Rei Arthur: A Lenda da Espada | Crítica | King Arthur: Legend of the Sword, 2017, EUA-Austrália-Reino Unido

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Rei Arthur: A Lenda da Espada é uma abordagem modernizada do clássico, mas bem comum para um filme de ação.

Rei Arthur: A Lenda da Espada (King Arthur: Legend of the Sword) | Crítica

Elenco: Charlie Hunnam, Àstrid Bergès-Frisbey, Djimon Hounsou, Aidan Gillen, Jude Law, Eric Bana | Argumento: David Dobkin, Joby Harold | Roteiro: Guy Ritchie, Lionel Wigram, Joby Harold | Direção: Guy Ritchie (O Agente da U.N.C.L.E.) | Duração: 126 minutos | 3D: Relevante

As lendas arthurianas existem há tanto tempo que Guy Ritchie arriscou e fez o mais famoso rei bretão numa versão totalmente fora do usual. Isso para o personagem, porque Rei Arthur: A Lenda da Espada é um filme de ação e aventura como muitos outros. Para um filme sobre o (lendário) Rei Arthur é realmente diferente. Para o gênero, nem tanto, incluindo o pedido dentro da narrativa que pede uma continuação onde, finalmente, um diretor achou uma maneira de transformar uma das lendas mais conhecidas e épicas do mundo ocidental num blockbuster – o que não quer dizer que seja necessariamente uma boa coisa.

Sem medo de ser grande, Ritchie faz seu filme parecer grande inclusive com os ataques de Mordred, aqui transformado num mago com uma roupagem de Sauron, controlando gigantescos elefantes que tem tamanhos de castelos contra a última resistência humana em Camelot. Apesar do visual fica difícil entender como a magia funciona nesse universo, porque Mordred consegue desintegrar os soldados de Uther Pendragon (Bana) num estalo de dedos, mas precisa de soldados dele próprio por algum motivo. É a partir dessa parte épica que o diretor e seus roteiristas e argumentistas (cinco no total) mostram que esse é um Arthur (Hunnam) que não estamos acostumados.

Esse novo Arthur é mais duro e sujo que a visão que estávamos acostumados em outras versões cinematográficas. E se o subtítulo fosse “O Começo” serviria também. Mas para acelerar a narrativa e não deixar a história monótona, como vários filmes de origem são, Ritchie e o montador James Herbert, aceleram algumas cenas em prol da ação que virá a seguir. Então o treinamento e a sabedoria das ruas que Arthur adquire durantes os anos até a chegada de sua fase adulta passam num fast-forward de poucos minutos, o que deixa mais espaço para as pancadas. O que acontece é que a história ganha um excesso logo depois numa ida e vinda da narrativa de como Arthur e seus colegas de prostíbulo como irritaram alguns vikings, uma sequência salva pelo timming das piadas.

Como a maioria dos heróis, Arthur é relutante de sua missão. Mesmo depois de tirar Excalibur da pedra, ter ideia da responsabilidade de seu tio Vortigern (Law) na morte de seus pais, Arthur ainda é teimoso, o que faz sentido pelo modo que foi criado. É estranho, no entanto, que com toda essa relutância ele aceite tão rapidamente o convite da Maga (Bergès-Frisbey) – que de tão sem personalidade sequer ganha um nome – para ir às Terras Sombrias. De novo, tudo para acelerar a narrativa e preparar terreno para segundos e terceiros atos mais longos, mas cheios de ação. É estranho notar que o diretor seja tão obcecado com a montagem rápida e volte pelo menos cinco vezes no flashback na morte de Uther, mesmo depois de sabermos todos os detalhes.

O que acontece é que Ritchie não consegue ser sutil. Então, com receio de audiência não tenha entendido bem, ele volta cenas que acabamos de ver – a morte de um companheiro que havia acontecido um momento atrás, as inúmeras visitas ao passado por meio da magia – o que prejudica o andamento do filme. Depois de praticamente duas horas é fácil perceber os exageros e que a produção seria mais dinâmica com quinze minutos a menos. No entanto Ritchie conta com a ajuda dessa já comentada montagem rápida e com vários cortes para não deixar a audiência piscar o que, no fim das contas, cumpre uma tarefa enquanto estamos na sala de cinema.

Para reforçar a predestinação do personagem, Ritchie escolhe destacar Arthur em todo o cenário que está: numa sala fechada, ele é banhado por um facho de luz; num barco lotado de gente, seu figurino branco o destaca dos outros; ou quando está coberto de lama, no seu momento de maior negação do destino, dessa vez é o preto que difere do tom azulado em sua volta. Isso quer dizer que o diretor se esforçou em coloco no espectro oposto de Vortigern, que de tão mal só veste preto e tem uma legião de soldados que incorporam a cor da cabeça aos pés – soldados esses sem rosto, algo que emula Os Imortais de 300 (300, 2007, Zack Snyder) .

O grande problema é que quanto mais se pensa, mais fica difícil de achar elementos para marcar a narrativa além do regular. Por exemplo, é fácil gostar da trilha sonora original de Daniel Pemberton que mistura tons clássicos, celtas e um tanto de modernidade. No entanto é difícil esquecer certas conveniências, como uma personagem teoricamente poderosa – algo que percebemos no clímax do filme nos seus poderes de invocação – mas que é capturada e dispensada sem que um igual perceba sua presença, ou clichês como a origem do herói estar atrelada a do vilão, algo que o roteiro achou necessário expressar até mesmo em linhas de diálogo.

Rei Arthur: A Lenda da Espada padece também do mal de se apresentar como um filme mais cru e sujo mas maneirar na representação da violência: apesar dos inúmeros espancamentos e cortes vai ser difícil encontrarmos gotas de sangue nas espadas empunhadas. E, como a maioria dos blockbusters, já foi pensado para ter continuações deixando pontas soltas e personagens clássicos não mencionados e outros que aparecem apenas nas sombras. É uma produção exagerada em muitos sentidos, como podemos perceber nos efeitos especiais que são usados para tornar a experiência mais épica. A tarefa mais será convencer os espectadores que irão ver algo diferente de outros Arthurs do cinema.

Rei Arthur: A Lenda da Espada | Trailer

Rei Arthur: A Lenda da Espada | Pôster

Rei Arthur: A Lenda da Espada | Cartaz Nacional

Rei Arthur: A Lenda da Espada | Galeria

Rei Arthur: A Lenda da Espada | Imagens (1)

Créditos: Warner Bros. Pictures/Divulgação

Rei Arthur: A Lenda da Espada | Imagens (2)

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Rei Arthur: A Lenda da Espada | Imagens (12)

Créditos: Warner Bros. Pictures/Divulgação

Rei Arthur: A Lenda da Espada | Sinopse

Nessa nova abordagem da lenda, Arthur (Hunnam) não sabe de sua origem régia e vive na periferia do reino onde seu tio e usurpador do trono Vortigern (Law) está sentado no trono. Com medo que o verdadeiro Rei surja, Vortigen começa a procurar o jovem que poderá tirar Excalibur da pedra – o que mudará a vida de Arthur, que até o dia anterior era apenas um plebeu.

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".