Divergente | Crítica | Divergent, 2014, EUA
Divergente vem para acrescentar mais um capítulo desnecessário ao gênero jovem adulto, com os mesmos elementos e com defeitos ampliados.
Com Shailene Woodley, Theo James, Ashley Judd, Jai Courtney, Ray Stevenson, Zoë Kravitz, Miles Teller, Tony Goldwyn, Maggie Q, Kate Winslet. Roteirizado por Evan Daugherty (Branca de Neve e o Caçador) e Vanessa Taylor (Um Divã Para Dois), baseado no romance de Veronica Roth. Dirigido por Neil Burger (Sem Limites).
É verdade que a indústria de entretenimento tende à se repetir, e copiar um assunto até a exaustão. Então, lá vamos nós para outro futuro pós-apocalíptico, com um par romântico, a menina que não parecia levar à nada, e tantos outros elementos. Ainda que Divergente distorça dois ou três clichês, a falta de carisma dos personagens dinamita qualquer qualidade que o roteiro tem. E, infelizmente, não são muitas.
Num futuro distópico – oh, really? – a cidade de Chicago é dividida em cinco facções baseadas em personalidades. Todo adolescente aos completar 16 anos faz um teste para descobrir em qual facção mais se encaixa, mas é livre para escolher de qual fará parte. O teste de Beatrice Prior (Woodley) indicou três possibilidades, algo extremamente raro e que a colocaria no radar por ser uma Divergente. Aconselhada a esconder esse traço, ela escolhe uma facção diferente a da sua família. Só que uma guerra interna se aproxima, e ela se encontrará no meio dela e descobrir que pode fazer a diferença.
Apesar de algumas ideias boas, é triste constar que o desenvolvimento de personagens e do roteiro, pelo menos na versão cinematográfica, não vingue. Nesse mundo, os personagens passam necessidades – há uma cena focando alguns poucos e feios vegetais sendo preparados para o jantar e apenas um spot de luz em cada cômodo, num estado constante de racionamento – mas não há um momento propriamente dito que consiga fazer que sintamos afeição por eles. Bem da verdade, Beatrice/Tris, por exemplo, é uma moça bem curvilínea para uma cidade que passa por esse tipo de privação.
A história emprega em vários paralelos. Mas são tão rasos e escancarados que parecem inspirados na série de livros Para Leigos: visões em espelhos (conheça a si mesmo), água (renascimento) a escolha do Chapéu Seletor, digo, da droga azul aos 16 anos (entrada no mundo adulto) e o medo do que não se conhece ou não se entende nos Divergentes é demasiadamente óbvio. Pior que isso, trata os tais jovens adultos – público-alvo – como idiotas. A não ser que a ideia seja mostrá-la para crianças, que ainda estão entendendo esses temas.
De novo, o problema não é o clichê, mas o uso dele. Tris é o underdog, por quem vamos torcer (ou não), que se reúne com mais dois amigos e um antagonista exibido. E claro, um paixão que cresce naquele cenário. Quatro (James) é um mentor e, de novo, uma garota insegura se apaixona por uma figura mais forte. Will (Lloyd-Hughes) e Albert (Madsen) pelo menos fogem dos clichês de amigos para sempre, mas a verdade é que eles são esquecíveis ao ponto de ficar difícil de lembrar o que cada um fez em cada papel. Christina (Kravitz) se salva pelo simples fato de ser mulher. Ela tem um destaque por ser a única de pele negra – outro paralelo óbvio de uma sociedade desigual – e consegue fazer alguma diferença na história.
Porém, verdade seja dita, a história consegue fugir – e bem – de outros clichês. Existem tragédias na história que quebram a amizade e a falta das últimas palavras. Mas investe pesado em outros.
Divergente é um colcha de retalhos de outros sucessos literários. Há bons momentos, como o treinamento, que parecem bem reais as porradas que os personagens levam e o treinamento da Audácia da Audácia, deveras militar. Fora isso, parece que é um filme para Kate Winslet pagar as contas. Nem mesmo o visual é interessante, lembrando muito a cidade do jogo Infamous. Pelo menos, o diretor fez bem ao fechar o filme sem a necessidade de apresentar um gancho pra continuação. Pra quem quiser ficar, vai ser interessante saber o que tem lá no Distrito 13. Digo, depois das grades. Se aguentarem mais 7 horas de filme.
Veja abaixo o trailer de Divergente
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