Universidade Monstros | Crítica | Monsters University, 2013, EUA
Universidade Monstros é pouco cativante, mas com certeza agradará as crianças com situações engraçadas e personagens multicoloridos.
Com Billy Crystal, John Goodman, Steve Buscemi, Joel Murray, Sean Hayes, Dave Foley, Peter Sohn, Charlie Day, Frank Oz, Helen Mirren e Alfred Molina. Roteirizado por Daniel Gerson, Robert L Baird e Dan Scanlon. Dirigido por Dan Scanlon.
Durante a projeção de “Universidade Monstros” a sensação que se tem é que estava tudo bem. Nada fantástico, nem original, apenas bem. A Pixar carrega um estigma de qualidade nas suas produções, e é normal existirem algumas com menos corpo do que as outras, fora a questão técnica da animação. Trazendo alguns momentos engraçados, o novo filme passa pelo crivo da criançada, com muitas cores e personagens que já eram divertidos. Mas a história em si é pouco cativante, e mostra a falta de criatividade que a empresa está perigosamente seguindo.
Mudando o foco do original, o filme tem como protagonista Mike Wazowski (Crystal) que desde uma visita na Monstros SA quando era pequeno, sonha em ser um assustador profissional. Depois de crescido – mas não muito – ele vai para a Universidade Monstros, e se inscreve na Escola de Sustos para realizar seu sonho. Lá ele conhece o relaxado James P “Sulley” Sullivan (Goodman), o monstro verde e enorme que já é famoso por causa do nome de família. Durante o semestre, Mike e Sulley se confrontam para ver quem será o maior assustador da turma. O ciclope acredita que o talento pode ser adquirido de estudo, enquanto o grandão tem um talento nato. Nessa briga entre os dois vamos conhecer novos personagens, e revisitar antigos enquanto os dois tentam se formar, cada uma a seu jeito.
O universo dos monstros é expandido nessa aventura. Conhecemos o lado de fora durante o dia, mostrando ruas, ônibus em que os faróis tem formato de estaca, e animais parecidos com os nossos, com uma pomba com duas cabeças, sendo uma bem monstruosa. O jovem Mike, que quando criança é bonitinho demais pra ser assustador, já é colocado a parte dos seus colegas de classe. Baixinho, ele é quase invisível. Mas impossível não gostar da cara de felicidade com um sorriso de orelha a orelha quando ele consegue invadir a segurança da fábrica, e invadir o mundos dos humanos, ganhando elogios de um monstro mais experiente. Os créditos de abertura fogem do 3D e mostram os planos de Mike enquanto vai crescendo, e é de um bom gosto incrível.
De novo, o visual é riquíssimo dentro da Universidade: existem monstros de todos os tipos, formatos e características, e a arquitetura dos prédios tem uma aspecto ameaçador, com ambientes de poucas janelas e sombria por dentro. Típico de filmes do estilo, a diretora da Escola de Sustos é assustadora dentro do próprio universo, o que já é um arquétipo batido. Dean Hardscrabble (Mirren) é uma mistura de lacraia com algum ser alado, sempre se acha certa e mantém um ar de superioridade. Existem outros personagens novos, e a novamente vemos Randall “Randy” Boggs (Buscemi), o desafeto da dupla do primeiro filme. Mas não são personagens marcantes, pelo menos não quanto Mike e Sully e a fantástica Boo.
Também é interessante a construção do universo. Enquanto ficamos restritos à fábrica no filme anterior – e alguns lugares externos que ficam no caminho entre a casa de Sully e Mike – esse filme expande mostrando outras partes que não vimos, herois que inspiraram a geração de assustadores, e a personalidade do tipo monstruoso que é tem muito do nosso universo. É impagável a cena quando a mãe de um dos personagens diz que vai esperar o filho e os amigos no carro enquanto fica ouvindo as suas musiquinhas, que é um death metal dos mais pesados.
Tecnicamente, é um filme fantástico. Parece que existe pouco para a Pixar evoluir no quesito – fazer a água parecer mais real deve ser o próximo passo. Os pelos de Sully são visíveis um a um; a pele de Mike tem uma textura com pequenas imperfeições e as escamas de Randall parecem ter sido colocadas uma a uma. É uma pena que mesmo nativamente em 3D, o diretor não saiba usar o efeito com qualidade. Além de usar a pequena profundidade de campo, a fotografia é escurecida pelos óculos. Portanto, compensa a visita na seção 2D.
“Universidade Monstros” é um filme de amizades, com personagens a parte da sociedade competindo com gente maior, mais forte e mais atraente – mesmo para os padrões monstruosos – e que contam com um amigo grande expulso de outra fraternidade para poder equilibrar as coisas. É impossível não nos lembrarmos de “A Vingança dos Nerds” (Revenge of the Nerds, 1984), onde a estrutura é bem parecida. Além disso, existem os problemas básico de todo prequel, já que apesar de vermos o esforço de Mike, sabemos que ele nunca será um assustador; ou que Randall será o babaca da vez – e a transformação de personalidade dele dentro do filme é mal desenvolvida – e que Sully será uma grande lenda na empresa, não importando o que. Ligeiramente divertido, é um filme que vai vender bonecos, e chamar muita gente para o cinema por conta de personagens tão admirados. É uma pena que a história seja mediana – e o curta que acompanha o filme, O Guarda Chuva Azul (The Blue Umbrella) é mais sem graça ainda – e que a Pixar não arrisque mais em novidades. Agora é esperar, já que temos três filmes originais para estrear entre 2014 e 2015. Nesse meio tempo só podemos nos lembrar das emocionantes obras que a empresa nos trouxe e torcer para que as coisas melhorem.
Existe uma cena pós-créditos. Então, tenham paciência.
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