Evereste | Crítica | Everest, 2015, EUA-Reino Unido-Islândia

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O drama Evereste foca mais no seu grande protagonista do que no drama dos personagens humanos, mostrando um filme com muito potencial. Porém, desperdiçado.

Everest, 2015

Com Jason Clarke, Josh Brolin, John Hawkes, Robin Wright, Emily Watson, Keira Knightley, Sam Worthington, Jake Gyllenhaal. Roteirizado por William Nicholson (Os Miseráveis) e Simon Beaufoy (Jogos Vorazes: Em Chamas). Dirigido por Baltasar Kormákur (Dose Dupla).

6/10 - "tem um Tigre no cinema"A coisa mais impressionante em Evereste é o seu protagonista. Esqueçam as caras famosas que incham o elenco, e pensem mais na imponente montanha que dá nome ao filme. Carregado de um peso monstruoso, o Evereste pode ser visto como um inimigo a ser vencido ou uma força a ser respeitada, como o diretor Baltasar Kormákur mostra na panorâmica que abre o filme depois de uma curta introdução do inferno gelado que os personagens humanos estão passando. Apesar disso, há inúmeros problemas na produção, que fica mais tempo na memória por suas paisagens impressionantes do que o drama pessoal dos escaladores em si.

Outro ponto positivo é o misto de terror e aventura que aquela imensidão fria e branca traz. Kormákur habilmente usa o design de som para mostrar desmoronamentos, tempestades de neve e partículas de pedra e gelo que parecem preencher o ar da sala de cinema – que será perdido se você preferir assistir numa sala de menor qualidade técnica ou ainda em casa sem um sistema decente. O sofrimento que Rob Hall (Clarke), Scott Fischer (Gyllenhaal) passam – a palavra é bem essa, e determinado momento outro personagem até se pergunta por que eles se sujeitam a essa agonia – junto com seus companheiros é uma constante guerra, que passa por variados motivos, como superação, reconhecimento, orgulho e serve também para criticar o pior deles: o negócio versus a natureza.

Os problemas começam nos vários núcleos que compõe a jornada, representando diferentes equipes de subida. Como são vários personagens, a preparação toda é demasiada longa e não consegue criar um vínculo com o espectador. A escolha dos atores é atolada com grandes nomes – vencedores e indicados a prêmios da academia, caras queridas pela indústria – sem necessidade alguma. Por exemplo, não se justifica Keira Knightley no papel da esposa de Rob, Jan Arnold, além dessa necessidade. É um papel importante para a relação do escalador com a esposa grávida, mas seria melhor dar o papel a alguma atriz menos conhecida, nem que fosse pela mera chance de alguém novo se destacar nessa produção hollywoodiana.

No começo, é interessante notar que as roupas coloridas de cada um ajuda a nos situar em relação aos núcleos, e é possível perceber que essas cores representam um pouco de suas personalidades: Rob usa vermelho, uma cor que inspira liderança; Beck Weathers (Brolin) usa laranja, o mais vibrante, e ao mesmo tempo mais metido de todos; Doug, amarelo, mais esperançoso; e Scott usa um azul, parece mais confiante de si. E tudo isso é coberto pelo branco do Evereste, o protagonista, não importa qual seja a sua característica. É uma visão que mistura poesia com a realidade crua de estar enfrentando e inabalável e o imbatível.

A questão é que isso causa um grande problema de identificação dos personagens, que é tão profundo que eles são obrigados a tirar a máscara para falar um com os outros para que possamos identifica-los. Os vários encontros que os membros da equipe têm essa necessidade narrativa para que também possamos ouvi-los, uma vez que o já elogiado design de som abafa todos os sons.

Na contramão dessa qualidade, a música de Dario Marianelli é exageradamente – como tantas outras coisas no filme – feita nos moldes de um filme de ação e aventura tradicionais. O musicista parece ter tirado inspiração assistindo a cinessérie Transformers de Michael Bay, enquanto Kormákur não sabe como usar o silêncio, com exceção de alguns diálogos entre Rob e Jan. Em vários momentos a música se mistura com os sons da natureza sem necessidade nenhuma, fazendo uma confusão onde você perde os detalhes do som. É interessante dizer isso depois de destacar tantas vezes o design de som. Mas, de vez em quando, ele é perceptível, mesmo com a insistência do diretor em tirar a atenção do espectador com essa música cheia de batidas e percussão.

Evereste | Pôster Brasil

Em resumo, Evereste poderia ser mais curto, e apesar de trazer tensão, ela demora a aparecer. Quem não estiver familiarizado com a história de Rob, Scott e todos os outros que perderam a vida nessa expedição ao Evereste em 1996 pode ter a sensação de que esse seria uma história de alguém que não passou por tantas dificuldades. Ainda que o final mantenha um fio de esperança para esses desavisados, alguns minutos a menos não faria mal ao filme. Pelo contrário, o deixariam mais dinâmico e interessante. O 3D é convertido e prejudica a fotografia já sombria do filme, apesar de que assistir em IMAX é essencial. Se por um lado é uma história edificante, que conta como a natureza deve ser respeitada, faltou para torna-la um tanto menos enfadonha. O que não significa que esse seja um filme ruim, mas apenas com potencial desperdiçado.

Sinopse oficial

Inspirado nos incríveis acontecimentos em torno da montanha mais alta do mundo, Evereste documenta a inspiradora jornada de dois diferentes grupos de expedição que são desafiados além de seus limites quando são acometidos por uma das maiores avalanches já registradas. Com a coragem testada por um dos fenômenos mais severos do planeta, os escaladores terão de enfrentar obstáculos quase impossíveis em busca de sobrevivência.”

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".