Florence: Quem é Essa Mulher? | Crítica | Florence Foster Jenkins, 2016, Reino Unido – França
Florence: Quem é Essa Mulher? fala sobre a realização de sonhos e é uma belo filme que eleva o espírito de quem assiste.
Com Meryl Streep, Hugh Grant, Simon Helberg, Nina Arianda e Rebecca Ferguson. Roteirizado por Nicholas Martin. Dirigido por Stephen Frears (Philomena).
Florence: Quem é Essa Mulher? fala sobre a realização de sonhos e é uma belo filme que eleva o espírito de quem assiste.
O showbiz sempre foi uma bajulação, e Florence: Quem é Essa Mulher? também mostra essa pintura. Mas essa é apenas um parte do retrato dessa socialite que não era só apaixonada pela música, mas vivia por ela. A nova produção de Stephen Frears é um retrato sensível e belo de uma pessoa que cantava com o coração, ainda que suas cordas vocais não refletissem tanto amor. O diretor consegue prever a reação da plateia nos momentos de comédia, ora rindo com ela e ora a criticando. Quase como um conto de fadas, a história da pior cantora lírica do mundo fala também sobre superação e como podemos encontrar belezas nos lugares mais improváveis.
É como retrato de época que Frears se sai melhor. O design de produção e a fotografia dão grande destaque às cores, num misto de dourado com uma saturação, quase como se uma névoa parasse em frente às lentes, num contraste entre a beleza das notas musicais e a ausência de jovens na plateia que estavam servindo na 2ª Guerra Mundial. O diretor também mostra como a imaginação fazia parte desses espetáculos, diferente do cinema mais informativo, onde vemos as senhorinhas amigas de Florence (Streep) se emocionando com a socialite vestida de Valquíria numa de suas apresentações.
Quando a história entra no segundo ato é que a comédia vem de verdade. É inegável que Florence assassinava as óperas que cantava. E quase todos à sua volta, incluindo seu marido, Bayfield (Grant), e seu professor de canto eram verdadeiros bajuladores da rica senhora na esperança de arrancar um pouco dessa fortuna, dizendo meias verdades – “Não há ninguém como você”, diz o professor que foge quando ela decide começar a se apresentar em público. Só mesmo o pianista Cosmé McMoon (Helberg) e a nova rica Agnes (Arianda) se atrevem a apontar que o rei está nu. Ou melhor, a rainha. E nisso eles nos representam, pois rimos junto deles.
É uma pena que Frears não invista mais em certos traços da personalidade da dupla. McMoon é claramente um homossexual, pelo menos no filme, e a história desenvolve esse traço apenas pelas mãos leves e o jeito mais contido do personagem. O roteiro esquece também de completar a fobia de Florence por facas, algo que é dada extrema importância na cena em que a cantora vai visitar a casa do pianista, mas é deixada de lado. Se existe um bom paralelo é entre na vida dupla de Bayfield com sua amante. Enquanto Florence é lírica e erudita, a vida com a amante é jazz.
É dolorido ouvir Florence cantando, mesmo que venha do coração. Mas o diretor censura a plateia da época e a nós não por aceitarmos isso, mas pelo jeito que tratamos alguém que só quer dar alegria aos outros, numa belíssima cena onde tanto audiência do Carnegie Hall e a do cinema riem e é Agnes que gritando os censura. E a nós, quase numa quebra da quarta parede. Encontrando um equilíbrio entre drama e comédia, Florence: Quem é Essa Mulher? questiona, nos intriga e mostra como é fácil destruir os sonhos de alguém e a coragem de quem fica ao lado dos sonhadores, por mais malucos que sejam. Talvez Florence soubesse de suas limitações e apenas sonhasse que cantava como um anjo. Ela, porém, fez o que mais gostava até o fim, e quantos podem realmente dizer que fizeram isso?
Trailer de Florence: Quem é Essa Mulher?
Galeria de Florence: Quem é Essa Mulher?
Sinopse
“Meryl Streep é Florence Foster na história real de uma rica herdeira novaiorquina que perseguiu seu sonho de se tornar uma grande cantora. Para ela sua voz era perfeita, mas para todos era hilariamente horrível. Seu companheiro, Bayfield (Hugh Grant), um aristocrata inglês, tenta proteger sua amada Florence longe da verdade, mas ele enfrentará o seu maior desafio quando Florence decide fazer uma apresentação no Carnegie Hall.”