questão de vingança de minorias (econômicas, não de tamanho) no cinema. Numa galáxia muito distante, mesmo que há muito tempo atrás, é bem mais crível uma sociedade abrangente que abrace todas as raças e culturas. E já passou da hora de seguirmos esse exemplo.
Star Wars: Os Últimos Jedi concorre ao Oscar 2018 nas categorias Melhor Trilha Sonora Original (John Williams), Melhor Edição de Som (Matthew Wood e Ren Klyce), Melhor Mixagem de Som (David Parker, Michael Semanick, Ren Klyce s Stuart Wilson) e Melhores Efeitos Especiais (Ben Morris, Mike Mulholland, Neal Scanlan e Chris Corbould)
Elenco
Mark Hamill
Carrie Fisher
Adam Driver
Daisy Ridley
John Boyega
Oscar Isaac
Andy Serkis
Lupita Nyong’o
Domhnall Gleeson
Anthony Daniels
Gwendoline Christie
Kelly Marie Tran
Laura Dern
Benicio del Toro
Direção
Rian Johnson (Looper: Assassinos do Futuro)
Roteiro
Rian Johnson
Fotografia
Steve Yedlin
Trilha Sonora
John Williams
Montagem
Bob Ducsay
País
Estados Unidos
Distribuição
Walt Disney Pictures
Duração
152 minutos
Enquanto a Resistência e a General Leia Organa lutam ao lado de Poe Dameron e Finn para sobreviver depois do fim da Nova República pelas mãos da Primeira Ordem e do Supremo Líder Snoke, a jovem Rey tenta resgatar da reclusão o Mestre Luke Skywalker de sua reclusão ao mesmo tempo em que ela é seduzida pelo Lado Sombrio da Força e por Kylo Ren.
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