Uma Verdade Mais Inconveniente | Crítica | An Inconvenient Sequel: Truth to Power, 2017
Apesar de tocar num problema verdadeiro, Uma Verdade Mais Inconveniente serve mais para enaltecer a figura de Al Gore.
Preciso ser bem claro quanto a isso: aquecimento global é uma coisa real e nós, a raça humana, somos responsáveis. Dito isso, Uma Verdade Mais Inconveniente é importante por escancarar essa realidade, mas provavelmente não será assistido por nenhum negacionista. É sim um filme feito para quem já acredita e é militante da causa – mas o que realmente prejudica a produção, cinematograficamente falando, é o grande foco em Al Gore. O problema do documentário não é ser alarmista ou panfletário, pois a situação exige, mas sim mostrar que o ex-vice-presidente e ex-senador quase como o único político no mundo livre que vê o grande problema é faz alguma coisa.
O filme começa com uma impressionante imagem de uma grande geleira derretendo e se colapsando no Ártico, um lugar onde Al Gore encontra alguns cientistas para discutir a questão do clima. Isso serve tanto quanto impacto visual quanto simbólica: apesar de uma minúscula parcela de cientistas negarem o que está acontecendo – além de um bando de gente que dá sua opinião pelo que estão sentindo no dia, desde Donald Trump até Carlos Bolsonaro – as imagens que aparecem no filme apenas apontam o óbvio. O planeta está passando por questões urgentes e os grandes poluidores ainda se preocupam em pensar em questões econômicas.
Basicamente, o filme tem um tom alarmista porque a nossa situação é alarmante. Então Al Gore é mostrado no que parece ser um frenesi, como se gritasse por uma explicação dos líderes mundiais. Ao mesmo tempo, parece atuação. Também é verdade que os noventa minutos do documentário que pavimentam o caminho de Gore até a Conferência do Clima em Paris (2016) é uma grande apresentação de recrutamento. E bem convincente, inclusive. Quem é fissurado pelo tema – eu me incluo – tem vontade entrar no site, se inscrever como um dos agentes do programa e pegar aquele broche redondo e verde para pendurar na camisa. Sendo essa a intenção principal do filme, é muito funcional.
A produção, porém, trata Al Gore quase como um super-herói. Notem como a trilha sonora de Jeff Beal, alguém muito acostumado com trilhas jazzísticas, tem algo de blockbusters e como se encaixaria perfeitamente num filme da DC ou da Marvel. Nisso o documentário incomoda até quem é partidário do idealismo do ex-senador do Tennessee – no tocante da análise fílmica. Para completar a pintura, só faltou algum grande complô no estilo Judas e Jesus para completar a figura quase messiânica que Cohen e Shenk entregaram. Gore, na visão dos dois diretores, é um cavaleiro solitário contra as grandes potências e poderes estabelecidos e somente esse grande herói tem a capacidade e inteligência para nos salvar.
O que compensa são os momentos chave dos filmes, sendo alguns bem marcantes e outros que beiram o conspiratório – pois os ataques à cidade de Paris em novembro de 2015, que incluiu a tragédia no Bataclan, aconteceram no dia que Gore e a sua equipe participavam de uma transmissão no estilo maratona pela internet de questões climáticas (ninguém diz nada, apenas para constar). Mas como numa jornada heroica, Gore passa de empresários para presidentes, numa missão incansável e encontrando um opositor nas recentes declarações do agora Presidente Trump – o que é até divertido.
Uma Verdade Mais Inconveniente pode sim se dar ao luxo de ser parcial: é uma produção que acredita no tema e quer vender essa ideia para quem acredita, mas não age, e também para aqueles que tem dúvida. Por ser um documentário, é mais difícil de atingir maiores camadas da população; pior para quem sequer quer ouvir o outro lado. Essa última parcela representa bem a situação que nos encontramos, onde é tudo uma situação de extremos, nós contra eles. O tom do filme, claro, pende para um lado, mas não aponta dedos para ninguém em especial, apenas para a raça humana como um todo, mas abre um diálogo ao perguntar onde está o Líder do Mundo nessa situação alarmante.
O filme fez parte da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo de 2017 e estreia no mercado nacional dia 09/nov/2017
Elenco
Al Gore
Direção
Bonni Cohen
Jon Shenk
Roteiro
Al Gore
Fotografia
Jon Shenk
Trilha Sonora
Jeff Beal
Montagem
Don Bernier
Colin Nusbaum
País
Estados Unidos
Distribuição
Paramount Pictures
Duração
80 minutos
O documentário acompanha mais uma vez o ex-vice-presidente dos EUA Al Gore na missão de alertar o mundo da realidade do aquecimento global, enquanto se prepara para a reunião da Conferência do Clima em 2016 na França.
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