O Sétimo Filho | Crítica | Seventh Son, 2015, EUA

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Com Julianne Moore e Jeff Bridges O Sétimo Filho é uma aventura como tantas outras e que, além de tudo, chega a ser preconceituosa.

Seventh Son, 2015

Com Jeff Bridges, Ben Barnes, Alicia Vikander, Kit Harington, Olivia Williams, Antje Traue, Djimon Hounsou, Jason Scott Lee e Julianne Moore. Argumento de Matt Greenberg. Roteirizado por Charles Leavitt e Steven Knight, baseado no romance de Joseph Delaney. Dirigido por Sergei Bodrov.

3/10 - "tem um Tigre no cinema"Bater na tecla de que uma história não é original é uma batalha perdida e, ainda por cima, injusta, já que todo o compêndio de histórias são adaptações e misturas do que vimos nas mitologias e Shakespeare. O problema é como esses clichês são usados, e em O Sétimo Filho temos um conto bagunçado, pouco empolgante e com os mesmos temas com o diferencial apenas de se passar no nosso mundo, por assim dizer, influenciado pela cultura cristã. Com alguns momentos divertidos, esse é apenas mais um entre já consagrados filmes de fantasia. Tem pouco a mostrar e seu valor estará em levar os espectadores de volta às obras que antes influenciaram esses cineastas.

Sinopse Oficial

Em um tempo de encantamento em que lendas e magias se colidem, John Gregory (Jeff Bridges), o único guerreiro remanescente de uma ordem mística, viaja para encontrar um herói profetizado que nascera com poderes incríveis, o Sétimo Filho Tom Ward (Ben Barnes). Arrancado de sua vida tranquila de colono, o improvável jovem herói embarca em uma aventura ousada com o seu mentor para combater a rainha da escuridão Mãe Malkin (Julianne Moore) e o exército de assassinos sobrenaturais que assombram o reino.”

Entende-se que esse é um filme para espectadores mais jovens, então se prepare para explicações mastigadas a todo o momento. A vilã tem que falar com todas as letras, em narração, que a lua vermelha aumenta o seu poder. E depois Gregory faz isso de novo a Tom na jornada dos dois. É cansativo, mas não que seja sempre assim. Por exemplo, a transformação de Mãe Malkin é um detalhe bem mais sutil que referencia o Livro do Apocalipse, onde a Besta é descrita como um dragão. E o diretor liga essa informação ao mostrar cruzes e igrejas durante o primeiro arco, aproximando a história da nossa realidade nesses signos que são bem comuns para nós.

Para os mais experientes, a história comum dá tempo para apreciarmos o visual do filme – que também não é tão impressionante, apesar de bem feito – e caçarmos as referências. Isso vai desde de nomes até visuais de personagens. O nome da vilã lembra muito o de Melkor, o primeiro Senhor do Escuro das obras de Tolkien. Urag (Lee) consegue se transformar num urso, e é impossível não nos lembrarmos do recente Beorn, que aparece também nas obras de Tolkien. Ora, até a comitiva que escolta Alice (Vikander) para ser queimada acusada de bruxaria parece ter saído de Monty Python em Busca do Cálice Sagrado. Só faltou Tom falar alguma bobagem para resolver a situação.

E depois, procuramos a empatia. E vai ser uma tarefa árdua! Entre Tom e sua família, só mesmo sua mãe (Williams) se deu o trabalho de dar um conselho ao filho. Tom e Alicia são um casal que se dão bem muito rápido, numa tentativa artificial de fazer que gostemos da bruxa de uma vez só. Tom e Gregory acabam sendo o melhor exemplo, sendo um o filho dispensado – por dinheiro – e um pai que precisa passar seu conhecimento.

Porém, apesar de esse ser um filme de aventura com aparente inocência na já tradicional jornada herói, há uma coisa muito errada na produção. Essa é uma história extremamente preconceituosa. Notem que o povo oprimido por Malkin é inspirado numa Europa ocidental medieval. E que são os inimigos? Os irmãos da mãe dragão são estereótipos de povos distantes. Radu (Hounsou) e Sarikin (McClure) são africanos. Urag tem trejeitos mongóis ou siberianos. Strix (Roderique) lembra um índio da Amazônia. E Virahadra (Paroo), inspirado em Kali e Vishnu, tem um visual, por consequência, indiano. Veja bem, eles não são apenas inimigos: eles são bruxos e demônios! Parece que esgotaram a cota de ofensas num único filme. Além de Malkin, a única branca – tanto no tom de pele quanto nos figurinos – é sua irmã Bony Lizzie (Traue) que faz um sacrifício no fim do filme que a permite se vestir assim.

O Sétimo Filho | Pôster brasileiro

O Sétimo Filho serve para poucas coisas. Narrativamente, é arrastado apesar de ter pouco mais de 100 minutos. O figurino é bem desenhado e representa bem a característica dos personagens, até mesmo os que aparecem pouco em tela. Mas há erros de continuidade terríveis, sendo o pior é quando percebemos que a união de dois objetos de importância no filme já tinham se unido antes, mas que não funcionam da mesma maneira até quando o roteiro achou necessário. E, apesar de servir de porta de entrada para outras histórias de fantasia, não se deve desviar o olhar para a decisão não menos que preconceituosa da etnia dos vilões. Entenderia se essa fosse uma obra escrita no século XIX ou antes e adaptada só agora. Mas não se justifica uma abordagem dessas em 2015, ou mesmo em 2004, ano que o livro foi publicado.

Veja o trailer de O Sétimo Filho

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".