Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas | Crítica | Teen Titans Go! To the Movies, 2018
Mesmo com um público-alvo muito novo em mente, Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas peca por não conseguir a transposição da TV para o cinema.
Admito que Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas não é para mim e sim para uma audiência com menos de metade da minha idade. Mas é verdade também que a produção vem só para preencher uma lacuna enquanto o próximo filme do DCEU não aporta por aqui em dezembro desse ano. O resultado é um filme que, apesar de ser curto, não se sustenta durante todos seus intermináveis minutos, deixando a nítida sensação que foi pensado como mais um episódio da série de TV que teve de ser esticado para ficar com uma duração mínima para ser considerada longa-metragem. Com alguns poucos momentos engraçados, a animação encontra espaço apenas para fãs da série, crianças muito novas e quem procura algo infantil e descontraído.
Porém, o mais importante é levar em conta que as aventuras dos Titãs é uma quebra de paradigma no universo DC nos cinemas. Estamos tão acostumados com a abordagem sombria de Snyder que ver algo colorido e animado é interessante. E nos primeiros minutos a aventura mostra que é possível falar de super-heróis de maneira divertida e ainda ter muita ação. Além de fazer piada com o próprio universo relembrando os fiascos do Lanterna Verde (Green Lantern, 2011, Martin Campbell), e a Questão Martha em Batman vs Superman: A Origem da Justiça (Batman v Superman: Dawn of Justice, 2016, Zack Snyder), o estúdio admite que fazer graça de si mesmo é válido, mostrando que, pelo menos em algum nível, eles aceitam as críticas. Esse cenário novo na tela grande é um chamariz para quem reclama tanto da abordagem no Universo Estendido no Cinema da DC.
E diferente da abordagem dos semideuses e gênios dos outros filmes, os nossos novos heróis são bem diferentes. Tanto que em vários momentos são categorizados como não-heróis. Então, a missão de Robin (Menville), Estelar (Walch), Mutano (Cipes), Ravena (Strong) e Ciborgue (Payton) são bem comuns de qualquer jovem: eles querem ser reconhecidos e se mostrarem relevantes nesse mundo povoado por seres que podem alcançar altas velocidades, desarmar bombas nucleares ou serem mais rápidos que balas. Ainda assim, eles são jovens. E como Jovens Titãs, seus atos são mais infantis e essa parte da personalidade começa a pesar neles, especialmente em Robin, que já tem nas costas o papel de líder.
Essas qualidades de leveza e esse tom de reconhecimento se perdem, no entanto, no quesito direção. É verdade que existem piadas muito boas, a maioria quando riem de si mesmos. Mas o começo ágil e dinâmico, próprio do público-alvo, se arrasta durante toda a segunda parte, demorando para desenvolver e beirando a sonolência. Acostumados com a série que deu origem a esse filme, Horvat e Michail não sabem trabalhar num longa-metragem, tendo que apelar para momentos musicais e idas e vindas de situações. Depois de quase 90 minutos, os diretores deixam a impressão que essa seria uma história melhor contada em 60 ou até menos.
Por outro lado, num filme que a missão é fazer rir, a maioria das piadas trazem um sorriso ao rosto, em especial para quem acompanha o subgênero dos heróis no cinema. Não só a DC é alvo, mas a Marvel entra na brincadeira também, inclusive com uma participação de Stan Lee, brincadeiras com a personalidade estrategista de Slade (Arnett) como estrategista, o esquecimento do poder de Ravena em momentos oportunos e momentos que passam muito rápido ao fundo – heróis e vilões que nunca terão uma chance no cinema, mas estão lá para serem caçados como easter eggs – são elementos clássicos da comédia. Pelo menos nesse quesito, a dupla de diretores entendeu a estrutura.
E dentro desse universo tão cheio de aventuras, é difícil entender como o roteiro criou um Robin tão insuportável. Se alguém contasse os minutos, provavelmente metade do filme é do garoto-prodígio reclamando que ele nunca vai ser um herói reconhecido e, consequentemente, nunca vai ter um filme. Pegamos a frustração do líder dos Titãs na primeira vez, mas quando a piada é repetida pela décima, a vontade é de sacudir o personagem para tirá-lo desse loop infinito. Outra coisa que causa estranhamento é que o filme parece ignorar todas as temporadas dos Jovens Titãs em Ação. Por um lado, serve para quem não teve acesso à série do Cartoon Network, mas por outro pode confundir quem acompanha a série – afinal, Slade é um vilão recorrente e eles devem ter salvado o dia mais de uma vez para serem considerados irrelevantes.
Como numa montanha russa, o filme nos leva para cima e para baixo nas emoções, o que mostra a falta de equilíbrio na trama. Enquanto temos quebras de expectativas dos personagens principais – o plano dos Titãs de se tornarem relevantes beira o diabólico –, a interessante virada para que Robin encontre seu lugar verdadeiro e piadas que envolvem um clássico da animação e ou um mcguffin, temos piadas que se repetem, um descaso com o ritmo e uma desatenção ao transportem uma ideia da mídia televisiva para a cinematográfica, mostrando que não basta apenas esticar a duração de um episódio para que ele se torne um filme.
O que não deixa que a produção seja apenas uma coleção de boas piadas espaçadas por momentos intermináveis onde temos que aturar Robin reclamando não ser material fílmico – e várias vezes esquecendo de seus amigos nessa equação – é uma crítica no cerne da produção, uma que serve ao próprio filme que é contido. Horvat e Michail preferem a simplicidade, não necessariamente o simplório, para chamar a atenção para sua produção. Ao invés de efeitos especiais com grandes explosões, o roteiro se permite uma inocência que parece faltar nos filmes mais famosos da DC, um elemento que seja mais inclusivo, como a própria série animada da TV faz.
Em determinado ponto de Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas, Ravena diz, numa quebra da quarta parede que “já está ficando chato” e “as pessoas só querem ir embora”. É exatamente essa a sensação no fim da experiência cinematográfica dos Titãs no cinema: um episódio muito longo que não soube se conter e quando acabar. Obviamente, essa não era a intenção de Horvat e Michail, que queriam entregar uma aventura divertida e leve como homenagem a essa série que continua ainda hoje. Mas não deixamos de pensar se o estúdio forçou muito a barra, tentando transformar episódios divertidos de 10 minutos numa experiência que não representa o original à altura.
Elenco
Greg Cipes
Scott Menville
Khary Payton
Tara Strong
Hynden Walch
Will Arnett
Kristen Bell
Direção
Peter Rida Michail
Aaron Horvath
Roteiro
Michael Jelenic
Aaron Horvath
Trilha Sonora
Jared Faber
Montagem
Nick Kenway
País
Estados Unidos
Distribuição
Warner Bros. Pictures
Duração
88 minutos
Cena Extra
Vários heróis estão ganhando seus filmes – menos os Jovens Titãs, considerados muito imaturos pelos outro heróis. Então, Robin e companhia encaram a missão de se tornarem importantes nesse mundo, começando por achar um arquinimigo à altura para que eles possam realizar esse sonho.
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