Homem-Formiga e a Vespa | Crítica | Ant-Man and the Wasp, 2018
Homem-Formiga e a Vespa sai da zona de conforto da aventura anterior, usando da diversão para, talvez involuntariamente, falar de um assunto bem atual.
Provavelmente, a intenção de Reed de relacionar seu filme com um cenário triste do seu país não estava em sua mente. Mesmo assim, Homem-Formiga e a Vespa ganha relevância na época em que é lançado. Entre super-seres, semideuses e gênios da tecnologia, os personagens dessa produção se encontram numa situação mais básica, mas também trágica. É uma trama familiar, mais humano e, por consequência, mais pé no chão, mesmo falando de personagens que podem se encolher ao nível subatômico ou crescer até 20 metros de altura. Diferente da primeira vez que vimos os personagens em 2015, agora a aventura é mais empolgante e bem mais divertida – mas não é apenas isso que a história se propõe.
Limitado à sua casa depois dos eventos vistos em Capitão América: Guerra Civil (Captain America: Civil War, 2016, Anthony e Joe Russo), Scott Lang/Homem-Formiga (Rudd) se transforma no herói que pode ser: um superpai para sua filha. Ao invés de viver como fugitivo como os personagens que vimos em Vingadores: Guerra Infinita (Avengers: Infinity War, 2018 Anthony e Joe Russo), o personagem prefere voltar a sua vida antiga, ou a parte dela, ainda que em prisão domiciliar, para ser uma pessoa responsável e não perder a infância de Cassie (Forston). Em paralelo, a possibilidade de Hank (Douglas) encontrar a esposa no mundo subatômico faz com que Hope (Lily) também faça de tudo pela sua família. Inclusive tirar Scott de sua imposta pena alternativa. E é divertido ver como uma pessoa que viu tanto faz para ocupar seu tempo.
Por isso tudo que quando Hope o sequestra depois de saber que Janet (Pfeiffer), a mãe de Hope e a Vespa original, pode estar viva e teria uma conexão com Scott, o atual Homem-Formiga parece estar fora do lugar. Enquanto ela está usando um sobretudo preto, como preparada para uma missão, ele se veste com um roupão, um visual não-herói e com uma anti-capa nada esvoaçante, puxado para um cenário que não queria estar por causa de todos os motivos já citados. Assim como ele está perdido entre as conversas quânticas entre Hope e o pai, da mesma maneira que nós na plateia, depois de dois anos, Scott ainda está deslocado.
De novo fugindo do lugar-comum, Reed adiciona outro toque de tragédia com Ava/Fantasma (John-Kamen): ao não esconder a identidade da personagem, o diretor nos coloca na trajetória de entender sua motivação. Aos poucos, percebemos que ela pode ser categorizada como antagonista – por ficar no caminho de Hope, Scott e Hank na missão de salvar Janet – mas não como vilã, e seus poderes da personagem refletem o que ela está passando. Por causa de pecados do passado, a intangibilidade da personagem começa a retirar da nossa esfera, a levando para o lado etéreo, mostrando como a dor de uma perda, consequente dessa situação, pode nublar a visão de alguém.
É verdade, porém, que as interações divertidas entre os personagens são o trem que conduz a história. Seja como o uso inteligente dos poderes de aumentar e reduzir a si mesmos ou objetos do cotidiano, o modo que Scott e Hope ludibriam o agente do FBI que fica na cola do personagem-título, quando Janett incorpora Scott, ou detalhes técnicos, como quando a música de Christophe Beck parece se transformar em 8-bits para dar a sensação que encolheu junto dos personagens. Mas o destaque fica com Luis (Peña). Assim como o garoto-prodígio em Homem de Ferro 3 (Iron Man 3, 2013, Shane Black) ou Everett Ross (Freeman) em Pantera Negra (Black Panther, 2018, Ryan Coogler), sempre houve personagens mais reais, que de alguma maneira se relacionam conosco. Mas Luis vai um pouco além.
O amigo de Scott, e seus outros companheiros de trabalho, se empolga com o ex-companheiro de cela vestindo o uniforme, como se ele próprio o fizesse. Diferente de outros transeuntes – e até personagens terciários do Universo Cinemático Marvel – Luis vibra com as aventuras de seu amigo, quase como um fã de quadrinhos (ou de filmes) faria se tivesse a oportunidade de realmente caminhar com gigantes. E como Scott é um cara legal, ele chama os parceiros nessa viagem. Isso vem para reforçar a ideia do começo do filme: essa é uma produção mais acessível, de certa maneira, pois Reed nos coloca dentro da pele de personagens humanos de vez em quando para compreendermos melhor a grandiosidade que é viver num mundo onde alguém pode transformar um pacote de doces numa arma.
Como dito no começo, pode ter sido involuntário por causa da proximidade de lançamento e dos fatos, mas Homem-Formiga e a Vespa vai além da aventura e se torna importante num cenário real onde pais e mães tem sido separados de seus filhos à força. Entre filmes que abordam temas mais sérios como política, drones e terrorismo, as aventuras da dupla de heróis diminutos faz, de maneira parecida com os mercenários desse universo, algo mais simples, mas não simplório. É uma produção que pode ser absorvida pelos mais novos enquanto se acalentam com a família, trazendo lampejos de uma fábula divertida, sem deixar de lado as qualidades que tem sido marca dos filmes da Marvel Studios.
Há duas cenas-extras: a primeira é importante e responde uma pergunta que todos estavam se fazendo, enquanto a segunda é tola, estando lá para fechar com um astral melhor a aventura.
Elenco
Paul Rudd
Evangeline Lilly
Michael Peña
Walton Goggins
Bobby Cannavale
Judy Greer
Tip “T.I.” Harris
David Dastmalchian
Hannah John-Kamen
Abby Ryder Fortson
Randall Park
Michelle Pfeiffer
Laurence Fishburne
Michael Douglas
Direção
Peyton Reed (Homem-Formiga)
Roteiro
Chris McKenna
Erik Sommers
Paul Rudd
Andrew Barrer
Gabriel Ferrari
Baseado em
Homem-Formiga (Stan Lee, Larry Lieber, Jack Kirby) e Vespa (Stan Lee, Ernie Hart, Jack Kirby)
Fotografia
Dante Spinotti
Trilha Sonora
Christophe Beck
Montagem
Dan Lebental
Craig Wood
País
Estados Unidos
Distribuição
Walt Disney Pictures
Duração
118 minutos
Cena Extra
Depois dos eventos da Guerra Civil, Scott Lang está confinado em prisão domiciliar, contato que não entre em contato com a tecnologia do Homem-Formiga e com Hope e Hank. Mas é exatamente isso que acontece quando Scott tem uma visão de Janet, a Vespa original, que desapareceu no mundo sub-atômico.
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