A Maldição da Casa Winchester | Crítica | Winchester, 2018
A Maldição da Casa Winchester é tão cheia de elementos e referências que é apenas um fantasma de obras similares.
Além da Maldição da Casa Winchester, existe outra que deixa muitas marcas: a das palavras “inspirada em eventos reais”. Tão clichê quanto filmes de terror é dizer que o terror é um gênero bem maltratado nos últimos anos. E quando aparece algum destaque – como a série Sobrenatural ou Invocação do Mal – não demora para que outros estúdios resolvam preencher a lacuna que esses filmes mais competentes deixam. E pior ainda é que a produção dos irmãos Spierig não é apenas uma tentativa frustrada de andar nos calcanhares dessas obras, mas também descobrir que o filme só existe como propaganda para que você visite a Mansão Winchester em São Francisco.
A trama é tão próxima desses exemplos que poderia se encaixar em qualquer dessas séries, ou até mesmo ser um capítulo de Supernatural – a série de TV, não a de filmes. O pior é que a produção não se preocupa em se distanciar dos citados exemplos. Isso fica especialmente difícil pela proximidade de lançamentos, pois como não lembrar de Elise (essa sim da série de filmes Sobrenatural) quando Sarah Winchester (Mirren) começa a incorporar espíritos e fazer psicografias dos quartos da mansão. Misericórdia, os produtores trouxeram até um ator da série de filmes concorrente para esse aqui. Cada vez mais que pensamos no assunto, mais fica difícil de achar motivos para defender os Spierig.
É verdade que a aproximação dos irmãos diretores pode ser encarada como uma homenagem ao gênero: o visual que remete uma novela gótica, a reprodução da casa e da época – a melhor parte da produção ao lado da preferência por efeitos práticos – elementos clássicos do frio na presença dos espíritos, a dúvida de que Eric (Clarke) poderia estar perdendo a sanidade e a passagem da descrença para a crença de um da ciência são exemplos que aparecem em tantas outras produções. Mas é o que o filme traz, um caldeirão de referências que servem somente para isso: serem referências.
Além disso, mesmo para um filme fantasioso, o roteiro abusa da nossa suspensão de descrença. Podemos embarcar na viagem, acreditando que Sarah e sua família estão realmente amaldiçoados pelas mortes causadas pelas armas Winchester, mas não quando Eric tem que provar para a audiência ao repetir três vezes o mesmo papo do medo que te domina, a economia no figurino (onde o médico veste as roupas finas de jantar para caçar barulhos) ou, provavelmente a pior de todas, caçar fantasmas munidos de rifles, considerando que dos seres etéreos mostrou ser capaz de possuir humanos. E recriar uma sala cheia de Winchesters, tudo bem. Mas enchê-la de munição? Menos, meus amigos.
Para que serve A Maldição da Casa Winchester? Em primeiro lugar, para deixar a mansão no imaginário popular – vocês podem ver na abertura do filme que a própria Winchester assina a produção – e lembrar que ela ainda pode ser visitada, se você quiser. Também serve da estreia de Helen Mirren num gênero que ela ainda não teve a oportunidade de representar. É uma pena que ela aceitou o primeiro roteiro que caiu no colo dela. E, finalmente, para a Lionsgate continuar nos trilhos dos filmes de terror e lutar com os estúdios maiores que estão dominando o cenário – espero que o futuro não mostre algo tão sem coração como esse exemplo.
E para saber um pouco mais da história da mansão Winchester, ouça o Podcast VII do Escriba Café!
Elenco
Helen Mirren
Jason Clarke
Sarah Snook
Finn Scicluna-O’Prey
Angus Sampson
Direção
Peter Spierig e Michael Spierig (Jogos Mortais: Jigsaw)
Roteiro
Tom Vaughan
Peter Spierig
Michael Spierig
Trilha Sonora
Peter Spierig
Fotografia
Ben Nott
Montagem
Matt Villa
País
Austrália
Estados Unidos
Duração
99 minutos
Os advogados da Companhia de Rifles Winchester estão querendo tomar a companhia da herdeira e sócia majoritária por acharem que ela perdeu o juízo. Por isso contratam o Dr Eric para fazer um relatório sobre a sanidade de Sarah Winchester, quem diz ver fantasmas – agora a questão é saber se ela está falando a verdade ou não.
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