Caça-Fantasmas | Crítica | Ghostbusters, 2016, EUA

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Sem medo de fantasmas e nem de comparações, Caça-Fantasmas é uma homenagem ao clássico dos anos 1980, mas também percorre um caminho independente e passa uma importante mensagem.

Caça-Fantasmas (2016) | Crítica

Com Melissa McCarthy, Kristen Wiig, Kate McKinnon, Leslie Jones, Charles Dance, Michael Kenneth Williams e Chris Hemsworth. Roteirizado por Katie Dippold e Paul Feig. Dirigido por Paul Feig (As Bem-Armadas).

7,5 - "tem um Tigre no cinema"Pode ser difícil, mas tente curtir Caça-Fantasmas dentro de sua proposta: divertir. E nisso o diretor Paul Feig se sai extremamente bem, e já a terceira vez seguida que ele o faz. O filme se aventura numa nova história, o que rotula a produção mais um reboot que um remake, com personagens interessantes – uns mais que os outros – que é não tem a intenção de ser inovadora. Mas quebra paradigmas e passa uma mensagem importante. Mais importante que a nostalgia, presente em pequenas doses, a nova aventura com protagonistas mulheres abre uma discussão enquanto faz piada de como elas foram tratadas na sociedade e no cinema durante vários anos.

Há uma dezena de momentos engraçados no filme, mas o que se destaca é a imbecilidade dos homens. Enquanto alguns egos mais frágeis poderiam ficar ofendidos, Feig e Dippold, sua companheira de roteiro, abraçam essa personalidade desde o começo para ser algo bem natural na estrutura. Seja nas suas decisões, gritando ou não confiando no quarteto, a história tem certa vingança conceitual, invertendo o papel que as mulheres tinham na produção original e em tantas outras histórias, em qualquer mídia que você quiser. E mesmo que Abby (McCarthy) e Erin (Wiig) também sejam engraçadas e alvo dos nossos risos, são por motivos bem diferentes.

As amigas funcionam na base do contraste, se completando de maneira excêntrica, ainda que persigam um caminho em comum. Erin é mais sensata, enquanto Abby é mais empolgada, mas tão contagiante que puxa a antiga parceira de pesquisas para um mundo que é bem bagunçado. Notem o contraste tanto do ambiente de trabalho quanto do figurino das duas no primeiro ato do filme. Erin é rodeada de livros, vivendo numa organização quase minimalista. Já o de Abby é quase um caos, mas ela faz as coisas acontecerem no seu laboratório e tendo a excêntrica, e também genial, Jillian Holtzmann (McKinnon) como braço direito.

O outro lado da equação, de novo buscando o equilíbrio entre três mulheres geniais no seu campo, é Kevin (Hemsworth). Mais uma vez sem se importar com meias palavras para passar seu recado, o secretário é, por falta de palavra melhor, uma porta que encarna tantas eye candies mulheres sujeitadas à esse estereótipo na indústria. Porém, o roteiro é tão inteligente nesse ponto que o personagem é exageradamente estúpido de propósito. E funciona muito, porque os três minutos que Abby, Erin e Jillian entrevistam o candidato é uma série de risadas garantidas, uma ligeira vingança de todas as vezes que secretárias foram marcadas como burras no cinema.

Por se tratar de um filme de origens o roteiro é um tanto lento quando as cientistas, junto da recém-contratada Patty (Jones), experimentam novas tecnologias e armas para caçar fantasmas. Apesar de que mesmo esses momentos têm algo da personalidade das amigas. Como muito da ciência vem de experimentação – com tentativa e erros e uma papo de Jillian que é tão técnico que nem dá para ter certeza se tem sentido no mundo real – é compreensível que o segundo ato seja menos dinâmico que o resto da projeção, o que faz que o terceiro pareça corrido demais, fechando nos moldes padrões de uma aventura de 90 minutos.

Isso à parte, a produção continua divertida e empolgante. Ao mesmo tempo em que procura seu próprio caminho, Feig e Dippold brincam homenageando a produção de 1984, mencionando cenários e a presença de atrizes e atores do original. Há piadas também com outros clássicos do terror como O Exorcista (The Exorcist, 1974), Jovem Frankenstein (Young Frankenstein, 1980) e O Iluminado (The Shining, 1980) para pagar tributo a quem merece. E todas as personagens são engraçadas. Ainda que Kristen Wiig consiga fazer rir com seu jeito mais centrado e sério, diferente dos exageros das outras, as outras estão em pé de igualdade, cada um com seu exagero particular, mas sem apelar ao lugar comum que seria, por exemplo, relegar esse papel exclusivamente à Patty.

E depois de tudo isso, com mais altos que baixos, e mesmo numa aventura cujo resultado não foge do esperado, temos que levar em conta a importância da mensagem: a representatividade, aquela que já deveria ser nossa amiga há muito tempo. Caça-Fantasmas foge dos padrões – se o quarteto fosse composto de atrizes conhecidas por sua beleza física, os comentários de ódio seriam os mesmos? – e do caminho mais fácil. O original de 1984 ainda é um dos filmes mais lembrados daquela geração e eu sei que é difícil mudar as coisas que gostamos. Mas se Dan Aykroyd, Bill Murray e Ivan Reitman, esse na cadeira de produtor, deram uma chance para essa nova encarnação, nada impede de todos fazerem o mesmo.

Caça-Fantasmas | Trailer

Caça-Fantasmas | Pôster

Caça-Fantasmas | Pôster brasileiro

Caça-Fantasmas | Galeria

Caça-Fantasmas (2016) | Galeria

Caça-Fantasmas (2016) | Chris Hemsworth

Caça-Fantasmas (2016) | Kate McKinnon

Caça-Fantasmas (2016) | Kristen Wiig

Caça-Fantasmas (2016) | Melissa McCarthy

Caça-Fantasmas (2016) | Leslie Jones

Caça-Fantasmas | Sinopse
Trinta anos depois do sucesso do clássico, “Caça-Fantasmas” está de volta e revitalizado para a nova geração. O diretor Paul Feig combina todos os elementos paranormais que tornaram a franquia tão amada, com um elenco de novos personagens, interpretados pelos atores mais divertidos dessa geração. Prepare-se para vê-los salvando o mundo!

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".