Ouija: Origem do Mal | Crítica | Ouija: Origin of Evil, 2016, EUA
Ouija: Origem do Mal homenageia grandes clássicos do terror e é o mais comum da carreira de Mike Flanangan
Elenco: Henry Thomas, Annalise Basso, Elizabeth Reaser, Lulu Wilson, Parker Mack, Kate Siegel, Alexis G. Zall | Roteiro: Mike Flanagan, Jeff Howard | Direção: Mike Flanagan (O Sono da Morte)
Para alguém tão prolífico como Mike Flanangan, não é de se espantar que trabalhos menores aparecessem mais cedo do que tarde. Na sua terceira produção em 2016 – anteriormente Hush: A Morte Ouve e Sono da Morte – Ouija: Origem do Mal é o filme mais comum do diretor. Com o peso de Michael Bay como produtor, Flanagan é contratado para dirigir e escrever apenas para estimular a venda de um jogo de tabuleiro. Essa abordagem mais comercial diminui o filme com seus sustos telegrafados e pouca sutileza. O que ajuda a produção é a atuação da mais jovem das atrizes, primazia pela estética, fotografia e figurinos. Porém, fica a sensação desta ser a mistura de outros melhores exemplos do gênero numa produção parcialmente eficiente.
O primeiro ato da história é funcional para a narrativa e com alguns elementos que prendem a atenção. Qualquer amante do cinema vai notar que a imersão sessentista começa desde a abertura do filme – com a marca da Universal Pictures daquela década – passando pela fotografia com tons pasteis e halos dourados, os figurinos e um detalhe muito interessante, mas que pode passar despercebido, que são as marcas de cigarro nos cantos da tela – algo pré-cinema digital, um efeito acidental explicado em filmes como Clube da Luta (Fight Club, Dir David Lyncher, 1999) e Pesadelo Mortal (John Carpenter’s Cigarette Burns, 1999, direto para a TV). Esses elementos evocam não só uma década, mas um tempo melhor, uma vida mais simples e mais acolhedora.
Aqui o filme funciona, pois essa impressão de beleza, ou simplicidade, é a representação do que é a casa dos Zander. Do lado de dentro, Alice (Reaser) e as filhas Lina (Basso) e Doris (Wilson) sofrem de insegurança, e é Flanagan lidando mais uma vez com o luto, um tema que ele visitou também em O Espelho (Oculus, 2013) e no já citado Sono da Morte (Before I Wake, 2016). E conforme a influência da presença – ou do que melhor quiser chamar – cresce em Doris, ela também cresce em tela e o posicionamento da câmera é eficaz nisso. Por exemplo, quando Lina questiona se Doris havia costurada a boca de uma boneca, a irmã mais nova peita a mais velha e a câmera aponta de baixo para cima e faz parecer que a menor tem o mesmo tamanho que sua irmã.
O grande problema é como o filme é estruturado em si. Deixando de lado a sutileza e o saber esperar dos filmes anteriores, Flanagan entrega antes de chegarmos à metade do filme que existe uma presença maligna atormentando a família Zander. E se sentimos influências de filmes como O Exorcista (The Exorcist, William Friedkin, 1973), O Iluminado (The Shining, Stanley Kubrick, 1980), A Profecia (The Omen, Richard Donner, 1976) e Poltergeist: O Fenômeno (Poltergeist, Tobe Hooper, 1982) – o que já é influência demais – não sobra espaço para originalidade. É exigente demais pedir algo cem por cento original, mas essa espiral de repetição também não é boa.
Para salvar o filme, é preciso dar crédito à atuação de Lulu Wilson. A garotinha consegue ser assustadora nos momentos mais sutis, em especial como ela conta com olhos arregalados e um sorriso cínico como é ser morto por estrangulamento com detalhes. A comparação com o restante do elenco chega a ser injusta tendo em vista o que a jovem parece ter passado entre a transformação de uma personalidade para a outra – da jovem retraída para a mistura de inocência e terror que a então possuída Doris torna-se durante a história.
Com sustos fracos e telegrafados – você pode achar exceção uma ou duas vezes –, flashbacks desnecessários, assim como o epilogo, Ouija: Origem do Mal acerta algumas vezes o alvo: principalmente na escolha da trilha sonora – ou melhor, na ausência dela, usando apenas sons diegéticos para criar aumentar a tensão. É uma pena que os sustos só conseguem aterrorizar os mais sensíveis. Nessa coleção de clichês que quer homenagear os clássicos – e isso é bem claro quando vemos um padre em frente a uma casa carregando uma valise – encontramos tantas influências que aqui se perde um tanto da identidade própria. Não é o melhor trabalho do diretor, mas está bem longe de ser uma experiência descartável.
Ouija: Origem do Mal | Trailer
Ouija: Origem do Mal | Pôster
Ouija: Origem do Mal | Imagens
Ouija: Origem do Mal | Sinopse
Com direção de Mike Flanagan, de “O Sono da Morte”, e produção de Michael Bay, o filme é novamente inspirado no antigo tabuleiro Ouija – superfície plana feita em madeira que possibilita a comunicação com espíritos. De volta aos anos 1960, uma jovem menina se encontra com forças sobrenaturais que se apossam do tabuleiro Ouija usado pela família.
[críticas, comentários e voadoras no baço]
• email: [email protected]
• twitter: @tigrenocinema
• fan page facebook: http://www.facebook.com/umtigrenocinema
• grupo no facebook: https://www.facebook.com/groups/umtigrenocinema/
• Google Plus: https://www.google.com/+Umtigrenocinemacom
• Instagram: http://instagram/umtigrenocinema