Uma Razão Para Viver | Crítica | Breathe, 2017
Uma Razão Para Viver é um daqueles filmes inspiradores que te deixam mais leve depois da sessão.
Nem todos os filmes precisam ser profundos em sentido; alguns bastam ser inspiradores e nos fazer sentir bem depois da sessão. Uma Razão Para Viver pode se tornar uma lição para alguns ou uma reafirmação da beleza da vida para outros. É possível fazer um paralelo com a doença que acomete o protagonista com um dos grandes males modernos: assim como a depressão, a pólio não pode ser simplesmente curada por força de vontade e apesar do roteiro ter o seu protagonista, é no desenvolvimento dele com as pessoas que ele ama que o fazem se sustentar e continuar na jornada da vida apesar dos pesares. Basicamente, esse é um filme do triunfo do amor e como ele é necessário para quem aqueles que não conseguem ir para frente sozinhos precisam de alguém que esteja do lado deles.
Nessa primeira investida na cadeira de diretor, Serkis nos trouxe um filme redondo, com atos definidos, signos clássicos – sorrisos, momentos de amor em câmera lenta, a candura da personagem enquanto brinca num balanço – e momentos-chave da trama marcados pela música ou por momentos do dia. Por exemplo, a felicidade de Robin (Garfield) e Diana (Foy) são sempre marcadas por cenas diurnas, os primeiros sintomas da doença aparecem num fim da tarde e a manifestação total ocorre na madrugada. Apesar de realmente ter muita trilha sonora, mesmo que seja um jazz que marca a época que a história se passa, é um alívio quando finalmente temos um silêncio quando a história chega na África.
Isso está longe de ser um defeito, pois a história de Cavendish não pede necessariamente algo ousado. Bem da verdade, essa é uma produção feita para ser inspiradora, com um antagonista que pode ser definido apesar de não ser possível pará-lo – apenas retardá-lo – e com personagens carismáticos que irão ajudar o protagonista na sua missão. Claro que, estruturalmente falando, sentimos as mudanças claramente com Serkis e Nicholson apresentando os personagens, criando relações conosco (o que serve mais como um prólogo), jogando-os num cenário depressivo e sombrio para depois mostrar como a amizade e o amor fazem a diferença na vida de alguém confinado à uma cama.
E a história inspirada em eventos reais é realmente um alento por boa parte do filme. Quem não conhece a história de Robin e Diana é pego pelo roteiro, cores e música numa toada que parece, em determinados momentos, um filme de aventura. É impossível não se animar na cena em que Diana trama com o médico e algumas enfermeiras a fuga do marido paralisado do pescoço para baixo do hospital onde está sendo tratado. A cena tem até um tipo de vilão no diretor do hospital, com seus olhos fundos, baixa apreço por seu paciente – dizendo que ele não viverá fora de seus cuidados – e vestes sombrias.
Apesar da vida de Robin ser encurtada pela doença, tudo que ele passa é um resumo da Vida em si: bons e maus momentos, alegrias e tristezas. Sonhos, vontades, dificuldades, brigas. Mas, no fim, tudo se resume ao que nos faz suportar as dificuldades. O roteiro é cuidadosamente construído para que esse sentimento todo não caia para o piegas – em alguns momentos não consegue – mas por Robin ser alguém tão magnético, algo possível pela sensibilidade que Andrew Garfield trouxe, nos afeiçoamos nos seus risos, choros, quedas, superações e na decisão final do personagem, que apesar de poder ser visto como moralmente errada para alguns, condiz com a vontade do personagem em domar o próprio destino.
O que fez John viver tanto (64 anos, um recorde para paralisados pela poliomielite) é um elemento que parece estar em falta em boa parte do mundo e por isso assistir Uma Razão Para Viver é alento. De vez em quando, assim como o título original, precisamos parar e respirar, compreender o que está ao nosso redor e estarmos dispostos a ajudar ou a pedir ajuda para seguir em frente. Além de tudo, para não romantizar a escolha do tipo de partida Robin, o filme não entra em detalhes da sua morte, preferindo celebrar os motivos pelo que viveu. No fim, com certeza algumas lágrimas chegarão aos olhos de algumas pessoas da plateia – seja por lembranças, saudade ou simplesmente por termos gostado da história de um homem que, mesmo preso, alçou grandes voos.
Elenco
Andrew Garfield
Claire Foy
Tom Hollander
Hugh Bonneville
Dean-Charles Chapman
Ed Speleers
Direção
Andy Serkis
Roteiro
William Nicholson
Fotografia
Robert Richardson
Trilha Sonora
Nitin Sawhney
Montagem
Masahiro Hirakubo
País
Reino Unido
Estados Unidos
Distribuição
Universal Pictures
Duração
117 minutos
Essa é a inspiradora história de Robin Cavendish, um jovem inglês que foi diagnósticado com poliomielite ainda jovem, e recém-casado com Diana. Paralisado do pescoço para baixo e sem a capacidade de respirar sozinho, ele contou com a ajuda da esposa e dos amigos para encontrar motivos para continuar vivendo.
[críticas, comentários e voadoras no baço]
• email: [email protected]
• twitter: @tigrenocinema
• fan page facebook: http://www.facebook.com/umtigrenocinema
• grupo no facebook: https://www.facebook.com/groups/umtigrenocinema/
• Google Plus: https://www.google.com/+Umtigrenocinemacom
• Instagram: http://instagram/umtigrenocinema
• Assine a nossa newsletter!
Apoie o nosso trabalho!
Compartilhe!
- Clique para compartilhar no Facebook(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no Twitter(abre em nova janela)
- Clique para imprimir(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no WhatsApp(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no Telegram(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no Tumblr(abre em nova janela)
- Mais