Sono Mortal | Crítica | Dead Awake, 2017
Sono Mortal é tão fraco que não tem força nem para sair da cama.
Creio que não há melhor título para Sono Mortal, um filme que te leva para um caminho do sono durante seus minutos intermináveis. Jeffrey Reddick e Phillip Guzman, num misto de homenagem à um grande clássico do terror misturando-se com a realidade da paralisia do sono, entregam uma produção de tão baixa qualidade que parece um projeto saído do trabalho de conclusão do curso de cinema da faculdade. Não é só a questão dos atores e atrizes fracos: é a história que não empolga, linhas de diálogos sem poder, conveniências e decisões nada sensatas dos personagens. Além de querer assustar a plateia com sustos fáceis, com gritos e jogando coisas na nossa cara.
Reddick usa as gêmeas Kate e Beth (Donahue) para brincar de yin e yang, personagens tão ligadas ao ponto de sentir o que a outra sente. Logicamente isso só acontece quando o Beth deixou esse mundo. E há uma vantagem nisso: não precisamos mais sofrer duplamente com a atuação fraca da atriz. É injusto dizer que o problema está na profissional, porque todos os atores e atrizes, sem exceção, não criam empatia com o espectador – um ou dois é compreensível, mas fica claro no decorrer da história que Guzman não é só um diretor fraco de cenas; ele é um péssimo diretor de elenco.
Há uma honesta tentativa do diretor de separar as personalidades das irmãs por signos visuais. Beth é mais fechada na sua expressão corporal e tanto o corte quanto a mecha branca que se destaca nos cabelos pretos são partes interessantes da sua personalidade – a cor é um indicativo do medo. Kate é mais moderna, como podemos ver pelo coque que a jovem usa, expansiva e sociável. O que nem sempre é suficiente para diferenciar quando o que está acontecendo com qual personagem, o que é um alívio quando uma das irmãs deixa a narrativa.
É impossível não notar a homenagem – ou melhor dizendo, a cópia – de A Hora do Pesadelo. É uma coisa tão descarada que é possível perceber bem antes do filme acabar como se dará a solução, pois está tudo lá: um ser vingativo que só tem poder no mundo dos sonhos, a contaminação dos amigos e as tentativas falhas de combater o mal com a medicina. E apesar dos recortes de jornal no começo apontarem para a questão real do problema, a história não se preocupa em dizer que essa é uma história sobrenatural, algo visto pelos movimentos plongés da câmera de Guzman, mostrando que ele entendeu seus antecessores em alguns quesitos.
Se fosse um pouco mais curto, possivelmente a experiência não seria tão irritante. Mas começamos a nos perguntar, por exemplo, para que serviu a viagem para visitar o vlogger que diz ter descoberto como afastar a Bruxa Velha (Jones) – qualquer youtuber de verdade já teria contanto sua experiência em vídeo com o título “Trollei a Bruxa e olha o que aconteceu”. Ou por que Kate não olharia a pintura que Evan (Bradford) pinta com tanta obstinação. Não só isso, nos descolamos desses personagens pela estupidez coletiva, seja pela insensatez de dirigirem à noite quando estão há 48 horas acordados, na patética cena que o especialista em ciência do sono derruba no chão e o fato de Kate e Evan não levarem outra seringa consigo.
A não ser que a intenção fosse mostrar o filme para crianças e esperar que elas chorassem a cada grito da Bruxa, essa é a produção que falha em todos os sentidos. Além de óbvio, Sono Mortal não empolga, é terrivelmente produzido e atuado e comete o pior pecado dos filmes de terror: não assusta. Poderíamos deixar passar o fato de ser uma produção muito barata e com tons de cinema trash se pudéssemos nos divertir ou fazer parte da história de alguma maneira. Porém, isso não é alcançado nem pela equipe, inclusive transparecendo uma falta de vontade de contar uma história boa, nem pelos personagens bidimensionais que, sinceramente, pouco nos importam se morrerão ou não.
Elenco
Jocelin Donahue
Jesse Bradford
Jesse Borrego
Brea Grant
James Eckhouse
Lori Petty
Direção
Phillip Guzman
Roteiro
Jeffrey Reddick
Fotografia
Dominique Martinez
Trilha Sonora
Marc Vanocur
Montagem
Peter Devaney Flanagan
País
EUA
Distribuição
Aristar Entertainment
Duração
99 minutos
Depois da morte da irmã gêmea, Kate desconfia que o que levou Beth desse mundo não foi um problema causado pela paralisia do sono e sim um mal muito antigo.
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