Vida | Crítica | Life, 2017, EUA
Vida homenageia tanto outra grande franquia do terror especial que acaba se perdendo e ficando sem alma.
Elenco: Jake Gyllenhaal, Rebecca Ferguson, Ryan Reynolds, Hiroyuki Sanada, Ariyon Bakare, Olga Dihovichnaya | Roteiro: Rhett Reese, Paul Wernick | Direção: Daniel Espinosa (Protegendo o Inimigo) | Duração: 103 minutos
Imagine caminhar no calcanhar de gigantes, com comparações inevitáveis. Espinosa optou, mesmo com um orçamento e um elenco de peso em mãos, fazer uma grande homenagem ao gênero do terror espacial em Vida: nada de original, sem deixar de apontar essas influências, tanto clássicas quanto as mais modernas. Isso, em geral, deixa a produção com um ar de pouca personalidade, mas que ao menos tem momentos de tensão que serão suficientes para deixar o espectador atento e preso na história. E com pouquíssima ousadia, a história acaba valendo a pena mais para caçar as referências a entender a história em si.
Ainda no primeiro ato, um dos personagens diz que a tentativa de ressuscitar a forma de vida marciana inerte lembra A Hora dos Mortos-Vivos (Re-Animator, 1985, Stuart Gordon) e isso já é suficiente para jogar o filme no território do terror. O que fica claro é que o filme é uma grande homenagem – alguns poderiam até dizer plágio – do mais conhecido filmes do gênero, Alien: O Oitavo Passageiro (Alien, 1979, Ridley Scott), com uma aproximação mais, realista por assim dizer, e perto da nossa realidade, também influenciada por Gravidade (Gravity, 2013, Alfonso Cuarón). A cena inicial em plano-sequência com cinco minutos sem cortes em gravidade zero mostrando os detalhes da tripulação e da estação e com David Jordan (Gyllenhaal) prestes a bater o recorde de permanência no espaço confirma isso.
Mesmo que o começo tente enganar o espectador – algo que o diretor vai fazer mais de uma vez – com uma música épica trilha sonora de Jon Ekstrand, que representa a grandiosidade da descoberta do sexteto multicultural estacionado na ISS, Reese e Wernick não demoram em jogar referência atrás de referência na tela que nos remetem os percalços da Nostromo, com lança-chamas, uma entidade biológica pulando na cara dos personagens e que se locomove pelos corredores. No entanto, para deixar a narrativa mais próxima do nosso mundo, Calvin (o apelido que o ser alienígena recebe) é uma versão exacerbada do tardígrado.
A partir disso fica difícil desassociar as obras que estão distantes por quase 40 anos. Se há alguma originalidade, é como os tripulantes da ISS tentam se livrar de Calvin, levando em conta o que ele é: um ser vivo. Há momentos do filme que são convenientes demais, como a curva de aprendizado do alienígena, mas que podem ser desconsiderados se levarmos em conta que a história é também uma ficção científica. Outra questão problemática é que esse causador de tumultos – não é à toa seu nome ser Calvin –, tão dotado de inteligência e determinação, já é ultrapoderoso rapidamente, sem deixar espaços para surpresas.
Cheio daquelas pistas e recompensas que vão fechar as pontas da narrativa, a cada momento que notamos que a história está chegando à conclusão, fica mais difícil de extrair alguma coisa dela. Não quer dizer que seja uma experiência maçante – ao contrário, o ritmo do filme, com exceção do prólogo, ajuda muito para que isso não aconteça – mas apenas já tantas vezes visitada que não é de se espantar sair da sala de cinema com uma sensação de dejá vù. Pode servir para quem está começando a conhecer esse estilo com esse filme, mas não para quem já tem um mínimo de conhecimento cinematográfico.
Com pouco de original e com pouco discurso Vida é uma homenagem tão grande ao gênero de terror espacial que se perde dentro de si mesmo – jogar referências uma atrás da outra não faz um filme, como podemos perceber nas inúmeras comédias que a partir dos anos 2000 quiseram homenagear os anos 1980. Um neófito cinematográfico pode sair da sessão capturado pela tensão e proximidade com o cenário de hoje – a própria ISS, a menção ao Instagram – mas ao descobrir a fonte posteriormente, é bem provável de sentir a experiência diminuída dessa produção que é a reimaginação do xenofomorfo criado por Ridley Scott, mesmo com o corajoso final.
Vida | Trailer
Vida | Pôster
Vida | Galeria
Vida | Sinopse
Uma missão estacionada na Estação Internacional finalmente descobre a primeira prova irrefutável de que existia vida em Marte: um microrganismo que foi levado à ISS é ressuscitado pelos cientistas lá estacionados. A partir dessa descoberta, tudo a bordo começa a mudar.
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