Missão: Impossível – Efeito Fallout | Crítica | Mission: Impossible – Fallout, 2018
Mantendo o espírito e a consistência, Missão: Impossível – Efeito Fallout repete temas queridos pelos fãs da franquia, ainda que com alguns deslizes.
Podemos afirmar com muita segurança que, com exceção do segundo filme, a franquia Missão: Impossível nos cinemas é consistente, e Efeito Fallout não é exceção. Assim como é seguro dizer a que série de filmes é um marco para o cinema de ação, também é dizer que temos muita aventura, uma dose de comédia e um tanto de drama espremido entre uma façanha e outra de seu protagonista/ator principal – aliás, coisas indissociáveis há algum tempo. Aceitar mais uma vez a tarefa da força secreta é embarcar numa aventura com pouco descanso e que deixa tanto personagens quanto plateia com a corda no pescoço ou beirando um precipício – seja literal ou metaforicamente falando.
Assim como o episódio daquela série de TV – ou de streaming – que você tanto gosta, encontrar Ethan Hunt (Cruise) mais uma vez isenta McQuirre de apresenta-lo de novo. É verdade que existe uma história dele com a Força Missão: Impossível e outros personagens que acompanham desde o filme de DePalma, mas também é verdade que esses filmes funcionam sozinhos dentro de suas narrativas, o que permite que tantos iniciados quanto fãs embarquem em mais uma aventura, se podemos chamar assim, sem delongas. E isso ajuda a nos prender na beira do sofá. A diferença é que quem acompanha a história desde 1996 vai se divertir mais com a interação de Ethan com Benjamim (Pegg) e Luther (Rhames).
Uma constante da franquia e sempre tentar ser maior e melhor e isso se reflete na ação (além de levar os assessores de Tom Cruise a arrancar os cabelos) e no novo plano megalomaníaco que seus colegas e ele tem que lidar. Outra vez Solomon Lane (Harris) é o nosso vilão e McQuirre eleva seus planos. Acabar com parte da população para salvá-la não é nada de novo, mas mostra questões como a preocupação ambiental e superpopulação ainda estão na cabeça de muita gente – além do sempre perigoso terrorismo. Com agentes desconhecidos atuando na sombra, a figura do Sindicato é substituída pela dos Apóstolos, cruzados numa missão antirreligiosa, planejando um tipo de despertar para o mundo moderno.
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E, de novo, cai no colo de Ethan a missão de salvar o mundo, confiando em pouca gente e acreditando no seu poder de improvisação. O lado ruim de já conhecermos quase todos na história é como fica mais fácil notar quem veio do lado de fora para desestabilizar esse xadrez. Com uma rainha e um peão novos – Erica Sloane (Basset) e o Agente Walker (Cavill) – sobra pouco espaço para dúvidas, pois a relação de Ethan com Benjamim e Luther é tão lubrificada que eles raramente criam fricção, o que se resume muito bem na cena de perseguição de moto pelas ruas da Paris. Porém, a ação do filme encontra percalços, mostrando uma atenção de McQuirre para que não pareça tudo muito fácil – em termos de Missão: Impossível.
O grande porém fica no desenvolvimento das personagens femininas no filme. Claro que é um ponto positivo o retorno de Ilsa (Ferguson), a adição da Viúva Branca (Kirby) e a já citada Erica em posições de comando – a chefa da CIA inclusive entra no cenário com o poder de não permitir que a missão aconteça sem autorização dela. Mas, com exceção da chefa de Walker, tanto Ilsa quanto a Viúva parecem ser a mesma personagem, um cúmulo que se fecha com outro retorno. Quando Julia (Monagahan) aparece numa foto, claramente alvo de uma ameaça, percebemos que até fisicamente essas personagens se assemelham. Fora a cor do cabelo e do penteado, elas dividem a mesma persona superficial de se virarem sozinhas – mas dividem o resto, até o interesse, reprimido ou não, por Ethan.
Se existe alguma dúvida sobre isso, é só vermos como são as personalidades de Ben e Luther, até de Walker ou mesmo Alan Hunley (Baldwin). Seja pela diferença de força física ou como abordam a missão – Sloane chega a comparar a CIA com um martelo e a F:MI com um bisturi – as posições dos personagens masculinos são melhores definidos que os das mulheres. E são coisas simples, elementos que poderiam ser aplicados a elas também. Por exemplo, quando Walker salta em meio à uma tempestade enquanto Ethan pensa antes de fazer isso já define como esses personagens são diferentes, enquanto tanto para Julia, Ilsa e a Viúva sobra uma não-diferenciação, inclusive reforçando que duas delas lembrem a mesma fisionomia.
São tropeços de um divertido filme, onde a marca é a improvisação – e Ethan é mestre nisso. Pois nos encontramos, mais de uma vez, tentando entrar na mente do agente, torcendo para que a frase que ele repete várias vezes durante os mais de 120 minutos de projeção, “eu vou pensar”, realmente dê certo. Por mais que por estarmos dentro de uma narrativa de ação e, lá no fundo, sabermos que tudo vai ficar bem, acompanhamos essa viagem com um sorriso. Como cinema, é bom sabermos quando estamos sendo enganados pelo diretor, mas isso não quer dizer que seja algo ruim. É apenas a natureza da sétima arte.
E apesar de ser uma ação simples, há algumas rimas visuais dignas de nota no filme de McQuirre. A mais óbvia é a luta no banheiro, onde Ethan e Walker se reafirmam nas suas posições opostas. Naquele ambiente que é esteticamente limpo por causa da imensidão branca é que a coisa começa a ficar suja. Podemos lembrar também do modo que Walker entrega o celular para Sloane ou como Ethan encena na sua mente uma ação que pode acabar em tragédia. São momentos-chave que permitem compreender, mesmo que no nível do subconsciente, as pistas deixadas nesse mundo que tem um pouco de investigação policial de mãos dadas com a ação, no sentido mais estrito do termo.
Ao revisitar a questão se uma vida é mais importante do que a de milhões, Missão: Impossível – Efeito Fallout repete temas do próprio universo e do outras produções de ação. Mas isso é uma interessante declaração desse mundo globalizado onde querem nos convencer que as regras não fazem mais sentido e que a perda da nossa humanidade é o que faria a Humanidade ser salva, e isso faz com que a franquia consiga manter relevância mais uma vez. Assim como qualquer outra série de filmes que se alongue por tantos anos ainda há espaço para Hunt e os outros. Uma das melhores séries do gênero, que agora atravessa duas décadas.I
Elenco
Tom Cruise
Henry Cavill
Ving Rhames
Simon Pegg
Rebecca Ferguson
Sean Harris
Angela Bassett
Michelle Monaghan
Alec Baldwin
Direção
Christopher McQuarrie (Jack Reacher: O Último Tiro)
Roteiro
Christopher McQuarrie
Baseado em
Mission: Impossible (Bruce Geller)
Fotografia
Rob Hardy
Trilha Sonora
Lorne Balfe
Montagem
Eddie Hamilton
País
Estados Unidos
Distribuição
Paramount Pictures
Duração
147 minutos
3D
Relevante
Ethan Hunt está de volta com mais uma Missão: Impossível. Um novo plano para acabar cm uma grande parte da população da Terra está em curso. Dessa vez, além de ter que corrigir um erro, Ethan terá na cola um agente da CIA que não confia nele. Com velhas e novas caras, chegou a hora de provar seu valor.
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