Extraordinário | Crítica | Wonder, 2017
Um filme como Extraordinário é importante para os dias de hoje, principalmente pela mensagem passada às crianças.
Extraordinário é um bom adjetivo para essa história, mas ele poderia vir acompanhado de outros, mesmo que eles não o contenham por completo: simples, forte e necessário são os que melhor se encaixam. Claramente direcionado para os mais jovens, a história dessa criança que é incomum apenas por causa do exterior tem a intenção de criar uma discussão, uma ponte até, entre pais e filhos e a importância de entender e aceitar as diferenças. E apesar de ser uma produção que tem como público-alvo crianças, a trama também abraça adolescentes e os mais velhos, principalmente pais e mães que sabem como é difícil colocar alguém nesse mundo.
O mais importante de dizer sobre Auggie (Trembley) é que ele é uma criança como outra qualquer, cheio de alegrias e sonhos. E como qualquer criança comum, seus devaneios o transportam dessa realidade que ele é alvo de olhares constantes por causa de sua deformidade para uma em que ele é o centro das atenções por outras razões. De novo, muitas crianças já tiveram o sonho de serem astronautas, mas para ele a fantasia ganha novos traços: ao colocar aquele capacete, ele não apenas viaja para dentro de si, mas também se esconde do mundo.
Por isso podemos tratar a ida de Auggie para a escola na primeira vez na sua vida como uma grande aventura. Ele mesmo diz estar aterrorizado – e, num retrospecto, é um sentimento que a maioria de nós teve na vida. E, como qualquer aventura, há um antagonista, companheiros que irão ajudar nosso herói na jornada, traições, e momentos divertidos, mas também os desafiadores, principalmente pela questão do nosso protagonista ser como é. Então temas como bullying, amizade e preconceito vão tomar a narrativa, mas quando aplicados com essa estrutura mais básica são mastigadas para que os mais jovens compreendam a mensagem com mais facilidade.
E para entendermos melhor a vida de Auggie, que aqui representa um universo dos temas relacionados no parágrafo anterior, o roteiro também toma tempo para conhecermos melhor esses outros astros que rodeiam o sol que é o protagonista – aliás, há uma piada sobre isso no roteiro, que só funciona em inglês. É um desafio e compreendemos como Auggie teve privilégios para poder fazer suas cirurgias plásticas, mas o principal ingrediente para que o jovem se sinta mais seguro é o amor dos pais e da irmã. Há uma subtrama envolvendo Via (Vidovic) que sente falta da atenção dos pais e cria uma outra revolta, mas ela é madura o suficiente para que isso não respingue em Auggie – ou tenta, pelo menos.
Os outros astros desse universo são Nate (Wilson) e Isabel (Roberts), pais de Auggie, Jack (Jupe), que se torna o melhor amigo do protagonista e Miranda (Russel), amiga de Via, que viu o jovem crescer. Cada um deles passa por uma série de desafios, quase como se a história deles fossem missões paralelas num jogo de videogame, cada um tendo que enfrentar algo dentro de si, sendo esse algo interno o próprio antagonista de si. Essas pequenas histórias poderiam inchar a narrativa, mas na verdade elas falam de percepções e de como podemos enfrentar algumas dificuldades e como podemos encontrar redenção ao examinarmos a nós mesmos, perguntando o que fizemos para machucar o próximo.
Isso não quer dizer que o diretor deixa Auggie em segundo plano. Assim como conhecemos melhor o nosso universo, astronomicamente falando, entendemos melhor o protagonista quando conhecemos o dele. Do começo ao fim do filme, Chbosky cria um personagem tão cativante e, vindo das páginas de Palacio, tão cheio de amor que qualquer problema que o personagem é compartilhado conosco – nos revoltamos com a injustiças feitas a ele. É verdade que um adulto compreenda isso de maneira mais fácil, mas o que o filme faz para nós já crescidos é dar uma missão para que possamos fazer a vida de todos agradável e, pelo menos uma vez na nossa existência, digna de aplausos.
Talvez seja preciso algum tempo para os mais novos absorverem as mensagens de amor e tolerância em Extraordinário – mas todo aprendizado profundo é assim. Podemos agradecer que essa não é uma daquelas produções que mira num alvo e acerta em outro; podemos até dizer que o carinho e o amor que saem das páginas do livro e do roteiro inundam a sala de cinema, preenchendo cada espaço dos corações de quem assiste. Isso, à princípio, pode parecer melodramático demais. O que não acontece aqui, pois o filme é cheio de significado, como um bom remédio que você pode compartilhar sem moderação.
Extraordinário concorre ao Oscar 2018 na categoria Melhor Maquiagem e Penteado (Arjen Tuiten).
Elenco
Julia Roberts
Owen Wilson
Jacob Tremblay
Mandy Patinkin
Daveed Diggs
Direção
Stephen Chbosky
Roteiro
Jack Thorne
Steve Conrad
Stephen Chbosky
Baseado em
Extraordinário (R.J. Palacio)
Fotografia
Don Burgess
Trilha Sonora
Marcelo Zarvos
Bea Miller
Montagem
Mark Livolsi
País
Estados Unidos
Distribuição
Lionsgate
Duração
113 minutos
A vida de Auggie não é fácil. Nascido com uma deformidade facial, o jovem teve que passar por várias cirurgias para parecer mais normal. Mas nada disso o preparou para enfrentar esse novo desafio: o de finalmente ir à escola. Nessa aventura, ele terá companheiros e desafios, como muitos dos heróis que conhecemos de outras histórias.
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