Pixels: O Filme | Crítica | Pixels, 2015, EUA

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Pixels: O Filme é uma produção divertida, ao mesmo tempo que a representação de tudo que há de errado com Hollywood hoje.

Pixels, 2015

Com Adam Sandler, Kevin James, Michelle Monaghan, Peter Dinklage, Josh Gad, Brian Cox, Ashley Benson e Jane Krakowski. Roteirizado por Tim Herlihy e Timothy Dowling, baseado no original de Patrick Jean. Dirigido por Chris Columbus (Harry Potter e a Pedra Filosofal).

4/10 - "tem um Tigre no cinema"Se nessa temporada você quiser fazer um estudo de caso do que é a pura representação Hollywood hoje, você o achará em Pixels: O Filme. É uma adaptação, é um amontoado de clichês, tem a influência de um produtor possessivo, conta com atores em alta, prima pela nostalgia, é muitíssimo bem-feito com seus efeitos especiais, é 3D, e ainda consegue arrancar risadas da plateia. O grande problema é a falta de cuidado em relação a todos esses temas (com exceção do impecável CGI). Chris Columbus é um diretor competente, e os roteiristas Tim Herlihy e Timothy Dowling tinham um grande potencial nas mãos. Ao invés disso, resolveram percorrer o caminho mais fácil. Pelo menos a produção foge da grosseria, encantará os mais jovens e aponta o sucesso comercial.

Sinopse oficial

Em Pixels, quando seres intergalácticos interpretam um arquivo em vídeo com imagens de jogos de arcade clássicos como uma declaração de guerra contra eles, eles atacam a Terra usando esses jogos como modelos para suas várias ofensivas. O presidente Will Cooper (Kevin James) busca ajuda de seu melhor amigo de infância Sam Brenner (Adam Sandler), um campeão de competições de vídeo-games nos anos 80 – e agora um instalador de home theaters – para liderar uma equipe de jogadores veteranos (Peter Dinklage e Josh Gad), derrotar os alienígenas e salvar o planeta. Eles ainda vão contar com a ajuda da tenente-coronel Violet Van Patten (Michelle Monaghan), uma especialista em tecnologia que irá fornecer aos arcaders as armas exclusivas para lutar contra os aliens.”

Vale a pena se concentrar nos melhores momentos da produção. Sem sombra de dúvida, é o melhor filme com Adam Sandler em anos (e?). A aposta na diversão é acertadíssima, principalmente quando nos colocamos no lugar dos personagens – de novo, a tal nostalgia. Quem é fã de games sabe que seria um sonho realizado fazer real diferença no mundo, se juntar com seus amigos e salvar a raça humana de invasores espaciais. Fazer isso na prática seria ir além da brincadeira, e os efeitos especiais do filme nos colocam nesse cenário, mesmo que o 3D seja convertido. Não deixa de ser empolgante quando Sam e Ludlow (Gad) se armam para enfrentar as Centopeias, deixando para trás os treinados marines americanos.

Apesar dessa despretensão, há pouco a se dizer além disso. Existem piadas aos montes, e são bem feitas – ainda assim existem exceções –, e a fotografia de Amir Mokri funciona mesmo nas cenas noturnas – e prejudicadas pela lente escura dos óculos 3D – por causa da infinidade de cores que temos em tela. E o princípio da bomba de pixels, que o transformou num filme de guerra sem sangue, é incrivelmente bem usado, mesmo que o princípio tenha vindo do curta original de 2010. Detalhes como fumaças em pixels que vemos quando as naves dos invasores explodem e a fantástica invasão do Pac Man em Nova York transformando tudo em blocos de luz serão momentos para se lembrar.

O problema é o que vem depois disso. Apostando nessa diversão para agradar e não ofender ninguém, a produção oferece tão somente tudo o que você já está cansado de ver. Poderíamos começar com o pôster, que tem o nome do produtor e ator Adam Sandler logo acima do nome do filme. Mesmo não sendo responsável pelo roteiro, ele com certeza direcionou os roteiristas – principalmente Herlihy, que trabalhou com o ator quatro vezes – para que fosse o herói da história. Não só isso, mas o grande responsável por tudo. Não há espaço nem para a suposta personagem forte que é a Tenente-Coronel Violet Van Patten ou para Eddie Plant (Dinklage), que deve ter aceitado esse papel para se distanciar o máximo possível da carga dramática de Tyrion Lannister.

Em certo ponto, os roteiristas fazem o que bem entendem para que as coisas se encaixem nesse universo que mistura fantasia e realidade, por assim dizer. O princípio da guerra entre os alienígenas e o nosso mundo são os cenários de videogames, mas é difícil de compreender como as ações no mundo real funcionam como no mundo dos árcades. Tudo bem as regras serem iguais, como o caso do Pac Man (ou Come-Come para os daquela época) comer uma das pílulas de energia e poder enfrentar os carros de Sam e companhia, mas como funciona usar o cheat code (os códigos para desbloquear facilidades) numa rua? É um pouco demais, mesmo na fantasia do filme, entender como alguém pode fazer um comando do tipo “esquerda-direita- esquerda-direita-pra cima (3 vezes)-botão de ação” enquanto está dirigindo. Para evitar explicações de como essa mágica é feita, o diretor muda de cena e fica no foi assim que aconteceu e pronto.

E temos outros momentos terríveis, como as piadas que vemos de longe, como o do nerd gritar com um parente que está fora da cena – The Big Bang Theory, alguém? – e as coincidências preguiçosas. Não há motivo nenhum, a não ser para reforçar um clichê que vai acontecer bem no final do filme, a Coronel Van Patten ser a cliente que Sam vai visitar antes de ambos serem chamados pelo Presidente (Cooper) para irem à Casa Branca, ou ser Ludlow o único a receber a transmissão do ataque dos alienígenas; ou ainda, como a função de transformar em pixels tudo que os alienígenas tocam pare de acontecer convenientemente. Para completar o rol de coisas difíceis de engolir, o filme tem um enorme e gigantesco deus ex-machina para tentar resolver as coisas. O que ajuda é que esse ex-machina é incrivelmente fantástico (e não será revelado para não estragar a surpresa). E, por favor alguém me explicar qual é a fixação com a Bud Light que Van Patten escandalosamente bebe?

Pixels: O Filme | Pôster brasileiro

Se Pixels: O Filme serviu para outra coisa é para mostrar que Adam Sandler pode brincar de ser ator como quiser. É uma boa ideia desperdiçada: vemos, nos impressionamos, e é até digno de divertir em certos momentos. E ao mesmo tempo é o mais irritante da indústria. Por quanto tempo essa linha de montagem será alimentada é impossível dizer. É pedir demais só um pouco de ousadia? Estará o cinema blockbuster fadado a ter mais Transformers e menos Mad Max: Estrada da Fúria? Que futuro triste e assustador da indústria.

Para fechar com chave de ouro, há uma cena extra entre créditos. Pelo menos, é o momento mais engraçado do filme.

Veja o trailer de Pixels: O Filme

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".