Operação Big Hero | Crítica | Big Hero 6, 2014, EUA

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Baseado nas HQs, Operação Big Hero tem momentos de aventura e doces, além de trazer um dos robôs mais carismáticos do cinema: Baymax.

Big Hero 6, 2014

Com Scott Adsit, Ryan Potter, Daniel Henney, T. J. Miller, Jamie Chung, Damon Wayans, Jr., Génesis Rodríguez e Maya Rudolph. Roteirizado por Robert L. Baird, Dan Gerson e Jordan Roberts, baseado nos quadrinhos da Marvel Comics. Dirigido por Don Hall, Chris Williams.

9/10 - "tem um Tigre no cinema"A Disney tem se especializado em trazer história emocionantes e ao mesmo tempo aventurosas. E com Operação Big Hero já são três filmes consecutivos tocantes e divertidos. Tecnicamente impecável, com um belo 3D de grande profundidade de campo – como o efeito deve ser – o filme tem momentos que agradarão crianças e adultos, além de trazer à vida um dos robôs mais carismáticos da história do cinema.

Na futurística San Fransokyo, Hiro (Potter) desperdiça seu talento e genialidade em lutas ilegais de mini robôs, e normalmente é salvo pelo irmão mais velho Tadashi (Henney). Impulsionado pelo irmão, Hiro aceita aplicar seus conhecimentos em robótica na mesma universidade de Tadashi, criador do simpático robô-enfermeiro Baymax (Adsit). Depois de uma tragédia, Hiro junta-se a Baymax e forma um time de heróis para caçar um vilão mascarado que pode ter sido responsável pela morte do irmão mais velho.

O próprio nome da cidade de San Fransokyo já mostra a mistura de culturas que o filme propõe. Então, há traços de animação japonesa nessa aventura americana, como o vilão Yokai que usa uma máscara Kabuki. Há outras homenagens no design da cidade e o fato do protagonista ser japonês. Enfim, é uma brincadeira que funciona, mas imagino que vai desagradar alguns puristas fãs de animes. Mas espero estar errado.

Também deve se apontar que muito do que vimos no filme já foi usado. O interessante é que mesmo com elementos clichês, ela é divertida demais. Temos a gênese clássica do herói, que se torna órfão e que combate o mal e a criação de um grupo para combate-lo. A graça está no fato é que esses são heróis imperfeitos, quase cômicos. Hiro é o centrado, mas ele faz par com Baymax que tem um design amigável e abraçável – como diz Tadashi – e tem que ser modificado para a batalha. Os outros personagens do grupo encarnam personalidades distintas, e longe de serem os heróis que estamos acostumados. Nessa imperfeição, eles protagonizam momentos que vão trazer um sorriso aos espectadores.

Por exemplo, incomoda você saber que as bases dos heróis do filme remetem aos Vingadores ou a Liga da Justiça? Há um cérebro que é Hiro (Homem de Ferro/Batman), um velocista (Mercúrio/Flash) com Gogo (Chung), Wasabi (Wayans, Jr.) que usa armas de plasma (Lanterna Verde), a força bruta de Baymax (Capitão América/Superman), e há Fred (Miller) como o monstro (Hulk). Ainda assim, são personagens interessantes, engraçados e que entendem a definição de amizade.

Ainda nessa certa obviedade do filme, não é difícil descobrir a identidade de Yokai. Bem da verdade, percebemos isso bem cedo, apesar das distrações. O que não fica tão claro é a motivação do personagem, que tem ser explicada ao grupo e à plateia por meio de filmagens de uma câmera de segurança. É um deus ex machina, mas ainda assim, os elementos dele não prejudicam a narrativa.

Óbvio que Baymax é um caso à parte do filme, já que ele é a síntese de tanta coisa na história. Apesar do robô não passar emoção propriamente dita com aquela cara de nada, achamos graça dos seus movimentos, na dificuldade de fazer pequenas coisas como pegar uma bola no chão, e na maneira lenta em geral de reagir às coisas – como tentar fugir do vilão dentro de um galpão, ou colocar fita adesiva nos buracos que fez para evitar que desinfle. Nos cativamos com jeito manso e suave da fala perguntando para Hiro numa escala de 1 a 10 qual era o nível de dor, uma vez atrás da outra. E talvez o momento mais sensacional de todos, quando a bateria do robô vai acabando e Baymax parece um bêbado. O personagem é aquele gigante gentil, um tanto alheio à tudo que se passa em sua volta – quando não entende a razão da morte de Tadashi –, e inocente dos perigos – que vemos quando ele segue um dos micros robôs de Hiro e atravessa as ruas sem olhar para os lados. Baymax também é uma extensão do que era Tadashi, a consciência do irmão mais novo que busca o caminho de vingança e tenta impor isso ao estilo visual do robô. Vocês podem notar que o capacete da armadura de Baymax faz uma curva como se colocasse uma cara de mal num robô que tudo menos isso.

Operação Big Hero | Pôster brasiliero

E que criança não gostaria de realizar o sonho de ter um robô gigante e combater o mal? Operação Big Hero traz um pouco dessas vontades infantis, e sem deixar de lado a doçura e a emoção. Quando Hiro se revolta com a fuga do vilão que estava em suas nas mãos, Baymax pergunta se a morte o aliviaria da dor, e também se é isso que Tadashi queria. Uma das cenas mais emocionantes é quando o robô diz “Tadashi está aqui”, e toca para o jovem um vídeo localizado na altura do peito de Baymax – a altura do coração –, como lembrança constante da memória do falecido irmão. E há outros momentos assim que provavelmente trarão lágrimas até aos mais velhos. Por isso, é um filme quase completo, que agradará todas as faixas de idade e que pais e filhos e, com certeza, se emocionaram juntos.

E fiquem ligados aos easter eggs e mais um dos tradicionais cameos de Stan Lee. Por isso, não saiam da sala antes dos créditos.

Veja o trailer de Operação Big Hero

Operação Big Hero foi vencedor do Oscar 2015 na categoria Filme de Animação (Don Hall, Chris Williams e Roy Conli).

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".