Os Estranhos: Caçada Noturna | Crítica | The Strangers: Prey at Night, 2018
Os Estranhos: Caçada Noturna é mais um filme homenageando o gênero do slasher, com um resultado não tão bom, mas que procura alguma identidade própria.
Os Estranhos: Caçada Noturna vem na mesma esteira do outro slasher lançado essa semana no Brasil. Ou seja, é uma produção que busca ao mesmo tempo homenagear e se distanciar do gênero faz parte: se por um lado temas, climas e até cenas claramente inspiradas nos clássicos são identificadas na narrativa, por outro, o diretor Johannes Roberts procura um caminho estético diferente, em diversos momentos, para destacar sua obra. Assim como os assassinos representados e homenageados, o que é ao mesmo tempo uma analogia interessante quanto uma frase problemática, a continuação é um capítulo menos interessante que a obra de 2008, mas não tem medo em se separar dela, podendo ser apreciada sozinha, para quem achar melhor.
Logo de cara, e obviamente vindos do filme anterior, entramos nesse mundo de assassinos mascarados (que tem seus grandes mentores Michael Myers, Jason Vorhees e Leatherface) que são ruins simplesmente por serem – mas não maltratam animais, algo que parece ser reservado à outra estirpe de maldade humana. Mas, diferente do grandalhão do Cristal Lake, essa família (que pode ser de sangue ou não) escondem o rosto não por uma feiura interna, mas porque escolhem esse caminho. Myers era um perturbado, provavelmente um tipo de esquizofrênico, Leatherface foi criado pela pior família do mundo além de ter algum tipo de atraso mental. Mas aqui, os assassinos se vestem para o trabalho, o que reforça a sensação de quem nesse mundo tem muita gente que é problemática ao extremo em qualquer canto.
Nesse drama novo, a família de Kinsey (Madison) é recebida num cenário clássico dos filmes de terror: a névoa, o nome do lugar que assim como onde Jason morreu e ressuscitou é junto a um lago, um cenário que contrasta com a introdução dos novos participantes de uma cidade ensolarada para então entrar nesse mundo onde são constantemente observados. Notem como Roberts usa o zoom da câmera para atingir esse efeito. É como se Kinsey e os outros estivessem sempre debaixo dos olhares de um perseguidor invisível – e esse efeito começa quando os quatro fazem a viagem que mudaria a vida de todos, mas não pelo motivo que imaginavam no começo.
A verdade é que tudo é bem crível na trama, com exceção da conveniência que é toda a família esquecer os celulares quando saem depois da estranha visita da Dollface (Bellomy). É nesse momento que deixamos de acreditar, pelo menos nos próximos minutos, na história. É compreensível que Kinsey deixasse o celular com os pais por não querer ser incomodada. Mas temos que forçar muito o porquê do irmão Luke (Pullman) fazer o mesmo – poderia por atender o desejo dos pais. Mas quando Cindy (Hendricks) e Mike (Hendersen) saem para procurar os dois não faz sentido. Eles poderiam estar em perigo e ter o celular em mãos, mesmo que fosse para usar os aparelhos como lanterna, e isso seria uma vantagem.
Deixado de lado essa conveniência que poderia ser resolvida trazendo a história, cronologicamente falando, mais perto da história de 2008, é a caçada que faz o resto do filme ficar mais interessante. Por ser uma homenagem ao estilo, podemos perdoar até mesmo cenas como a Garota Pin-Up (Enslin) ou a própria Dollface estarem no lugar certo na hora certa, como se fossem oniscientes daquele estacionamento de trailers – porque, convenhamos, é algo próprio dos outros personagens já mencionados. Além disso, a trilha sonora de sintetizadores, algo como saído de um filme de John Carpenter ou William Friedkin, e de outros elementos como a clássica separação quando todos deveriam permanecer juntos é uma divertida caça a referências.
Porém, Roberts sabia que precisava de uma identidade própria. Além do já citado uso de zooms, o diretor usa da música incidental, que vem do rádio do carro do trio liderado pelo Homem Mascarado (Maffei), para criar contrastes. A trilha é basicamente romântica oitentista – com Bonnie Tyler, Air Supply e Kim Wilde – e eleva a sensação de estranheza que a família passa. Sendo perseguidos por esses seres sem rosto, a música diegética (ou seja, faz parte do universo fílmico, com seus participantes as ouvindo também) ganha traços macabros, insólitos – e resulta numa das mais bonitas cenas, plasticamente falando, onde há uma dança, um contraste entre o vermelho e azul, uma das mais marcantes dos lançamentos de 2018.
Mesmo que a questão da falta de originalidade nos temas fosse uma questão, o desenvolvimento de Os Estranhos: Caçada Noturna faz a experiência ser, no mínimo, interessante. Isso porque já estamos acostumados – pelo menos para quem gosta do gênero – com os elementos, situações e até com as conclusões. É como se toda a história pregressa do slasher fosse uma introdução e então não precisamos perder tempo com explicações e motivações dos assassinos. O que nos resta é torcer, seja lá qual for o lado (o que pode dizer muito da sua personalidade), e esperar para ver como os personagens vão sair dessa situação, onde vários elementos os mantém presos, sejam eles físicos como uma cerca ou do coração, como nunca deixar quem você gosta para trás.
Elenco
Christina Hendricks
Martin Henderson
Bailee Madison
Lewis Pullman
Emma Bellomy
Damian Maffei
Lea Enslin
Direção
Johannes Roberts
Roteiro
Bryan Bertino
Ben Ketai
Baseado em
Os Estranhos (Bryan Bertino)
Fotografia
Ryan Samul
Trilha Sonora
Adrian Johnston
Montagem
Ryan Samul
País
Estados Unidos
Distribuição
Universal Pictures
Aviron Pictures
Duração
85 minutos
Kinsey e a família fazem uma viagem para levá-la para um nova escola. A garota-problema passará uma noite inesquecível com a família, regada a muito sangue, quando um trio de assassinos em série os escolhem como a próxima caça.
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