Os Guardiões | Crítica | Zaschitniki, Rússia, 2016

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Os Guardiões é um exemplo mal feito do gênero do super-heróis que falha no quesito homenagem.

Elenco: Anton Pampushnyy, Sanjar Madi, Sebastien Sisak, Alina Lanina, Valeriya Shkirando, Stanislav Shirin | Roteiro: Andrey Gavrilov | Direção: Sarik Andreasyan | Duração: 89 minutos | Cena Extra

Você pode encarar Os Guardiões de duas maneiras: uma homenagem ao gênero de super-heróis ou a busca de uma representatividade fora do eixo hollywoodiano para o cinema de ação. Seja lá qual for a sua escolha, a produção russa não o satisfará em nenhuma delas. Deixando de lado os limitados efeitos especiais, compreensíveis por causa do baixo orçamento, a história falha em desenvolver personagens, apresentar uma trama que faça sentido e nem mesmo pode ser chamada de divertida. Problemas de ritmo, decisões dos personagens e uma falta de cuidado com vários aspectos do roteiro provam quem nem mesmo um homem-urso usando uma metralhadora pode sempre salvar o dia.

O diretor acerta ao não gastar muito tempo apresentando o passado dos personagens, tendo em mente que temos quatro protagonistas. Então suas origens são contadas nos créditos iniciais e por uma conversa entre militares de alta-patente que tem que encontrar super-seres criados no auge da guerra fria para deter o gênio do mal Avgust Kuratov (Shirin). Provavelmente uma das poucas coisas que faz sentido no roteiro de um filme que precisa economizar. E o símbolo do Programa Patriota é bem bolado, pois a letra grega sigma (Σ) é usada na matemática como símbolo da soma, dando um significado a esse grupo que precisa se unir para resolver um problema.

A partir de então fica cada vez mais complicado entender o que se passa no roteiro e com os personagens. Por ser o estereótipo do vilão que quer dominar o mundo, até entendemos Kuratov ter ganho seus poderes num acidente de laboratório bizarro e se tornar uma mistura de Lex Luthor com Bane. Mas os heróis mereciam um tratamento melhor, principalmente o líder Ler (Sisek) que é encontrado pela Major Elena (Shkirando) muito facilmente. Ele vive de maneira regrada, sendo praticamente um monge e na primeira cena o encontramos rezando. O que poderia ser transformado numa dualidade é jogado por terra quando descobre que Kuratov ainda está vivo. Ao invés de entrar em conflito com a vida que leva e a busca por vingança, o personagem cai no maniqueísmo de buscar só o segundo caso.

Os Guardiões, que não fazem muita questão de se esconder, vão sem dúvida fazer paralelos com outros personagens de quadrinhos: Ler é uma mistura de Superman com Batman; Khan (Madi) é qualquer artista marcial com o poder de se teletransportar (ou se movimentar muito rápido, isso não fica bem claro); Arsus (Pampushnyy) é a força bruta de um monstro convivendo com um gênio como é Hulk/Dr Banner; e Kseniya (Lanina) é a Mulher Invisível.  Fazendo a comparação mais óbvia, a reunião desses heróis e como uma história ruim da Image Comics que nos anos 1990 tomaram inspiração na DC e na Marvel para criar seus heróis. Nessa produção, os russos olharam para o cinema hollywoodiano e aproveitaram o pior daquele mundo.

Mesmo que perdoemos a precariedade dos efeitos especiais, não é possível defender a estética do filme. Há momentos ridículos, como a Major Elena olhando para a câmera, como se quisesse nos chamar para participar da busca pelos Guardiões (o que é repetido outra vez), como se fosse um video-game em primeira pessoa. Ou a decisão de usar a marca do filme novamente quando a personagem pergunta ao superior qual o nome da missão, parecendo um seriado de TV que a cada intervalo precisava marcar o nome. Essas decisões equivocadas se refletem na falta de cuidado em outros espectos como a trilha sonora e o roteiro. Músicas que sobem na hora que nomes são mencionados e filmagens na TV mostrando lugares que são denominados como secretos na cena anterior são apenas dois exemplos da bagunça.

E a falta de cuidado continua sem parar, o que deixa a sensação que os roteiristas foram apenas escrevendo e escrevendo sem ter o trabalho de revisar o que faziam. Primeiro, acontece muita coisa nos primeiros 40 minutos, seguindo um arrastamento insuportável. Depois, o mundo lá fora está um inferno e o grupo quer ficar de conversa sobre detalhes insignificantes. Também é de se estranhar que o plano do vilão envolva transportar pelas ruas de Moscou a maior antena de rádio do país e ninguém no quartel general dá a mínima para isso até que seja muito tarde. Mas quem está preocupado em fazer sentido quando a Major Elena diz que Ler perdeu a luta anterior porque não havia pedras suficientes, sendo que ele e Kuratov lutaram num lugar cheio de entulhos e restos de estruturas de concreto caídas?

A única coisa que faz sentido em Os Guardiões é uma frase que Kuratov diz para seus inimigos quando já sabiam que ele controlava tudo que é eletrônico: “esse era o plano de vocês?“, ele grita. Com um dos piores e mais indecentes ex-machinas do cinema de ação no esquema “a união faz a força”, uma solução quase mágica, é um alento quando os créditos sobem e ficamos esperando a cena extra para podermos sair logo dessa experiência entediante. E não tem a ver com efeitos especiais, figurino ou outros quesitos técnicos pois, infelizmente, o filme é uma caricatura de um gênero que já vários defensores e detratores. E com exemplos tão bem estabelecidos não conseguiram sequer copiar as boas partes.

Os Guardiões | Trailer

Os Guardiões | Pôster

Os Guardiões (Zaschitniki) | Pôster Brasil

Os Guardiões | Galeria

Os Guardiões | Sinopse

Quando um supervilão coloca em prática seu plano para dominar o mundo, quatro super-humanos geneticamente modificados são a última esperança da humanidade.

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".