Voando Alto | Crítica | Eddie the Eagle (2016) EUA

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Voando Alto (2016)
Com Taron Egerton, Hugh Jackman, Christopher Walken, Jim Broadbent. Roteirizado por Sean Macaulay e Simon Kelton. Dirigido por Dexter Fletcher.

Apesar dos clichês, a aventura Voando Alto é inspiradora e muito divertida.

7/10 - "tem um Tigre no cinema"Às vezes, os elementos mais comuns são os que bastam. Voando Alto tem inúmeras situações que já vimos em outras produções, com clichês indo desde a história inspiradora, superação, o mestre que não parece ser à primeira vista, a luta de classes sociais e alguns exageros na atuação da dupla de protagonistas. Em compensação, é um filme leve e divertido, extremamente bem montado e dirigido e conta com uma contagiante trilha sonora. Gostar ou não da história é uma questão subjetiva e devemos ir além, e entender o porquê de funcionar ou não. Para muitos, será suficiente torcer por alguém com um perfil comum e de fácil identificação. Para os outros, fica a sensação da diversão descompromissada.

Mesmo com pouca experiência na direção – esse é o seu terceiro longa, e o primeiro com gente graúda produzindo – Fletcher entrega um filme conciso e bem feito. Em conjunto com a direção de arte, fotografia e da música cheia de sintetizadores de Matthew Margeson, o diretor cria um clima oitentista, que começa sententista n a tipografia nas legendas que evocam aquela década, cheio de momentos divertidos enquanto vemos Eddie (Egerton) crescendo. E o diretor soube equilibrar com a dinâmica montagem – como a do esporte – de Martin Walsh elementos como a dificuldade de andar do ainda jovem atleta justapondo cenas ou mudando planos com sutileza para mostrar a passagem do tempo de maneiras diferentes

A cara de bobo – meio exagerada, ainda que pareça muito com a realidade – e um tanto inocente, típica de alguém que pode ser facilmente enganado, aproxima mais a audiência de Eddie. Isso e a cenas de queda do personagem, cada uma mais dolorida que a outra, parecendo que estamos nos esborrachando junto dele. O que, de novo, evoca a qualidade técnica da produção, dessa vez na mixagem de som e nos efeitos visuais, que em nenhum momento parecem falsos ou exagerados. Quando o personagem rola pista abaixo, parece mesmo que ele estava lá – detalhes de como as cenas foram feita me faltam, mas vocês terão a mesma sensação.

O grande problema está na atuação dos dois. Apesar dos ares de comédia, Jackman está reprisando, de novo, aquele rabugento pária de coração mole. Egerton ainda é novo, mas é o segundo filme seguido que ele representa um personagem que tem que se provar num cenário dominado pelas elites, o que lembra muito seu trabalho em Kingsman: Serviço Secreto (Dir Matthew Vaughn, 2015). Além de ter atores fazendo personagens parecidos, é a estrutura estilo Karate Kid: A Hora da Verdade (Dir John G. Avildsen, 1984) – o diamante bruto a ser lapidado e o mentor que aparenta ser menos do que é. De novo a sensação clichê comentada antes.

Ainda assim, é uma aventura divertida. Bronson (Jackman) com seu jeito rabugento causa algumas das melhores cenas do filme – que passeiam entre o escracho e o incômodo – e o paralelo com Eddie vem tanto de seu passado quanto de um elemento simbólico que é a chamada jaqueta. Enquanto Eddie usa literalmente uma para esquiar, algo que o protegia, mas que é aerodinamicamente impróprio para um velocista, a de Bronson é a bebida sempre levada num frasco metálico. Tanto a jaqueta quanto o frasco são amarras que os personagens têm, um porto seguro que cada um, dentro de sua própria jornada, deve abandonar para seguir adiante.

A história de Eddie “Á Aguia” Edwards é muita de nicho e muito desconhecida do público em geral. E é bom não sabermos o resultado de Voando Alto. Existem outros filmes baseados em fatos reais que funcionam mais pela tensão, mesmo sabendo o desfecho. Em nome da diversão, é válido não conhecer o resultado, pois o diretor tem êxito em nos divertir junto de Eddie, descobrir e aprender as coisas com ele. E, eventualmente, sentirmos as dores numa das suas inúmeras quedas. Seja pela inspiração ou pela diversão pura e simples, é uma produção que não chega a decepcionar ninguém.

Sinopse oficial

O filme detalha as façanhas inspiradoras de Michael Edwards, mais conhecido como ‘Eddie The Eagle’, o mais famoso atleta de esqui da história britânica. O filme retrata a abordagem sem temor da morte de Edwards no esporte, celebra o espírito humano e a resiliência em face a dificuldades e desafios extraordinários. Taron Egerton, que fez sua estreia no cinema em Kingsman: Serviço Secreto, vive Eddie The Eagle na telona, e Hugh Jackman interpreta um especialista em saltos de esqui que ajuda no treino de Eddie para os Jogos Olímpicos de Calgary.”

 

Voando Alto - Pôster brasileiro

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".