Sem Limites | Crítica | Limitless, 2011, EUA
Sem Limites é divertido e inteligente até um certo ponto.
Com Bradley Cooper, Abbie Cornish e Robert De Niro. Escrito por Leslie Dixon, baseado no livro de Alan Glynn. Dirigido por Neil Burger (O Ilusionista).
“Sem Limites” é um filme competente dentro de sua proposta. É inteligente e divertido até certo ponto. Com jogadas interessantes de câmeras, luzes e cores, o filme consegue chamar a atenção, mas não torna o filme um primor.
O travelling inicial é fantástico, fazendo uma viagem no tempo e transformando a paisagem de Nova York para sinapses e depois de volta para a própria ilha de Manhattan. Não é só uma viagem pelo tempo que passou, já que o início do filme começa numa situação em que Eddie (Cooper) está prestes a saltar de um prédio. Ali, ele vira o narrador da própria história, para dizer que quando a morte está perto, revivemos toda a nossa vida passando diante dos nossos olhos. Mas o filme não vai tão longe assim, e começa com a curva mais baixa do personagem: sem criatividade para seu livro e com a namorada Lindy (Abbie) terminando o relacionamento dos dois. Numa jogada de sorte, ou não, a vida de Bradley muda ao tomar uma droga que destranca o potencial do cérebro, deixando-o mais atento e com os pensamentos claros. A partir daí, as coisas se tornam “sem limite” para Eddie em todos os sentidos. Não só na sua percepção e facilidade que tem com os números, por exemplo. Ele tem que se sentir desafiado sempre, para que a vida não perca a graça.
Disse no começo que as cores fazem seu papel. Notem a “normalidade” cinza e sem graça dos primeiros minutos. No momento em que Eddie toma a droga, as coisas ficam realmente mais claras. As luzes em sua volta ficam mais fortes, em tons de dourado e até o grão da imagem muda, deixando a aparência dos personagens mais limpas, e a sua percepção visual muda junto da lente da câmera, mudando para uma grande angular (conhecida também como “olho de peixe”). Ainda nas cores, o azul traz um outro elemento. Os olhos de Eddie ganham um azul mais profundo e o grande insight dele acontece logo depois de saltar dum penhasco no mar, o grande azul. A cor aparece mais durante trama, sempre ligada ao sucesso. Lindy usa quando dispensa Eddie, e numa situação que ela estava claramente numa posição superior a dele. Foi um bom trabalho de Burguer e do Diretor de fotografia Jo Willems.
O poder também faz parte da trama. Eddie tem o sucesso com as mulheres que antes não tinha. Impressiona pelas conversas e o novo charme. E, de novo, o dourado tem essa marca. Carl Van Loon (De Niro) ostenta gravatas dessa cor. As maiores conquistas de Eddie são inundadas de dourado, mesmo em ambientes fechados. Em certo ponto, quando ele tem uma overdose da droga, a cor fica mais forte e estourada.
A movimentação da câmera tem seus momentos também. Movimentos plongé, um outro momento interessante em que a câmera vira de ponta-cabeça para nos deixar atordoados como o personagem são os que mais me chamaram a atenção. As pequenas dicas que nos dão, além das cores, como o mancar de certos personagens também mostram qualidade ao desenvolvimento da história. No fim das contas, “Sem Limites” tem uma trama interessante. Acredito que o personagem de DeNiro ficou perdido, sem profundidade. Os produtores devem ter requisitado alguém com mais peso para divulgar o filme. A música de Paul Leonard-Morgan passa quase despercebida, fora numa cena de perseguição, que transforma as batidas do coração em trilha sonora. Com último ato ligeiramente exagerado, com a falha de uma certa fortaleza e a transformação final de Eddie, o filme parece perder um pouco do seu rumo. Mas, como diria, o personagem, como se estivesse respondendo ao nosso olhar questionador, ele diz: “O que foi?”
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