Nerve – Um Jogo Sem Regras | Crítica | Nerve, 2016, EUA

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Nerve – Um Jogo Sem Regras pode servir como porta de entrada para outros exemplos mais eficientes do gênero jovem adulto, porém falta imaginação e ousadia à narrativa.

Nerve – Um Jogo Sem Regras (2016)

Elenco: Emma Roberts, Dave Franco, Emily Meade, Juliette Lewis | Roteiro: Jessica Sharzer | Baseado em: Nerve, de Jeanne Ryan | Direção: Henry Joost, Ariel Schulman (Atividade Paranormal 4)

5/10 - "tem um Tigre no cinema"É de se espantar mais uma adaptação do gênero jovem adulto? É como os filmes de Super-Herois, sempre vai ter mais um. Em Nerve – Um Jogo Sem Regras (é de se estranhar o subtítulo nacional, já que o jogo tem regras e deixa isso bem explícito) há o triângulo amoroso, a protagonista saindo de sua zona de conforto e uma leve, mas muito leve mesmo, crítica social. A verdade é que os produtores pouco se importam com qualidade. Mesmo com alguns elementos interessantes durante a projeção, o gênero está tão saturado que a sensação dentro da sala escura do cinema é querer que tudo acabe logo.

Um elemento da história de Sharzer é a falta da distopia, comum no gênero. Passada em 2020, todos os elementos são comuns para nós. Nesse futuro que nem é tão futuro assim, o computador é a principal porta de entrada para os personagens. Também diferente de outros exemplos do gênero, esse é um mais direto, onde é necessário menos digestão e as nuances que criticam um cenário são deixados de lado, visando uma audiência bem mais jovem, numa narrativa praticamente mastigada. Então, o filme que adapta o livro de Jeanne Ryan pode servir como porta de entrada para obras mais interessantes.

A história tenta ser atual e representativa no núcleo de amigos de Vee (Roberts), mas soa forçado: temos a patricinha, o negro, a oriental e o geek. Mas todos estereotipados E não representatividade você colocar um negro jogado na narrativa, mesmo que esse personagem seja também homossexual. Ele não é desenvolvido, nem a amiga oriental, estando ali só para fazer cenário. A personagem principal continua sendo a moça magra, branca, de pele e olhos claros. Perdeu-se a oportunidade de fazer Vee negra, por exemplo. Imaginem o peso que teria a cena em que ela pede ajuda a um policial, considerando episódios como os de Fergusson e Black Lives Matter ainda frescos na nossa memória.

Mas não. Assim como a premissa direta, o filme prefere seguir pelo caminho mais fácil, inclusive na escolha do casal. Fora uma piada de um personagem aleatório sobre os depósitos monetários desconhecidos pela mãe de Vee – “Problemas de gente branca”, diz um homem negro no hospital – a história não engrena nessa crítica social que costuma ser a grande força de distopias. Pelo menos, diferente de todo e qualquer exemplo que você pode citar do gênero, a história se fecha e não pede continuações. Mas isso tudo depende, claro, do sucesso que o filme possa porventura trazer ao estúdio.

Enquanto há acertos de concepções, uma leitura correta da nossa sociedade, também há erros que vão, aos poucos, piorando a impressão geral. A princípio, faz sentido que as pessoas aceitem desafios idiotas como fazer uma rápida nudez ou provar um vestido caro por dinheiro. No entanto, e de novo essa questão da rapidez que deve chamar mais a atenção dos adolescentes, o crescimento da popularidade de Vee é muito rápido e muito fácil. Mesmo sendo pela presença de Ian (Franco) é tudo muito conveniente para que o casal chegue ao final da prova. Para exemplificar melhor isso, a punição da protagonista pode até ser pesada, mas a leva diretamente para o último desafio. E podem se decidir se no futuro os computadores vão ter tecnologia touch ou não? Faltou mais imaginação para a história.

Por outro lado, o filme é dinâmico e existem interessantes viradas no roteiro. A dupla recém-formada se mostra inteligente e consegue se adaptar aos desafios propostos. Há signos nesse techno-thriller que passam pela escolha das cores – o primeiro ato há predominantemente o azul para indicar conforto, depois o verde para o estranhamento, terminando no vermelho para a urgência do assunto – as posições de câmera, com Joost e Schulman usando plongés e contra-plongés nessa fixação que é necessária com o celular e outros mais simples, mas ainda assim marcantes, como os cabelos soltos de Vee no segundo ato ou o anel em formato de olho que Sydney (Meade) ostenta.

Se fosse mais ousado e um tanto menos mastigado Nerve – Um Jogo Sem Regras se sairia melhor na execução. É um filme bem dirigido, ainda que a dupla de diretores abuse demais no uso de músicas que hoje são sucessos entre os adolescentes, dá uma virada interessante na conclusão e serve para mostrar a uma geração que se sente protegida por anonimato que ela também é responsável por seus atos cibernéticos. Nesse quesito, pode causar discussão, talvez apresentada para uma classe e então abrir uma mesa redonda, apontando esses pontos de como hoje alguém pode se sentir livre de culpa por comentários de ódio. No fim, pode ser um começo para um pensamento mais crítico, ainda que superficial.

Nerve – Um Jogo Sem Regras | Trailer

Nerve – Um Jogo Sem Regras | Galeria

Nerve – Um Jogo Sem Regras | Pôster cartaz

Nerve – Um Jogo Sem Regras | Imagens

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Nerve – Um Jogo Sem Regras | Imagens

Nerve – Um Jogo Sem Regras | Imagens

Nerve – Um Jogo Sem Regras | Sinopse

Emma Roberts faz o papel de Vee, uma jovem sem muita vida social que resolve entrar no Nerve, um jogo virtual de “Verdade ou Desafio” que é acompanhado por vários usuários online. No começo, tudo é diversão e pequenos desafios – e a jovem até se torna famosa pelos feitos – mas logo ela se torna vítima de um roubo de identidade pelos organizadores dos jogos. Ao lado de Dave Franco como Ian, ela deverá fazer de tudo para conseguir ter sua vida de volta.

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".