Velozes & Furiosos 7 | Crítica | Furious 7, 2015, EUA

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Velozes e Furios 7 | 2 de abril nos cinemas

Com Vin Diesel, Paul Walker, Dwayne Johnson, Michelle Rodriguez, Jordana Brewster, Tyrese Gibson, Chris Bridges, Lucas Black, Kurt Russel, Nathalie Emmanuel, Djimon Hounsou e Jason Statham. Roteirizado por Chris Morgan. Dirigido por James Wan (Invocação do Mal).

8/10 - "tem um Tigre no cinema"Vou começar com as mesmas palavras que escrevi na crítica de Velozes & Furiosos 6 (Fast & Furious 6, 2013, Dir Justin Lin). O que temos é Velocidade! Ação! Tiros! Explosões! Cortes rápidos! Isso quer dizer que o filme é a mesma porcaria? Felizmente, não! Porque diferente do seu antecessor, esse é uma produção mais coesa e com mais foco, isso graças à direção de James Wan, saindo do terror e visitando um universo que conhece pouco. Com uma pegada regada à diversão, aventura e uma dose de conveniências – bem grandes, daquelas que não permitem que o filme ganhe uma nota maior – Velozes & Furiosos 7 é a melhor sequência do original de 2001.

Sinopse oficial

“Velozes & Furiosos 7 retoma a história mais de um ano depois que a equipe de Dom (Vin Diesel) e Brian (Paul Walker) retorna aos Estados Unidos, todos anistiados. Eles estão se adaptando à vida normal, dentro da lei, mas a vida na terra natal adquire um certo aspecto surreal. Dom tenta desesperadamente reatar com Letty (Michelle Rodriguez), enquanto Brian luta para se acostumar à vida suburbana com Mia (Jordana Brewster) e seu filho, e Tej (Chris Bridges) e Roman (Tyrese Gibson) comemoram a liberdade vivendo uma vida de playboys. Mas nenhum deles imagina que o perigo está a caminho na forma de um mercenário britânico frio e assassino que tem contas a ajustar.”

É muito importante não se apressar em julgar o filme ou, pior ainda, compará-lo fora de seu contexto. Você que consome apenas os chamados filmes de arte, não espere uma filme profundo, desafiador ou contestador. Já você que é fã da franquia, não use a velha desculpa de desligar o cérebro. Assim, você chama o espectador de incapaz de perceber o que o filme tem. E qual é o discurso? É algo tão simples quanto o seu conceito. Hoje, Dom, Letty, Brian e outros representam o conceito que deve ser a família (diferentemente do discurso atual na câmara dos deputados no Brasil): uma que não seja necessariamente ligado por laços de sangue. E isso é muito tocante.

Mas, é verdade, as cenas de corridas, closes de bundas e mulheres de biquínis distraem a atenção, e abre-se outra discussão. Esse é um filme para, basicamente, homens heterossexuais que gostam de tiro, carros e mulheres seminuas. Ainda assim, não posso chamar o filme de machista. Sim, há alguns clichês desse mundo, como os closes já citados e Hobbs salvando a parceira da morte certa. Porém, não podemos nos esquecer de como Letty não é tratada como inferior (apesar do fato dela estar viva ainda me irrita). Ela tem função vital na produção, sendo uma heroína e uma mulher que consegue se virar sozinha quando precisa. Faltou ela encarar um homem cara-a-cara para melhorar esse esquema, mas o filme já é demasiadamente longo.

Por ser uma continuação – quase – direta do filme de 2013, é fácil coloca-lo mentalmente lado-a-lado, e apreciar a justa evolução da direção. Wan está acostumado em nos assustar, e com competência, com os movimentos de câmera. Pela proposta, o diretor abandona o modo mais calmo de filmar e aposta na rapidez. Ainda assim, ele acha alguns espaços para fixar a câmera, e temos momentos tocantes envolvendo Dom e Letty, com destaque para a cena do cemitério e do elevador em Abu Dahbi. E ele continua a nos enganar ao usar closes, como a primeira vez que Brian aparece na tela. Se antes ficávamos surpresos com um susto que vinha num anti-raccord – não acompanhando a câmera, fazendo o movimento oposto – essa cena do personagem ao volante ira te trazer um sorriso ao rosto por ser inesperado de seu próprio jeito.

No entanto, Wan se perde por alguns momentos ao tentar emular o estilo de câmera do filme anterior. É difícil entender como um diretor que apresentou um plano-sequência com entrecortes acelerados na cena inicial, onde vemos Deckard Shaw (Statham) – que estava na cena extra do filme anterior – e todo seu estrago, usar uma câmera nervosa na conversa entre Dom e Mia num travelling circular infinito que, junto do efeito 3D, chegar a enjoar. O que me faz pensar se é algum tipo de assinatura imposta pelos produtores para ligar os filmes, já que uma cena bem parecida acontece entre Dom e Letty na produção de 2013.

Também seria fácil dizer que a história é de menos, pois não se dá o devido crédito à evolução de Chris Morgan. O trabalho anterior é pífio, enquanto esse é bem espirituoso. Desde o começo, seu roteiro nos dá motivo para comprar o novo vilão. Em primeiro lugar, a luta que Deckard faz para poder visitar o irmão no hospital não é mostrada. Vemos só o resultado final, com doze ou mais policiais de elite mortos ou seriamente feridos, enquanto o personagem não tem um arranhão. E ainda bem que não demora muito para ele mostrar suas habilidades ao encarar mano-a-mano Hobbs. É verdade que é em questão de massa muscular Dwayne Johnson é muito superior, mas Staham vem com uma bagagem cultural de filmes em que ele enfrentou outros brutamontes. E apesar da luta ser bem pesada, ela acaba do único jeito possível: com uma explosão que faz o grandalhão agente federal cair de nada menos do que quatro andares em cima de um carro. Sim, é tão incrível quanto parece.

Nem tudo corre às mil maravilhas. A história alterna momentos impressionantes, dignos de palmas de empolgação com outros que são de uma conveniência de amargar. A franquia adotou o estilo de superar suas próprias audácias a cada filme, e nesse, eles vão realmente para as alturas. Apesar das leis da física não serem tão esticadas quanto no filme anterior, é impossível não vibrar com o plano do grupo para resgatar a hacker Ramsey (Emmanuel). E é impossível acreditar que isso funcione no mundo real. De certo modo, a continuação continua respeitando o seu próprio universo, mas também adota soluções menos fantasiosas.

Por outro lado, é difícil não notar como o roteiro convenientemente resolve situações. Há um momento em que Dom está encurralado pelos capangas de Jakande (Hounsou), que não atiram no carro dele por ele estar encoberto de poeira. Mas não havia motivo para isso, visto que o carro era o único alvo possível, e todos os inimigos estavam do lado oposto. Ou pior. Por algum motivo mágico, Shaw sempre encontra o grupo de Dom. Sempre, sem exceção. Isso antes de aparecer um aparelho claramente inspirado em Person of Interest, que é o alvo de atenção do Sr Ninguém (Russel). Para fechar com chave de ouro, há uma cena que não pode ser chamado menos do que ex-machina protagonizado por Hobbs, mas que não será comentado pelo bem da surpresa.

Apesar de ser um filme longo, ele não chega exatamente a cansar. Mas uns vinte minutos a menos na narrativa não fariam mal, e por seu estilo vídeo game com chefes, sub-chefes, missões e sub-missões que aparece de tudo um pouco – militares, hackers, grandes vilões – precisamos de alguns momentos para respirar e pensar. E eles existem, apesar de bem curtos.

Esse é um filme para a sua audiência. Apesar de ter impressionado até a mim, que não sou fã da franquia, é notória a disposição de eventos para tentar fechar as histórias voltando a elementos anteriores. Entre as frases de efeito cheias de graças, há uma nostalgia. Então, Dom volta a usar seu carro preto de estimação, Brian relembra o momento que conheceu Mia e, para o confronto final, veste de novo o colete do FBI. E ligando os outros filmes, acontece uma homenagem ao falecido Paul Walker. Sabemos que ele não vai estar mais lá, e não queremos nos despedir. E o momento em que isso acontece não é menos do que emocionante, numa cena tão poética, que facilmente tocará não só os fãs.

Velozes e Furiosos 7 | Pôster nacional

Depois de tanto ação, precisamos de um descanso. E é isso que a franquia precisa. Uma pena que o dinheiro fala mais alto, e uma última (?) parte está programada para 2017. Velozes & Furiosos 7 se destaca dos seus antecessores por ter uma trama mais interessante e ser tecnicamente melhor produzido. Até a fotografia de Stephen F. Windon e Marc Spicer é brilhante, compensando o efeito que as lentes dos óculos 3D dão – apesar dele em si ser praticamente inexistente, ao não aproveitar a profundidade de campo. Falando em descanso, isso é algo que não acontece na música de Brian Tyler, que só desaparece em poucos momentos, um deles bem simpático, para que possamos ouvir o canto dos pássaros. Outras coisas compensam, principalmente a movimentação de câmera de Wan, passando pelos momentos já citados até o jeito em que ele acompanha os personagens em movimentos e quedas por aí. Esse não será um filme que vai mudar a sua vida. Mas com certeza, vai te tirar de uma realidade simples. Precisamos disso de vez em quando.

Veja o trailer de Velozes & Furiosos 7!

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".