Doutor Estranho | Crítica | Doctor Strange, 2016, EUA

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Doutor Estranho abre a fase mística do Universo Cinemático Marvel apostando em efeitos especiais e no peso do elenco.

Doutor Estranho (2016)

Elenco: Benedict Cumberbatch, Chiwetel Ejiofor, Rachel McAdams, Benedict Wong, Michael Stuhlbarg, Benjamin Bratt, Scott Adkins, Mads Mikkelsen, Tilda Swinton | Roteiro: Scott Derrickson, C. Robert Cargill | Argumento: Jon Spaihts, Scott Derrickson, C. Robert Cargill | Baseado em: Doutor Estranho (Steve Ditko) | Direção: Scott Derrickson (A Entidade 2)

8/10 - "tem um Tigre no cinema"Mesmo que a Marvel Studios tenha investido em fórmulas que vão sendo repetidas a cada introdução de um personagem novo nos cinemas é preciso admitir que, de maneira geral, o estúdio tem entregado produções divertidas. Começando com uma fase científica, passando pela cósmica, Doutor Estranho entra de vez no mundo místico desse universo de super-seres. Visualmente impressionante, ainda que certos elementos já tenham sido usados em outras produções, o filme trabalha com pequenos paralelos do universo que participa e, apesar de ser um conto de origens, é dinâmico o suficiente para não cansar a audiência nas quase duas horas de projeção.

A Disney/Marvel tem investido muito em trazer peso para o elenco de seus filmes, o que deixa o trabalho dos diretores bem mais fácil. Derrickson e Cargill saíram de um filme terrível como A Entidade 2 (Sinister 2, 2015) para um trabalho dos sonhos – e podemos dizer o mesmo do argumentista Spaihts, um dos roteiristas do atacado Prometheus (Prometheus, Ridley Scott, 2012). É até difícil entender o que Kevin Feige viu neles, mas eles não decepcionaram.  Em primeiro lugar pela riqueza do material original, e em segundo pela mão de ferro que o chefe-mor do estúdio impôs para deixar o Universo Cinemático Marvel coeso, o que reforça a impressão que os futuros diretores serão meramente contratados para entregar a visão de Feige.

Porém, é na construção de personagens que reside a verdadeira força do filme. O Dr Stephen Strange (Cumberbatch) é um narcisista sutilmente comparado com outro playboy desse universo num plano aberto que posiciona o prédio onde mora com a Torre dos Vingadores. Assim como Tony Stark, ele se acha invencível, intocável e quem tem a personalidade destruída por sua própria soberba ainda no primeiro ato. Já a Anciã (Swinton) é apresentada à plateia num misto de brincadeira – que funciona mais para quem leu os quadrinhos ou não viu trailers – com a expressão de sua personalidade. Estando ela de capuz, diferente de Kaecilius (Mikkelsen) que mostra seu rosto, dá a entender que a Maga Suprema tem algo a esconder, conflitando com seu figurino amarelo, passando maior confiança.

Mas se há um bom desenvolvimento dos personagens de Strange e da Anciã, não podemos dizer o mesmo de Kaecilius. Ele é motivado por uma perda pessoal, assim como todos os outros que procuram Kamar-Taj, mas é difícil de acreditar que alguém tão poderoso a ponto de enfrentar a milenar Maga Suprema não se tenha dado ao trabalho de pesquisar a dimensão da qual quer fazer parte. Não é como se ele tivesse feito isso no desespero para ressuscitar sua família e ele não tem nenhum tipo de promessa por parte de Dormammu para perpetuar seus atos. Karl Mordo (Ejiofor) também é subaproveitado na trama, mas fica a promessa de que isso seja reparado em outros filmes.

O orçamento mais enxuto, mas ainda multimilionário, foi bem aproveitado. Isso se nota tanto no elenco quanto nos efeitos especiais – esse último que chamará mais a atenção da uma audiência ávida por isso. No nosso mundo a realidade é dobrada pela vontade dos magos, um efeito baseado tanto nas obras do holandês de M. C. Escher quanto em A Origem (Inception, Cristopher Nolan, 2010). Nessa parte é interessante notar os detalhes que acontecem ao fundo. Podemos notar que essa transformação de cenário não afeta as pessoas comuns, continuando suas vidas. Essa batalha em vários níveis é um efeito que não acontecia na produção de 2010.

Ainda no campo dos efeitos, não é difícil fazer relações com outras obras de ficção científica – a viagem de Strange, apesar de ser astral, lembra muito outros filmes da própria Marvel – mas é muito interessante a visão que os diretores de arte deram à Dimensão Negra de Dormammu (aliás, com captura de movimentos de Cumberbatch). Fazendo uma comparação com a profissão de Strange, aquele lugar sombrio se comporta como um câncer. Parece uma daquelas reproduções gráficas que vemos tentáculos se aproximando de células sadias, englobando-as e consumindo a vida delas.  É uma rima visual com a vida pregressa de Strange fácil de ser identificada, mas não menos interessante.

E, muito provavelmente, esse foi o primeiro filme em que o uso do IMAX passou do estético para o narrativo. Explico. A razão de aspecto do filme, chamada também de aspect ratio, muda das cenas comuns para IMAX que, em cinemas da marca, ocupa a tela de cima a baixo. Muitos diretores usam cenas IMAX apenas para mostrar grandes planos (a escalada de Ethun Hunt em Missão: Impossível – Protocolo Fantasma [Mission: Impossible – Ghost Protocol, Brad Bird, 2011], por exemplo). Nesta produção, no entanto, o IMAX também é usado nas cenas em que a percepção de mundo de Strange expande. O problema é o formato ir e voltar, mas ao menos o efeito foi pensado para tal sentimento.

Há alguns percalços no caminho como o pouco espaço dado à Christine Palmer (McAdams). Ainda que ela seja o elo de conexão de Strange com a humanidade, falta a personagem uma personalidade própria, uma tridimensionalidade por assim dizer. Ela é menos importante na vida do Doutor do que Pepper Potts na do Homem de Ferro, apesar da tentativa de fazer o mesmo papel. Mas isso não é culpa da atriz. Já o trabalho de Michael Giacchino é bem executado, mas menos criativo. Ouvindo a trilha isoladamente você identifica acordes de trabalhos anteriores – como Star Trek – e pouco uso das escalas tonais orientais, o que faria muito sentido considerando o berço das artes da Anciã.

Com excelentes cenas de luta, mostrando a inteligência do personagem, falando de heroísmo e sacrifício, Doutor Estranho diverte a audiência como tem sido praxe na maioria das aventuras da Marvel Studios. As piadas são bem colocadas, as cenas de combate empolgantes e a solução do dilema final é perspicaz. Seria ingênuo dizer que a produção inova a fórmula Marvel – ou de qualquer blockbuster. A produção segue passos largos e constantes em agradar seus fãs e angariar novos e mais uma vez se mantém numa zona de conforto que foi quebrada ligeiramente nas continuações do Capitão América. O filme tem seus méritos sim, mesmo com aquela sensação de tão familiar quanto esperar pelas cenas extras – que sim, existem, e são duas.

Doutor Estranho | Trailer

Doutor Estranho | Pôster

Doutor Estranho | Pôster (Brasil)

Doutor Estranho | Imagens

Doutor Estranho | Imagens

Doutor Estranho | Imagens

Doutor Estranho | Imagens

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Doutor Estranho | Imagens

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Doutor Estranho | Sinopse

“’Doutor Estranho’”, da Marvel, é a história do mundialmente famoso neurocirurgião Dr. Stephen Strange cuja vida muda pra sempre após um terrível acidente de carro impedir que ele possa continuar utilizando as mãos. Quando a medicina tradicional fracassa, ele é foçado a procurar cura, e esperança, em um lugar improvável – um enclave misterioso conhecido como Kamar-Taj. Ele rapidamente descobre que esse não é apenas um centro de cura, mas também a linha de frente de uma batalha contra forças ocultas do mal determinadas a destruir nossa realidade. Em pouco tempo Strange – armado com recém-adquiridos poderes mágicos – é forçado a escolher entre retornar à sua vida de riqueza e status ou deixar tudo para trás para defender o mundo como o feiticeiro mais poderoso que existe”.

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".