Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar | Crítica | Pirates of the Caribbean: Dead Men Tell No Tales, 2017, EUA
Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar resgata o clima da primeira aventura de Jack Sparrow. Digo, Capitão Jack Sparrow.
Elenco: Johnny Depp, Javier Bardem, Brenton Thwaites, Kaya Scodelario, Kevin McNally, Geoffrey Rush, Orlando Bloom | Roteiro: Jeff Nathanson | Direção: Joachim Rønning, Espen Sandberg (A Aventura Kon-Tiki) | Duração: 129 minutos | 3D: Relevante | Cena Extra
Depois de catorze anos desde a aventura original quando conhecemos o Pérola Negra, Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar trouxe de novo aquilo que fez sucesso em 2003. É um filme com elementos de terror, doses de comédia, um leve toque de romance embalados por uma aventura espirituosa e divertida. Depois de pouco mais de duas horas, podemos perceber as semelhanças das estruturas da história de Gore Verbinski e agora com Rønning e Sandberg. Apesar de ser um filme visualmente bem mais deslumbrante que os outros, a aventura peca por alguns personagens esquecíveis e essa previsibilidade dada ao percorrer um caminho parecido com a aventura original, salvo por alguns detalhes.
Há um misto de sensações no filme. Primeiro, parece é uma passagem de tocha quando Henry Turner (Thwaites) – filho de Will (Bloom) – ingressa numa jornada para libertar pai da maldição do Holandês Voador, missão tomada por ele no filme de 2006. E junto com a interessante e inteligente Carina Smyth (Scodelario) eles formam um casal que lembra aquele de 2003, e precisam de Jack Sparrow (Depp) e sua bússola para resolver problemas paternos. Mas com a maldição imposta ao Capitão Salazar (Bardem) e seus comandados mortos-vivos, assim como os piratas do Capitão Barbosa (Rush) no primeiro filme, temos uma tentativa de voltar ao espírito da primeira aventura.
E há Jack. Uma coisa que não pode ser negada é que mantiveram o espírito do personagem. Exagerado como sempre, aqui no seu ápice quando ele e seus piratas roubam um banco no mais literal dos sentidos, mais bêbado e perdido que o normal. Ainda sem poder tirar o Pérola Negra da garrafa, ele encontra em Henry (assim sendo ele conhece três gerações de Turners) e Carina uma chance de reviver seus bons tempos de aventura. E diferente do quarto filme há um equilíbrio na construção e desenvolvimento dos novos personagens – com exceção da esquecível fragata inglesa que desapareceu do caminho dos personagens quase num ex-machina. Mas são tão fracos que esquecemos rapidamente que um dia eles estiveram lá, o que reforça o sentimento de que sem eles a história seria mais dinâmica.
Nathanson, na tarefa de roteirista, não faz muita questão de separar a produção original dessa com um Henry inclinado à vida de corsário, ainda que seu pai não queira, ou com Carina cética à histórias de fantasmas do mesmo jeito que Elizabeth (Knightley) na primeira vez que embarcou no Pérola. O que os diretores fazem para diferenciar em história é apostar no design diferenciado dos seus mortos-vivos e no espetáculo visual que é esse filme. Podemos ver isso no jeito de andar de Salazar e como seus cabelos flutuam como se estivesse embaixo d’água – num efeito muito similar ao de Mama (Mama, 2013, Andrés Muschietti) -, nos seus soldados que andam sobre em água ao invés debaixo dela e na vida que o navio espanhol ganha, sendo ele próprio um monstro, algo como um tubarão feito de madeira.
Aliás, apostar no vislumbre visual serve também para segurar a narrativa um tanto familiar. É muito interessante o navio de Barbosa que navega com bandeiras vermelhas e é forrado por caveiras, provavelmente de vinda de seus desafetos, mas que por dentro existe um certo refinamento quando vemos que o capitão gosta de comidas finas e música clássica tocada ao vivo. Mas, assim como Jack, ele ainda é aquele pirata que não gosta de levar desaforo para casa e que prima por seus próprios interesses, o que serve para mostrar que ele é aquele ser feio e manchado pelo sol, mas que não é tão mau assim. Até o 3D é bem usado, apesar de ser dispensável – nas cenas noturnas, por exemplo, quase não vemos nada.
Há alguns elementos na trama dispensáveis – a já citada perseguição dos ingleses junto com uma feiticeira, tornando praticamente uma sub-trama – e outros engraçados, como a aparição de um parente de Jack e as piadas que não são de gargalhar, mas que trazem algum sorriso aos lábios. Uma pena que o roteiro comece em jogar alguns elementos para alongar a narrativa, como um casamento forçado que vem de uma enorme consequência e que nada serve para o andamento da história. Porém, Nathanson consegue evitar pelo menos o clichê da donzela em perigo fazendo de Carina uma personagem não apenas inteligente (mais que todos os piratas juntos) mas também não ser em cativa final, como costuma ser em tantos filmes de aventura.
Para quem é fã de fantasia, não apenas da franquia, vai encontrar alguns elementos claramente inspirados pelos clássicos – poderia apontar que duas soluções de mistérios são tolkianas – além claro de se encontrar numa déjà-vu. Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar é um resumo de tudo que em série de cinema tentou ser desde o começo. Entregando momentos divertidos e para toda a família, agora é hora de descobrir se depois de seis anos depois de Navegando em Águas Misteriosas, além do problema pessoal de Depp, a franquia encontra algum lugar de relevância.
Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar | Trailer
Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar | Pôster
Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar | Imagens
Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar | Sinopse
Henry Turner (Thwaites) descobre que existe um objeto lendário que poderá quebrar a maldição imposta ao seu pai. Mas para conseguir chegar até lá, ele precisa da ajuda de uma astróloga, Carina Smyth (Scodelario), em única que consegue ler um mapa que nenhum homem consegue ler e de um certo Capitão Jack Sparrow (Depp), que é perseguido por um novo exército de mortos-vivos liderados pelo Capitão Salazar (Bardem).
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