Sexy Por Acidente | Crítica | I Feel Pretty, 2018
Sexy Por Acidente nos cativa pela personagem e pela leveza dos temas de empoderamento e aceitação são apresentados.
Empoderamento e aceitação são mais que palavras, são conceitos. E com isso em mãos, Kohn e Silverstein colocam o mundo da beleza entregue por revistas de moda de cabeça para baixo, reforçando em Sexy Por Acidente que o que importa é a beleza interior. Pode ser uma ideia batida, discutida inúmeras vezes e variadas produções que, com certeza, tiveram um resultado melhor. Mas nada disso impede dessa nova abordagem de uma ideia antiga ter um espírito próprio, mesmo referenciando outras obras. Dotado de uma leveza e espontaneidade vindos principalmente da protagonista, essa é uma produção que consegue tirar risos da plateia enquanto fala de como o mundo nos julga – e porque não merecemos isso.
Acredito que é bem seguro dizer que todos nós em algum momento nos vemos com Renee (Schumer) quando se olha no vidro da academia: desfocados, parecendo não pertencer àquela realidade de corpos esbeltos. Não precisa ser por uma questão de físico, mas esse é escopo que Kohn e Silverstein escolheram. Seja lá qual for a situação, somos bombardeados por revistas, programas de TV e perfis no instagram dizendo que não somos bons o suficiente. Assim com a protagonista perde lugar para pessoas mais magras que ela – como na primeira cena que ocorre num bar – quem está fora dos padrões perde o lugar numa corrida invisível.
Porém, a dupla criativa do filme não cai no cliché de fazer antagonistas fáceis. Poderíamos esperar que Avery (Williams) fosse a típica patricinha que só herdou o comando da marca LeClaire por ser neta de Lily (Hutton), a já experiente fundadora com visão mais ampla. Eles também poderiam deixar com Grant (Hopper) o papel de cretino. Mas não. Ao subverter esses personagens, eles se tornam mais atraentes, pois estamos acostumados com pessoas que vem fazer o mal de mundos que não são o da protagonista: Lily se mostra insegura, ainda que tenha um MBA em uma renomada universidade de economia e Grant sugere ter algum problema ou compulsão por talvez álcool ou comida. Ao usar de personagens que são classicamente os vilões das histórias, prestamos mais atenção neles.
O que nos leva ao questionamento de quem é o vilão ou antagonista da história. Por ter essa intenção de ser divertido e leve ao mesmo tempo que questiona padrões, Renee torna-se vilã de si mesma. Depois de se encher de autoconfiança por causa de uma batida na cabeça, ela passa de um estágio de ser uma pessoa legal, para a idiota e então a auto sabotagem. Apesar de ter conquistando tanto Ethan (Scovel) quanto a plateia por ser jeito de ser, ela acredita que não pode mais ser a pessoa que se via, apesar de todos à sua volta – amigas, chefes, namorado – dizerem que ela é incrível. Isso pode ser familiar para quem passou por quadros de depressão, e só quando Renee consegue se ver do lado de fora de seu antigo eu, ela encontra paz consigo mesma.
Sexy Por Acidente tem outros pequenos momentos para serem apreciados, desde elementos técnicos – a posição da câmera quando Renee acorda de seu primeiro acidente e o uso de planos com poucos cortes para reforçar a ligação dos personagens, o uso de slow-motions para reforça a confiança da protagonista – até quebra de paradigmas, como a personalidade que quebra padrões ditos masculinos de Ethan, menos seguro de si e mais sensível – o que lhe rende uma leve tirada de sarro da namorada – e que a perda da magia não é necessariamente algo ruim. Como o referenciado Quero Ser Grande (Big, 1988, Penny Marshall), cada fase da vida tem sua necessidade de existir e nos aceitar, ainda que busquemos mudar por qualquer motivo, faz parte do de amadurecer.
Elenco
Amy Schumer
Michelle Williams
Rory Scovel
Emily Ratajkowski
Busy Philipps
Aidy Bryant
Naomi Campbell
Lauren Hutton
Tom Hopper
Sasheer Zamata
Direção
Abby Kohn
Marc Silverstein
Roteiro
Abby Kohn
Marc Silverstein
Fotografia
Florian Ballhaus
Trilha Sonora
Michael Andrews
Montagem
Tia Nolan
País
Estados Unidos
Distribuição
STXfilms
Duração
110 minutos
Renee vive no nosso mundo, onde há pressão por todo lado para que sigamos padrões de beleza. As coisas mudam quando num acidente ela começa a se enxergar de maneira diferente e assim se sente mais confiante.
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