Os 33 | Crítica | Los 33, 2015, Chile/Colômbia

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Los 33, 2015

Com Antonio Banderas, Rodrigo Santoro, Juliette Binoche, James Brolin, Lou Diamond Phillips e Gabriel Byrne. Roteirizado por Mikko Alanne, Craig Borten e Michael Thomas. Baseado no livro de Héctor Tobar. Dirigido por Patricia Riggen.

7/10 - "tem um Tigre no cinema"Algumas histórias parecem fantásticas demais para serem verdadeiras. Em Os 33 a diretora Patricia Riggen abriu mão da língua materna para tocar mais pessoas sobre a impressionante história dos mineradores chilenos que esperaram serem resgatados por mais de dois meses. Essa decisão traz alguns estranhamentos, como a questão dos sotaques, mas que mercadologicamente faz sentido. Posta essa decisão de lado há muitos momentos interessantes no filme, passando pela atuação, fotografia e o estilo da diretora em alternar planos abertos e outros mais fechados. Com momentos emocionantes e apesar de arrastar um pouco além do necessário a narrativa, o filme é uma ode à resistência e à esperança.

Para aumentar a sensação de isolamento dos personagens presos na mina de San José, Riggen filma muitos espaços abertos anteriormente ao acidente. As imagens que abrem o filme são apenas belas não só por causa da natureza, mas servem de metáfora ao resultado do colapso da mina. Para estabelecer o laço entre os companheiros, a diretora nos mostra uma festa na casa de Mario Sepúlveda (Banderas) e por meio de conversas sobre uma criança que está para nascer, a confiabilidade do chefe e o carinho com um dos trabalhadores que vai se aposentar compreendemos a união entre eles. É interessante perceber que não é importante se aqueles momentos aconteceram mesmo um dia antes do acidente, e sim que a diretora precisava mostrar que os mineradores eram unidos e conseguir isso sem apelar para já batidos flashbacks.

Riggen se sai surpreendentemente bem na divisão das narrativas. Para mostrar a tensão dos parentes e amigos que ficam na superfície sem saber se os mineradores estão vivos ou não, a câmera do lado de fora tem um estilo mais documental e câmera na mão. Do lado de dentro a câmera foca nos trabalhadores de maneira mais fixa e presa no chão, num paralelo com eles próprios. É importante dar destaque para a fotografia do peruano Checco Varese, desafiadora levando em conta o ambiente fechado e mal iluminado. Por meio de fachos de luz das lanternas e de algumas lâmpadas, o cinematografo consegue passar por meio de paletas de cores que passam entre o amarelo e o marrom a claustrofobia e o calor que aquelas pessoas estavam passando.

Há alguns problemas na narrativa que precisavam ser mais bem lapidados. É um filme totalmente falado se inglês – o que é compreensível, visto o alcance que o estúdio queria com o elenco internacional – então fica estranho em alguns momentos vermos nos programas de TV que noticiam o caso apresentadores falando em inglês enquanto as legendas estão em espanhol. Determinada hora aparece na mina uma celebridade televisava local, Don Francisco – desconhecido no Brasil e interpretando ele mesmo –, que também se dirige ao público em espanhol. Não que essa confusão de idiomas prejudique a produção, mas é no mínimo estranho e acabamos sendo retirados daquela imersão.

No entanto o que prejudica de verdade o filme é a sua duração. Poderia ser mais curto, e parecia inclusive que ia ser assim mesmo. Quando a diretora passa a focar nos dias em que mineiros esperavam o resgate, ela deu um gordura ao filme que poderia ser cortada e assim apresentaria mais dinâmica à trama. Assim como no momento tenso na cápsula quando o primeiro resgatado tem um curto contratempo no retorno à superfície. Essas partes desnecessárias estão longe de estragar a produção, mas a experiência do espectador será fatalmente prejudicada.

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Por outro lado, Riggen mostrou por meio de metáforas como a situação se desenvolveu debaixo da terra por meios mais sutis, como as cores diferentes dos capacetes, a ganância do lado de fora que se reflete do lado de dentro e a invasão da realidade na narrativa com a acertada inclusão de programas televisivos da época – diferente dos créditos finais. Os atores estão bem dirigidos e percebemos isso pelo cansaço que eles estão passando e que transformam tanto o ministro Laurence Golborne (Santoro) quanto os mineiros. Os 33 é uma história comovente entende-se o motivo para conta-la. Menos tenso que o necessário – a não ser nos momentos em que não precisa – e buscando o lado mais emocional do espectador, o filme é um tributo necessário. Mesmo com seus problemas.

Sinopse oficial

Com um premiado elenco internacional, Os 33 conta a história baseada no acidente real na mina San Jose, no Chile, que prendeu 33 mineiros a 700 metros abaixo da terra, durante 69 dias. A história comoveu não só o Chile, mas o mundo inteiro, culminando em um resgate de tirar o fôlego, assistido por mais de 1 bilhão de espectadores. A luta pra salvá-los causou uma onda de união no mundo, que foi retratada por mensagens de fé e gratidão de muitas personalidades globais, incluindo o Papa e o presidente dos Estados Unidos. Esse resgate serviu como um sinal de esperança e generosidade para o mundo todo.”

Veja o trailer de Os 33

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".