Power Rangers | Crítica | Power Rangers, 2017, EUA

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Power Rangers vem carregado de nostalgia, mas é só nos minutos finais que realmente mostra a que veio.

Power Rangers (2017)

Elenco: Dacre Montgomery, Naomi Scott, RJ Cyler, Becky G, Ludi Lin, Bill Hader, Bryan Cranston, Elizabeth Banks | Argumento: Matt Sazama, Burk Sharpless, Michele Mulroney, Kieran Mulroney | Roteiro: John Gatins | Baseado em: Power Rangers (Haim Saban) e Kyōryū Sentai Zyuranger (Toei Company) | Direção: Dean Israelite (Projeto Almanaque) | Duração: 124 minutos | Cena Extra

Há uma pretensa seriedade em Power Rangers durante o primeiro ato que não acompanha o resto da produção: como se a vida sem graça de cinco adolescentes comuns de uma cidadezinha ganhasse cores e, junto disso, armaduras brilhantes e robôs-dinossauros gigantes. Basicamente, o sonho de qualquer um que cresceu acompanhando super-sentai (sejam os originais japoneses ou a versão pasteurizada da Saban). Um filme assim deveria primar pela diversão e abraçar seus absurdos, mas isso só acontece em parte. Sem saber como trabalhar com um filme de origens, o resultado é tedioso em geral e só começa a ficar interessante quando sabemos que está acabando.

Com a percepção, ou pelo menos em mente, que os fãs da primeira fase da série (basicamente da formação original até a Zeo) hoje são adultos, Israelite e Gatins quebram o tom da série ao mostrar um Zordon (Cranston), então na posição de Ranger Vermelho, encharcado em lama e derrotado pelo inimigo. É quase uma subversão que o diretor, agora de um jeito mais leve, com as atitudes dos personagens. Então os novos adolescentes de Angel Grove não são mais aqueles personagens perfeitos que conhecemos em 1993, onde o roteirista buscou influências – claríssimas e sem medo de esconder isso – em Clube dos Cinco (The Breakfast Club, 1985, John Hughes) (o sermão de um dos personagens parece ter sido tirado literalmente do filme) e Conta Comigo (Stand By Me, 1986, Rob Reiner).

Isso se reflete também no figurino deles. Ou seja, chega de ver os Rangers em sua forma humana usando as cores do seu totem. Por exemplo, Jason (Montgomery) começa usando azul, Kimberly (Scott) preto e Zack (Lin) branco. É uma piada/referência ao modo de agir dos personagens originais que reflete na escolha atualizada do elenco, diversificada na etnia e que toca muito de leve na questão de orientação sexual de Trini (G). E ao mesmo tempo em que escapa do estereótipo do oriental crânio especialista em tecnologia, mantém o personagem negro como alívio cômico. Mas se é uma evolução, por que parece difícil que certos signos são difíceis de ser quebrados?

Israelite continua na sua tarefa de ser mais sério na figura do diretor. Ainda no primeiro ato ele mostra o acidente que Jason se envolve num plano sequência e num travelling circular para mostrar tudo o que está acontecendo sem perder a correria daquele momento. A fotografia começa com alguns tons sem graça, principalmente puxados para tons de cinza e azul escuro – como já dito no começo, uma existência com pouca cor, um reflexo da nossa realidade. Já no segundo ato o diretor aposta em mais cores, mais cenas diurnas que funcionam por passar a diversão que os personagens estão tendo à medida que descobrem a extensão de seus poderes.

Porém, o diretor se perde ao querer experimentar demais com a câmera sem que exista um sentido para algumas de suas escolhas estéticas. Israelite usa ângulos holandeses em cenas sem tensão, como quando Billy (Cyler) agradece a Jason por ter intercedido por ele; ou não para de mexer a câmera na cena em que os Rangers tentam se entender, sem focá-la nos personagens para criar conexão. Deveria ser o descanso da trama, inclusive com a abertura de Trini sobre a sua vida. Isso reflete a pouca experiência do diretor, e parece que o tempo irá amadurecê-lo, algo que podemos ver que ele sabe trabalhar pelos vislumbres mencionados np parágrafo anterior.

A grande questão e entrave da história é o seu miolo: é muito longo e extremamente lento. Mesmo levando em conta que esse é um filme de origens e que o segundo ato sirva para aumentar a conexão entre os Rangers, fica bem claro que Israelite e Gatins não entenderam que estavam trabalhando num filme de ação, onde o ritmo é uma parte importantíssima da narrativa. Quando finalmente os cinco conseguem entram para o que estamos esperando, sai um peso do peito que diz “finalmente”. O problema é que então temos a percepção de quanto tempo passou (apesar de parecer o dobro) e que falta pouco para a aventura acabar.

E não é só o ritmo que é preocupante. A qualidade do roteiro também incomoda por não querer se distanciar nem um pouco dos exemplos de filmes que trilharam caminhos parecidos, o que aumenta a percepção de obviedade: ou seja, sabemos o que vai acontecer na cena com muita antecedência. Primeiro, a descoberta das Moedas do Poder é claramente tirada de Poder Sem Limites (Chronicle, 2012, Josh Trank) e quando os nossos heróis voltam sãos e salvos para casa depois de um acidente terrível – pelo menos a cena vem de outra subversão do gênero de perseguição –, apesar de nunca ser explicado como isso aconteceu, Israelite se inspira tanto em uma cena do Homem-Aranha (Spider-Man, 2002, Sam Raimi) que você vai se pegar dizendo algo como “agora vai acontecer isso”.

E os minutos finais com aquilo que queríamos ver – seres gigantes descendo a mão uns nos outros enquanto incautos cidadãos são pegos no fogo cruzado enquanto presenciam a destruição sua cidade – não salva o filme. A verdade é que o diretor é muito perspicaz em puxar as cordas na hora certa, como a marcha dos Zords com a música tema ao fundo ou as participações especiais, mas Israelite não soube como deixar a história mais dinâmica ao criar a interação entre seus personagens, achando que o tempo em tela entre os cinco personagens, pura e simplesmente, daria conta do recado. Nem mesmo o design dos Zords é interessante. Sejamos sinceros, é possível identificar que o robô de Zack é um mamute, o de Billy é um tricerátopo e o do Trini um tigre-dentes-de-sabre?

Power Rangers abre o caminho para uma franquia, um território explorado com pouco sucesso pela Saban nos cinemas, mas tem a vantagem de se fechar em si, como um capítulo seriado. Há piadas que envolvem freiras, uma violência escondida para o público abrangente, uma homenagem às clássicas pedreiras e efeitos especiais interessantes – principalmente aqueles que envolvem a física dos robôs colossais. Como um retorno nostálgico, pode mais decepcionar que surpreender mesmo que não se possa esperar muito esforço de algo que explora tão superficialmente o confronto entre o bem e o mal, a passagem para a vida e o chamado para a aventura.

Power Rangers | Trailer

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Créditos: Divulgação

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Power Rangers | Sinopse

Os Power Rangers foram uma força que protegia a Terra do mal do universo. Milhões de anos depois de Zordon (Cranston) e agora fora de sua forma corpórea, o antigo Ranger Vermelho deve reunir um novo grupo de Power Rangers para deter os avanços de um renascida Rita Repulsa (Banks), se eles merecerem tal honra.

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".