xXx: Reativado | Crítica | xXx: Return of Xander Cage, 2017, EUA

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xXx: Reativado não é nem um pouco divertido e serve apenas para bajular Vin Diesel

xXx: Reativado (2017)

Elenco: Vin Diesel, Donnie Yen, Deepika Padukone, Kris Wu, Ruby Rose, Tony Jaa, Nina Dobrev, Toni Collette, Samuel L. Jackson | Roteiro: F. Scott Frazier | Direção: D. J. Caruso (Eu Sou Número Quatro) | Duração: 107 minutos | 3D: Irrelevante

O que dizer sobre algo que, no seu cerne, não tem nada para dizer? xXx: Reativado não é apenas um filme raso – dizer isso é apenas o começo. Ele apareceu com anos de atraso e com os mesmos vícios da suposta época que deveria ter saído: mal atuado, cheio de explosões sem sentido, atuações péssimas, sexista ao extremo e sem explicações necessárias. E o pior de tudo: a produção não consegue sequer ser divertida. São vários minutos de adrenalina com algumas boas coreografias que servem apenas para Vin Diesel, no papel de produtor, dizer como Vin Diesel é o cara. Pelo menos na visão de Vin Diesel.

Depois de uma introdução que quer dar um ar de engraçadinho com a tentativa de Gibbons (Jackson) em recrutar – espere só – Neymar Jr (o próprio), numa montagem que o diretor nem tenta esconder que os dois não estavam atuando na mesma cena, já podemos perceber a intenção do filme: entretimento simplório, de descanso, se preferir. A questão é que a diversão, que deveria entrar para equilibrar esse descompromisso todo, não está presente na produção. Não há problemas em basear um filme somente na ação, mas tratar a audiência com despreparada e idiota é uma ofensa muito grande. É quase falta de caráter enfiar goela abaixo tantos problemas.

A desonestidade está presente em todas as perguntas que precisam de resposta no filme. Assumindo que explosões, cortes rápidos, tiros e cenas de luta serão suficientes para entreter a plateia, Frazier entrega um roteiro com tantos buracos que é de surpreender que ele não tenha sido reescrito – provavelmente os produtores, juntamente a Diesel, não queriam perder tempo e aceitaram a primeira coisa que apareceu. Num filme de ação é muito comum aceitarmos elementos pela suspensão de descrença – vilões que não conseguem acertar o mocinho, soluções pseudotécnicas ou pseudocientíficas – mas aqui todas as impossibilidades das ações dos personagens passam pelo túnel do esquecimento.

Xander (Diesel) simplesmente não morreu e fica por isso mesmo. A gangue de Xiang (Yen) entra num prédio federal, mas não mostram os detalhes do acesso deles ao prédio. Um avião alcança um alvo sem coordenadas. Um personagem chega ileso ao fim do filme sem uma explicação para isso. É triste, apenas para começar. Qualquer explicação para isso, por mais cretina que fosse, seria melhor que explicação nenhuma. É Triplo X, e não um drama sobre um jovem que perde o chinelo para depois encontra-lo na fronteira de Aleppo! Não precisamos de um drama profundo, mas respeite o seu universo. É o que pedimos.

Para provar que esse filme está atrasadíssimo no tempo é só perceber como a história trata as mulheres. Numa falsa sensação de ter personagens femininas fortes, Frazier cai na armadilha de criar estereótipos. De novo, parece ser tudo culpa de Diesel considerando que nenhuma delas tem um arco próprio e se portam como submissas ao protagonista – nenhuma está em pé de igualdade. Sejam as cinco figurantes que são entregues a Xander – e esse é o termo –, pela amiga hacker dele apenas por que sim ou as secundárias que servem ou de sonho molhado – seja por fazer o papel da lésbica para os olhos masculinos ou a eye candy com trajes mínimos nas lutas – ou para ser a vaca que iremos odiar.

E os estereótipos não se limitam ao elenco feminino. Considerando que o mercado chinês é um consumidor ávido de filmes de ação e aventura, os produtores percebem que a representatividade importa – mas aqui é feita de maneira superficial, ficando a impressão de ser apenas um tipo de cota. Xiang, apesar de ser um personagem interessante, se limita ao papel de artista marcial. Talon (Jaa) só grita e corre. E Harvard (Wu) é “divertido”, de acordo com os cartões de apresentação dos personagens. Então o roteiro é tão preguiçoso e a produção tão preconceituosa que não conseguem tirar nada de um dos personagens principais da trama.

Os questionamentos que vão passando na frente dos nossos olhos dinamitam mais e mais a produção. Por exemplo, se Xander tem que manter sua morte convincente, não faz sentido ele se exibir tanto para seus amigos na República Dominicana. Assim como o teste da agente Jane Marke (Collete) no meio da cidade para chamar Xander de volta ao programa Triplo X. Adicione a isso frases horríveis (“o mundo inteiro cabe no seu coração”), as autorreferências ao filme anterior e a viagem de ego de Vin Diesel e temos uma produção que não tem um pingo de compromisso – nem com a história e nem com o espectador.

A história sequer se preocupa com as menores coisas que servem apenas para alongar elementos, para que o filme termine com mais de 90 minutos. É ridículo quando, já no terceiro ato, as duas equipes tentam recuperar à sua maneira um artefato importante e, apesar de ter toda a tecnologia possível, ficam presos no trânsito – ninguém pensou em ligar o Waze, pelo jeito. Nem mesmo uma conta básica foi feita na hora de um bandido ameaçar a população com satélites sequestrados, dizendo que a cada 24 horas derrubaria um dos 30 mil em órbita – uma conta rápida, e ele perceberia que levaria 30 mil dias para fazer isso, ou 82 anos, para fazer isso.

Até no quesito relacionamentos pessoais a história é cretina. Ainda no começo, Caruso mostra a relação de Xander com uma mulher que parece ser mais que uma qualquer, usando câmeras lentas, luz cálida, música e atitude romântica, fazendo parecer que ela é alguém importante na vida dele. De novo, voltando ao tema sexista da trama, a personagem sem nome é descartada porque Xander é o cara, porque Vin Diesel é o cara e esse é o filme. Só por isso.

xXx: Reativado tem a queda de avião mais longa e o tiroteio mais longo da história do cinema e algumas poucas cenas de ação que valem a pena. A verdade é que a produção serve apenas para massagear o ego de seu produtor. É triste, ultrapassado, cheio de defeitos que vão desde os efeitos especiais passando pelos narrativos e subestima a Inteligência do espectador. Além de ser mentiroso ao se vender como um filme divertido, mas que é apenas mais uma representação de tudo que há de errado na indústria do cinema. Com alguma sorte, essa é a última vez que veremos Xander Cage e suas manobras radicais e sem sentido.

xXx: Reativado | Trailer

xXx: Reativado | Pôster

xXx: Reativado - Pôster brasileiro

xXx: Reativado | Galeria

xXx: Reativado | Imagens

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xXx: Reativado | Sinopse oficial

O atleta radical e agente do governo americano Xander Cage ressurge após um longo período afastado das frentes de batalha. Ao tentar recuperar uma perigosa arma, chamada Caixa de Pandora, ele entra em rota de colisão com Xiang (Yen) e sua equipe. Depois de recrutar um grupo totalmente novo e com a mesma sede por adrenalina que ele, Xander é envolvido em uma conspiração nos mais altos níveis de vários governos mundiais”.

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".