Moana: Um Mar de Aventuras | Crítica | Moana, 2016, EUA
Pensado para um público bem infantil, Moana: Um Mar de Aventuras é uma aventura colorida mas que aborda questões importantes.
Elenco: Auli’i Cravalho, Dwayne Johnson, Rachel House, Temuera Morrison, Jemaine Clement, Nicole Scherzinger, Alan Tudyk | Argumento: Ron Clements, John Musker, Chris Williams, Don Hall, Pamela Ribon, Aaron e Jordan Kandell | Roteiro: Jared Bush | Direção: Ron Clements, John Musker (Aladdin) | Duração: 107 minutos | 3D: Relevante
Moana: Um Mar de Aventuras tem a intenção e o foco de agradar mais as crianças por uma estrutura bem simples, mas que surpreende na conclusão, e pelas vários momentos de cantoria que podem desagradar quem não gosta do gênero musical. Portanto, é preciso encarar a nova aventura da Disney com esse propósito. É uma daquelas aventuras que pode ser assistida tanto de maneira descompromissada, mas que dentro de si carrega uma bela mensagem de variados protagonismos. Pode parecer que a questão da diversidade já foi abordada demais porque temos uma produção atrás da outra com mulheres à frente, mas é só levar em conta quantas vezes o contrário aconteceu para perceber que ainda existe um longo caminho para equilibrar as coisas.
Para começar, vamos começar apontando o óbvio. Moana (Cravalho) é uma mulher no papel de protagonista. Depois, para quebrar estereótipos, ela não é uma princesa e nem é branca. Um viva à diversidade até aqui! Além da importância de mais crianças podendo se identificar – a pele morena, os cabelos volumosos e ondulados e outras características físicas fora do padrão imposto por muitos anos à indústria cinematográfica – todos os personagens, entre secundários e coadjuvantes, são assim. Não diferentes, mas que refletem uma gama que por muitos anos foi relegada ao segundo plano. E quem ficar incomodado com isso pode procurar sua máquina do tempo e voltar para o século XIX.
Passada essa importância simbólica, voltamos à história em si e como ela reflete, dentro do seu universo, essas mudanças. Moana não enfrenta exatamente um vilão na sua jornada de autoconhecimento. O correto seria dizer que ela enfrenta desafios e um grande antagonista: a tradição. Apesar de ser a filha única do chefe de uma pequena ilha da Polinésia vivendo num paraíso tropical, a jovem é podada por essa tradição representada pela figura de seus pais. Sempre que Moana tenta se aventurar nos barcos ela é puxada de volta para a sua vida pelos braços, às vezes tanto pelo pai como pela mãe. Aí então que o paraíso deixa de ser tão interessante, quando ele se torna um limite.
Mesmo na escolha de animais de estimação Moana é mais ousada ao cuidar de um porco – que rende uma piada culinária bem engraçada – e do galo mais idiota do mundo das animações, Heihei (Tudyk). E ao invés de ser a ilha, ela é o mar, que se adapta e não para de se mover (numa lição quase oriental), por mais que seus pais tentem segurá-la.
E a protagonista é tão interessante que deixa Maui (Johnson) em segundo plano. O semideus é mais bidimensional nas ações e conversas sobre si mesmo. O destaque do personagem fica pelas tatuagens que contam sua história enquanto passeiam pela pele, o que dá dinamismo à história por não apelar para flashbacks. E pode ter ser até proposital, mas o momento musical que Maui canta seus próprios feitos é tão irritante quanto a característica inicial do personagem. O que não justifica, claro. É uma ficção e era tarefa dos diretores fazer esse momento mais interessante.
A escolha das cores vivas serve mais uma vez para chamar a atenção das crianças – até a Ilha dos Monstros é bem colorida, oposto do que esperaríamos de um mundo com um nome desses. Mesmo quando Moana está navegando no mar, onde obviamente é o azul que domina a nossa visão, a presença inesperada de Heihei serve de lembrança da ilha de Motonui: seus padrões de cores são tão ricos quanto os da ilha. As escolhas são todas para dar esse clima tropical e cálido – ainda que brinque com eles com o conceito com os piratas em forma de coco – e contrastar com a chegada da escuridão que começa a tomar a ilha de Moana, culminando no grande desafio final da história.
Mesmo que esteja longe de ser original e peque por algumas conveniências – a personalidade do Oceano lembrar muito de certo tapete de Clements e Musker que às vezes funciona como um exagerado ex-machina – Moana: Um Mar de Aventuras funciona por não enganar o espectador. Com um cenário musical desde o começo e que se repete mesmo em momentos em que nos pegamos pensando porquê de vir mais uma música, é uma aventura que serve para nos divertirmos. Não é a melhor história do ano, tecnicamente mostra a capacidade monstruosa da animação, mas serve para o público que busca entreter, e ainda sobra espaço para ensinar para os pequenos o poder da representatividade.
Moana: Um Mar de Aventuras | Trailer
Moana: Um Mar de Aventuras | Pôster
Moana: Um Mar de Aventuras | Imagens
Moana: Um Mar de Aventuras | Sinopse
“Moana – Um Mar de Aventuras, do Walt Disney Animation Studios, traz para as telonas a história sobre uma adolescente polinésia de 16 anos (voz de Auli’i Cravalho na versão original) que se aventura pelo Oceano Pacífico para desvendar o mistério que envolve seus ancestrais. Durante esta grande aventura, ela encontra o “espirituoso” e poderoso semideus Maui (voz de Dwayne Johnson na versão original) e, juntos, eles embarcam em uma viagem cheia de ação, enfrentando criaturas inusitadas, algumas até ferozes, e muita diversão”.
[críticas, comentários e voadoras no baço]
• email: [email protected]
• twitter: @tigrenocinema
• fan page facebook: http://www.facebook.com/umtigrenocinema
• grupo no facebook: https://www.facebook.com/groups/umtigrenocinema/
• Google Plus: https://www.google.com/+Umtigrenocinemacom
• Instagram: http://instagram/umtigrenocinema