Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos | Crítica | Warcraft, 2016, EUA

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Cansativo, previsível e extremamente bem feito, Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos sofre da sina da transposição do mundo dos games para o cinema.

Warcraft (2016)

Com Travis Fimmel, Paula Patton, Ben Foster, Dominic Cooper, Toby Kebbell, Ben Schnetzer e Robert Kazinsky. Roteirizado por Charles Leavitt e Duncan Jones. Baseado nos personagens de Chris Metzen. Dirigido por Duncan Jones (Contra o Tempo).


3/10 - "tem um Tigre no cinema"Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos
cansa. Infelizmente, é uma experiência terrível para todos os sentidos. Ação demais e tempo de menos para assimilar os elementos. Não bastasse ser um filme de magia genérico – mesmo que não fossemos esperar mais que isso – tem atuações horríveis, é mal editado, conta com uma trilha sonora que não para de martelar na sua cabeça e tem um dos piores males do cinema de entretenimento, que é ter sido criado claramente para ser uma saga cinematográfica, sofrendo do mal de não se fechar em si. Ainda que seja deslumbrante e extremamente bem feito na área do som e dos efeitos especiais, é uma produção sequer divertida.

A cena inicial do filme dá uma esperança que a produção poderia funcionar: misturando plano sequência com câmera em primeira pessoa, o diretor Duncan Jones une o melhor de dois mundos  – filmes e games –, dando um ar artístico e mostrando seus dotes apresentados em Lunar (Moon, 2009). Também no papel de roteirista, em conjunto com Charles Leavitt, a produção foge do conceito maniqueísta de Orcs ruins e humanos bons de outras obras, de longe o melhor trunfo da história. Começando pelo ponto de vista da Horda e de um de seus líderes, Durotan (Kebbell), e a óbvia desvantagem que humanos teriam contra seres com três metros de altura e pesando 200 quilos, o roteiro é interessante até o primeiro ato.

A partir daí a incorporação de elementos começa a irritar. Para minimizar essa sensação, escolha a versão 2D. Fora a questão da conversão e da paleta de cores vibrante passeando entre o azul, dourado e verde escurecerem por causa das lentes, Duncan não sabe dirigir um filme de ação. O diretor não dá descanso nas grandiosas cenas de guerra entre a Aliança e a Horda, e são tantos pulos e viradas de câmeras – isso em conjunto com a irritante trilha de Ramin Djawadi – que o filme se torna uma receita para dor de cabeça. Os mais sensíveis provavelmente experimentarão até a cinetose (tonturas e enjoos típicos).

E mesmo que você seja imune a esses problemas, não há quem possa ignorar a péssima escalação do elenco. Os gigantes orcs tem personalidade mais pelos brutamontes que são, mas o difícil é acreditar na atuação do lado humano. Isso tem relação com a história comum que de grande tem o nome da franquia mais conhecida da Blizzard. Se há um esforço em não atuar ou falta de vontade não fica bem claro, mas Lothar (Fimmel) não convence como líder, o Rei Llane (Cooper) não se mostra como um monarca digno de reverência e Medivh (Foster) – mas pode Chamar de Merlin II – tem uma atuação tão blasé que a vontade é de pular para dentro da tela e chacoalhar o ator para tentar sair algum espírito daquele corpo.

Há outro problema que vem de uma parte boa da história. De novo, o lado o Orc é bem mais desenvolvido que os humanos – isso é o estúdio contando com uma continuação – e isso causa um desiquilíbrio na sub-trama, como se a ação em si já não fosse confusa o suficiente. Gul’dan (Wu), rei dos Orcs, não é visto por todas os da sua raça como o melhor dos líderes, e essas dúvidas poderiam desencadear um tipo de guerra civil. Já do outro lado, os humanos são perfeitos, bondosos e sem falhas. Apenas um elemento quebra essa percepção, mas ele dado tão facilmente na história e de maneira tão óbvia que se não surpreende ninguém no clímax.

Nessa confusão e desiquilíbrio chamado de filme, é preciso dar atenção para cada elemento bem criado. Detalhes como Medivh deixar para trás seu cajado duas ou três vezes para que o jovem Khadgar (Schnetzer) o pegue, a sociedade Orc se mostrando preconceituosa com a mestiça Garona (Patton), a mixagem de som – cada martelada e crânios sendo esmagados são poderosos se você estiver numa sala de qualidade – e os adornos dos Orcs com cicatrizes, mandíbulas e caveiras encrustadas mostram uma justa preocupação visual, algo muito válido para um filme que nasceu nos games. Aliás, tais elementos vão fazer vibrar os fãs de Azeroth e Draenor.

Em oposição, há problemas de montagem – há uma cena em especial que o corte é tão seco que a música está no pico e some abruptamente, sem fluidez nenhuma entre um momento e outro. Também temos Mediveh repetindo diversas vezes que Khadgar não era O Mestre ainda, elementos jogados por falta de tempo para compreendermos melhor o que são, uma ação entre Durotan e Gul’dan sem nenhum resultado prático e a decisão cretina do Rei Llane no terceiro ato tratam a audiência de maneira desrespeitosa. É difícil até de entender como de um lado os artistas do CGI investem tão bem no visual dos Orcs e colocam umas presas ridículas no visual de Garona para diferenciá-la da raça humana.

É triste perceber que depois de duas horas o que se tem é uma sensação de déjà vu e uma cefaleia por causa do tanto que acontece em Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos ao mesmo tempo em que não acontece nada. Fãs da série Warcraft e World of Warcraft podem ficar felizes com o caminho percorrido pelo hipogrifo ser o mesmo do jogo, com um vislumbre das outras raças de anões e elfos – prometendo uma continuação, claro – mas como cinema é desastroso, mostrando que Duncan Jones deve voltar a seus mais introspectivos, pois aqui ele não foi mais que um diretor contratado para trabalhar um universo que, aparentemente, não tem muito o que ser trabalhado.

Veja o trailer de Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos

Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos | Pôster

Warcraft | Pôster brasileiro

Sinopse oficial
O mundo pacífico de Azeroth está à beira de uma guerra enquanto sua civilização enfrenta uma raça temível de invasores: guerreiros Orcs fugindo de sua casa moribunda para colonizar um novo lugar. Enquanto um portal se abre para conectar os dois mundos, um exército enfrenta destruição e o outro enfrenta a extinção. De lados opostos, dois heróis são colocados em um caminho de colisão que irá decidir o destino de suas famílias, seu povo e seu lar. Então, uma saga espetacular de poder e sacrifício começa, onde a guerra tem muitas faces, e todos lutam por algo.”

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".