Shazam! | Crítica | Shazam!, 2019
Shazam! vai além da diversão e consegue ser espirituoso, cheio de aventura e ainda consegue tocar num ponto delicado sobre o que é ser uma família.
A escalada desde o filme da Liga da Justiça (Justice League, 2017, Joss Whedon) encontrou seu pico em Shazam!, um filme feito para que sentia falta de cores e do fator diversão nos filmes da DC Comics no cinema. Mostrando versatilidade, o diretor mescla risos, aventura e passa a experiência de como seria alguém tão jovem ter os poderes para fazer tudo o que sempre quis e sabendo que isso de pureza não deve ser tratado tão literalmente. Na verdade, Sanderberg concluí, é que temos o potencial para bem ou para o mal e que nem sempre as tradições servem para nós colocar no caminho certo. Se antes éramos humanos entre semideuses, agora é hora de encontrar um herói dos dois mundos.
Para quem conhece dos quadrinhos a missão do Mago Shazam (Hounsou), sabe que procurar alguma alma bondosa e pura de coração é uma tarefa hercúlea como o H de seu nome. Em décadas, talvez séculos, sua procura teve que se contentar alguém não tão perfeito assim como Billy Batson (Angel). Há outros motivos que mostram que esse é um filme da nossa geração, e entraremos nos outros mais à frente. Você, provavelmente, já ouviu ou caiu no discurso de que pioramos a cada geração. Mas ao introduzir o filme com a origem da obsessão de Sivana (Strong) e não do Capitão Marvel/Shazam (Levi) – que será chamado só por seu novo nome -, os roteiristas mostram que não é bem assim.
E como todo grande herói, Billy está procurando um norte: no caso, saber o paradeiro de sua mãe verdadeira. Na gênese das maiores dos personagens heroicos, existe o elemento da orfandade ou da figura de um progenitor ausente – Superman, Batman, Hércules, Jesus, você pode escolher – e o próprio Shazam o era na sua versão original. Aqui, o jovem perdido tem várias oportunidades de ter uma família e nega todas. Enquanto isso, um Sivana já adulto e possuidor dos poderes do Sete Pecados Capitais segue o caminho inverso dessa jornada estabelecida pelos clássicos ao assassinar sua família e escolhendo ficar órfão, se transformando num vilão no sentido mais extremo da palavra.
Apesar desse pano de fundo dramático, a produção é própria para levar as crianças – apesar de uma cena, ainda no começo, assistimos a uma pessoa ser decapitada. A aventura tem ecos em outras produções: a passagem de uma dimensão para a outra lembra a do Delorean em De Volta Para o Futuro (Back to The Future, 1985, Robert Zemeckis) e a missão do Mago parece a do cavaleiro templário de Indiana Jones e a Última Cruzada (Indiana Jones and the Last Crusade, 1988, Steven Spielberg e George Lucas). Mas não falta charme próprio ao filme. O elemento mais interessante é ver Shazam, um homem crescido com alma de criança, interagindo com Freddy (Grazer) e o que dois moleques fariam se ganhassem super-poderes ou, mais simples ainda, simplesmente poderem agir como adultos.
Isso traz em si um resgate para os adultos e uma fascinação para as crianças. Os mais velhos com certeza se identificaram com as contravenções que Billy e Freddy fazem. E as crianças vão imaginar como seria se fosse com elas. De novo volto a dizer sobre esse ser um filme da nossa geração. A produção de Sandberg não é nostálgica ou retrô, mas une duas gerações como poucos filmes de aventura tem feito, passando daquela máxima que os filmes de heróis têm primado muito na Casa das Ideias que é simplesmente ser divertido. E sim, o novo filme do Universo Estendido DC é muito engraçado e vão tirar risos e gargalhadas, mas não fica apenas nisso.
Vindo do universo do terror, Sandberg mostra versatilidade ao encarar uma aventura dessas e entender como funciona esse encontro de mundos, com esse personagem que não é adulto, mas que precisa encarar os desafios que lhe foram impostos. É verdade que o peso que o Mago coloca nos ombros de Billy é injusto, mas remete a algo que aprendemos sobre potencial que temos. Billy não é o ideal, talvez não exista alguém suficientemente digno de um poder tão grande, mas ao passar seu nome para o jovem, o último dos magos da Pedra da Eternidade dá um salto de confiança e acreditando, ao contrário da crença popular, que a próxima geração será melhor que a anterior.
Existe inclusive um cuidado visual para que esse trabalho seja mais vistoso aos nossos olhos. Seja com elementos menos perceptíveis como a escolha das cores dos personagens ou como o treinamento de Shazam é mostrado. Notem que desde o começo Billy é mostrado de vermelho – a cor principal do herói – e que já no primeiro encontro dele com Freddy vemos que o jovem usa verde, numa camisa do Aquaman, o complementar do vermelho que é a mesma cor que a jovem Mary (Fulton) usa numa premonição da futura Mary Marvel. Ainda no campo da imagem, assistir Freddy filmando os testes da extensão dos poderes do agora mágico amigo nos coloca como espectadores reais, pois a estética do vídeo com menor qualidade é mantida.
Falando das crianças, um dos piores defeitos de um filme que tem elas como público-alvo é trata-las como incapazes. Por isso é tão divertido ver como Mary e seus irmãos adotivos – todos de raças diferentes – se mostram inteligentes ao chegar uma conclusão óbvia que muitos adultos não fazem nesses filmes de heróis que mantêm identidades secretas. Cada um dos jovens secundários tem uma importância nessa trama. Aliados com os pais adotivos de Billy, os personagens se tornam auxiliares do ainda inexperiente Shazam, e é simbólico que sejam sete personagens para ajudar a enfrentar os sete pecados. Ainda que não sejam sete virtudes, pois a história continua reforçando que ninguém é perfeito.
O filme, claro, não escapa de alguns problemas conceituais. Por exemplo, é muito conveniente que na batalha final os sete pecados esqueçam de usar um poder muito útil, a intangibilidade – algo estabelecido poucos minutos antes –, e apenas caírem na pancada com os heróis. A trilha sonora original também tem algo de comum, subindo em momentos tensos, como antecipando uma grande vilania de Sivana, ou acelerando em momentos mais dinâmicos. Por outro lado, as canções que tem Queen e Ramones, são muito melhor colocadas na narrativa do que, por exemplo, o que o estúdio fez em Esquadrão Suicida (Suicide Squad, 2016, David Ayer).
Para fechar a questão do tempo que vivemos, é reconfortante perceber o bem que Shazam! pode fazer por seu público-alvo. Podem reclamar o quanto quiserem, mas cinema é arte e nela existe política. Em tempos que governantes se mostram cada vez mais autoritários e apelando para o nacionalismo, entender que a multi-facetada e não-tradicional família de Billy, Freddy e Mary é o que lhes fazem fortes é compreender que somos melhores quando nos unimos: não necessariamente por laços de sangue, mas como seres humanos. O que faz, de certa maneira, o filme de Sanderberg ter ares de fábula, acessível na maneira que passa a mensagem, e importante para a época que vivemos.
E na tradição de filmes de super-heróis, a produção tem duas cenas extras.
Elenco
Zachary Levi
Mark Strong
Asher Angel
Jack Dylan Grazer
Djimon Hounsou
Grace Fulton
Direção
David F. Sandberg (Annabelle 2: A Criação do Mal)
Roteiro
Henry Gayden
Argumento
Henry Gayden
Darren Lemke
Baseado em
Capitão Marvel (Bill Parker, C. C. Beck)
Fotografia
Maxime Alexandre
Trilha Sonora
Benjamin Wallfisch
Montagem
Michel Aller
País
Estados Unidos
Distribuição
Warner Bros. Pictures
Duração
132 minutos
Data de estreia
04/abr/2019
Cena Extra
O mago Shazam escolhe Billy Batson para ser seu campeão e portar todos os poderes que uma criança sempre quis ter. Agora, é uma questão de saber como lidar com tamanha responsabilidade.
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