Uma Aventura Lego | Crítica | The Lego Movie, 2014, EUA
Uma Aventura Lego, um filme onde Tudo é Incrível, que atende tanto pais como seus filhos e com viradas inteligentes no roteiro.
Com Chris Pratt, Will Ferrell, Elizabeth Banks, Will Arnett, Charlie Day, Liam Neeson, Morgan Freeman, Channing Tatum, Jonah Hill, Cobie Smulders, Anthony Daniels, Keith Ferguson e Billy Dee Williams. Roteirizado por Phil Lord e Chris Miller. Argumento de Dan Hageman, Kevin Hageman, Phil Lord, Chris Miller. Dirigido por Phil Lord e Chris Miller (Tá Chovendo Hambúrguer).
Há duas qualidades em um filme infantil que o fazem marcante: não tratar as crianças como idiotas e não ser uma penúria para os pais assistirem. Assim é “Uma Aventura Lego”. Essa produção multicolorida traz elementos que fazem parte da imaginação da criança, e com seu roteiro leve, dinâmico e divertido, se torna uma atração digna de nota para qualquer idade. Apostando numa certa nonsense, o filme desafia a lógica adulta, mas é incrivelmente justificada ao emular a imaginação infantil, o que se mostrou um grande desafio, tanto quanto animar peças Lego.
Emmet (Pratt), um cara comum de um universo Lego, é confundindo por Megaestilo (Banks) como “O Especial”, profetizado por Vitruvius (Freeman) como aquele que impedirá o Sr Negócios (Ferrel) de usar a “Cluca”, a arma mais poderosa do universo, para colocar todo o universo na ordem que o vilão tanto almeja.
O que salta aos olhos à primeira vista é o universo criado em tela. Tudo, absolutamente tudo é feito de Lego. Não só os personagens, mas também a água, lava, fumaças, tiros, explosões e raios laser, usando técnicas de computação gráfica e captura de movimentos. Os cuidados do design de produção chegam ao ponto de aplicarem nas peças animadas pequenos defeitos de uso, como se tivessem sido muito manipuladas. Isso faz os objetos em tela parecerem reais, como se os cenários fossem montados em stop motion. E foi tudo tão acertado, mantendo até a limitação das peças Lego, visto quando Emmet pratica polichinelos para se aquecer, e ele não consegue fazer nada além de jogar as pernas e os braços pra cima e pra frente, o que é genial e extremamente cômico.
E faz todo o sentido os Construtores como Megaestilo usarem os construtos em volta para criarem motos, naves e outras máquinas para fugir ou enfrentar o Sr Negócios. Por ser um filme de comédia, as piadas são constantes e algumas envolvem a natureza dos personagens. É impossível não rir quando Emmet está na Construção e cai por meio de dutos e desmonta durante a queda. Ou quando usa a própria cabeça para substituir a roda de uma carroça.
A marca Lego é licenciada para vários outros universos de filmes e vida real, o que traz participações especiais que divertem ainda mais. Batman (Arnett), é um herói com direito à todos os gadgets do personagem, e se torna companheiro da missão de Emmet. Ele namora Megaestilo, que faz questão de dizer que o namorado é muito sinistro, mas se você não assistiu o trailer, existe uma surpresa, já que não dá pra imaginar que ele seja tão sinistro assim. E as outras participações especiais como Gandalf, Dumbledore – que protagonizam um dos melhores momentos curtos do filme – e de membros da Liga da Justiça Superman (Tatum), Lanterna Verde (Hill) e Mulher Maravilha (Smulders) são outros momentos divertidos.
Um personagem que acaba roubando a cena é o Guarda Mau (Nesson), que divide a personalidade com a do Guarda Bom, aqui um estereótipo divertidíssimo, já que eles são a mesma pessoa. A mania da personalidade Má de ficar chutando cadeiras na suas explosões de raiva são momentos muito simpáticos do personagem.
Por ser um filme para crianças, existem algumas cenas que tem jeito de Deus Ex-Machina. Por exemplo, quando Emmet, Megaestilo, Batman e outros bonecos estão bolando um plano para invadir o prédio do Sr Negócios, eles precisam de um hiperdrive. E quando Batman, no seu mau humor característico, diz “E onde é que a gente vai conseguir um Hiperdrive?”… aparece a Millenium Falcon, pilotada por Han Solo (Ferguson), C-3PO (Daniels) e Lando Calrissian (Williams). Óbvio que é uma com soluções muito conveniente, mas que é justificada de uma maneira também óbvia e tão linda que dá vontade de aplaudir de pé.
A produção traz alguns momentos especiais para os adultos. A viagem que Emmet faz ao encontrar o supressor da Cluca lembra muito o encontro de Dave com a raça alienígena em “2001 – Uma Odisseia no Espaço” (2001 – A Space Odyssey, 1968), e quando o personagem aceita pagar 37 dólares num café e achar tudo incrível são as partes mais claras. Outra é um recado para os pais e o jeito que tratam seus filhos. Isso é feito inicialmente na interferência que o real tem no mundo Lego, e é explorada perto do fim do 3º arco do filme.
“Uma Aventura Lego” é uma história vários momentos divertidos, imaginativos e emocionantes. A piadas tem um timing impagável em todos os arcos. Mais um que fica na memória é quando o Sr Negócios está atacando a cidade e todos entram em desespero ele diz, ironicamente, “Ah sim, vai adiantar muito gritar e correr”. Traz também um 3D muito bem usado, mas que é ligeiramente prejudicado por escurecer a fotografia por causa das lentes do óculos. Bem da verdade, tudo funciona. Até mesmo a dublagem nacional, apesar de se perder uma piada ou outra em inglês (aparece um “Rest in Peaces” determinado momento). Porém, nada estraga a experiência que agradará os mais novos e mais velhos. Em outras poucas palavras: diversão garantida para todos. Leve seus filhos!
Veja abaixo o trailer legendado de Uma Aventura Lego