O Massacre da Serra Elétrica 3D – A Lenda Continua (Texas Chainsaw 3D, 2013, EUA) [Crítica]
O Massacre da Serra Elétrica 3D – A Lenda Continua serve para darmos algumas risadas, mas não respeita a trilha de corpos deixada por Leatherface.
Com Alexandra Daddario, Dan Yeager, Tremaine Neverson, Tania Raymonde, Thom Barry, Paul Rae e Bill Moseley. Roteirizado por Kirsten Elms, Adam Marcus e Debra Sullivan. Dirigido por John Luessenhop.
Mais uma vez produzindo uma história para adolescentes, os produtores do filme apostam num elenco jovem e de qualidade duvidosa, e com um roteiro bem forçado. Apesar de ter momentos divertidos e com uma quantidade de sangue enorme, mas plausível – pelo menos em termos – a continuação do clássico de 1974 não consegue ir além de ser um genérico da própria franquia. Para inovar, existe o elemento da inversão de valores, que é desrespeitoso com a história pregressa. Se você quiser dar algumas risadas, é uma boa opção. Mas não é mais um filme de terror, e tenho dificuldades de ver alguma sombra de Leatherface nele.
Ignorando as sequencias (feitas em 1986, 1990 e 1995) e o remake (de 2003), o filme é uma continuação direta de “O Massacre da Serra Elétrica” (The Texas Chainsaw Massacre, 1974). Logo depois dos eventos originais, a cada dos Sawyer é incendiada com toda a família dentro, apesar dos protestos do Xerife Hooper (Barry, e o nome é uma homenagem ao diretor do original), tornando o líder do massacre Burt Hartman (Rae) e outros membros da cidade de Newt em herois. Em 2013, Heather (Daddario) descobre que recebeu de herança uma enorme casa nos Texas, e que é filha de um dos Sawyer mortos, e que foi roubada dos braços da mãe agonizante quando era um bebê. Quando ela se junta com os amigos para tomar posse da propriedade, descobre outro sobrevivente da época: Jed, o nosso conhecido Leatherface (Yeager).
Para não deixar duvida, o diretor usa as cenas originais do primeiro filme para não confundir a cabeça de ninguém. Uma rápida introdução com momentos chaves da produção setentista dão lugar a sequencia que os moradores de Newt em frenesi não perdoam Leatherface e a família. A fotografia acompanha o clima dos anos 1970. Em uma boa decisão, o diretor muda de uma época para a outra sem as usuais legendas de “tantos anos depois”. É interessante também a decisão de Heather levar consigo o gene da família. Ela trabalha em um açougue – por mais que essa profissão não seja usual para uma mulher – e faz pequenos quadros macabros, com sobras de ossos que ela guarda dos cortes das carnes. Numa estrutura bem similar ao original, a viagem para o Texas acontece num van e existe um caroneiro. Ou seja, é uma homenagem ao filme de Hooper.
Bem da verdade, este é um filme que não está nem um pouco preocupado em ser levado à sério. Pelo menos é essa a única resposta para a quantidade de besteiras que vemos na tela: temos que acreditar que o filme é ruim de propósito. Erros de montagem e de continuidade são os mais comuns. Ao mesmo tempo é difícil entender como um filme com um censura alta – afinal de contas, Leatherface chega ao extremo de cortar ao meio com a motosserra um pobre coitado que só se deu mal por ser curioso – é pudico em relação ao sexo. Heather nunca mostra os seios, mesmo numa cena que isso aconteceria com certeza. O máximo que acontece é um close na bunda de Nikki (Raymonde) quando eles estão chegando à casa da família Carson. Aliás, a cena só existe com esse intuito. Digo, por que chegar até as portas do lugar andando se eles estão de carro?
As execuções do filme seguem uma linha de raciocínio comum: o primeiro punido é o ladrão, depois o curioso e finalmente os traidores. Fora o segundo caso, parece que os roteiristas quiseram justificar as ações de Leatherface. Aqui está um dos grandes problemas do filme, se não for o pior. Enquanto no original o personagem é apenas um psicopata que balança uma motosserra, a sequencia tenta transformá-lo em anti-heroi, mas o que se saí é um pobre coitado, digno de pena. Bem da verdade, o que o roteiro escrito – e reescrito – à seis mãos fez foi tornar Leatherface patético.
O outro problema do filme, e que em termos de grandeza tenho dificuldades em definir qual é o maior, é a idade de Heather. A atriz tem hoje 27 anos, e vemos no filme que ela não aparenta ter mais do que isso, ou até menos por causa do figurino e da maquiagem. Mas fica estabelecido logo no começo que entre uma história e outra de passaram quase 34 anos. Ou a personagem é dona de um bom estoque de cremes anti-idades milagrosos, ou simplesmente ignoraram esse pequeno detalhe, já que Heather era um bebê de colo no começo da história. Além de certas conveniências para que o roteiro funcione como uma estrada conectar dois locais e certos personagens não se cruzarem, e a facilidade que uma garota mirrada conseguir arremessar uma motosserra são só alguns.
“O Massacre da Serra Elétrica 3D” não é um fracasso total. Ele serve como entretenimento puro, apesar de enganar o público em vários momentos. Principalmente no quesito 3D, já que o filme foi convertido, e nem mesmo as cenas mais marcantes, como a de Leatherface jogando o instrumento de trabalho contra a câmera, tem algum efeito prático. E isso abaixa e muito a nota, afinal o 3D está no título e deveria ser um diferencial. Por isso, podem guardar o dinheiro de vocês vendo a versão convencional. Sem personagens marcantes e apelando para momentos de nonsense puro, a melhor parte do filme acaba sendo uma divertida cena extra. Porém, Leatherface merecia mais. Por mais que seja uma produção divertida, ainda que ruim ao mesmo tempo.
[Veja também]
• TigreCast #16: O terror no cinema (2)
• Promoção valendo OITO pares de convites para “O Massacre da Serra Elétrica 3D”
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