Meu Malvado Favorito 3 | Crítica | Despicable Me 3, 2017, EUA
Meu Malvado Favorito 3 já se tornou uma franquia mais preocupada em merchandising do que em contar uma boa história.
Elenco: Steve Carell, Kristen Wiig, Trey Parker, Miranda Cosgrove, Dana Gaier, Nev Scharrel | Roteiro: Cinco Paul, Ken Daurio | Direção: Pierre Coffin , Kyle Balda (Minions) | Duração: 90 minutos
Mesmo levando em conta o público-alvo de Meu Malvado Favorito 3, já está bem claro que a franquia vai pelos passos de outros filmes infantis com diretores preferindo entregar uma produção visualmente interessante sem se preocupar com a história que estão contando. Depois de alguns minutos de projeção já é possível notar que os roteiristas tinham um história principal bem curta e começaram a inflar a narrativa com outros elementos para terminar com um filme de noventa minutos. O rastro que a nova aventura deixa é a sensação de que poderia ser divida em três ou quatro episódios de uma série para TV ou streaming e resolveria a questão do ritmo.
As estrelas do filme são de novo os Minions, que depois de seu filme solo voltam ao que sabem fazer melhor: ser engraçados em gags visuais e curtas. Descolados da nova personalidade de Gru (Carell), as pequenas criaturas, com exceção da dupla que segue o protagonista, ao se revoltar contra seu empregador, mostram uma personalidade coletiva própria de gangues. O que resulta na melhor piada do filme quando o bando amarelado é preso e dentro da cadeia metem medo em qualquer gigante de lá. O que torna o filme mais suportável é curtir esses momentos durante a arrastada história dos outros personagens teoricamente mais importantes da história.
É o em volta dos Minions que prejudica o filme. Ainda que noventa minutos não seja muito tempo, o número de tramas secundárias faz um desfavor à produção. Então Paul e Daurio atiram para todos os lados sem saber em que história focar, fazendo uma mistura de temas que só servem para travar o andamento da história. Além de contemplar a importância da família com Lucy (Wiig) tentando se aproximar da filhas adotivas, a perseguição ao novo super-vilão Balthazar Bratt (Parker) e a tentação de Gru para voltar ao mundo do crime na figura do gêmeo Dru (também dublado por Carell), o roteiro explora pequenas missões de Margo (Laynes), que tem que desviar de um pretendente e da busca de Agnes (Scharrel) por um unicórnio de verdade.
Até é divertido caçar as referências oitentista de Bratt – ombreiras, bigodes, usar de armas um ioiô e um cubo mágico – e curtir as músicas da década que embalam a produção, mas o pulo de um foco para o outro é uma experiência cansativa e sem identidade. Como as duas produções anteriores, e o filme dos Minions, essa produção aposta em um cenário multicolorido para atrair o público-alvo infantil. Porém, a história peca por ser longa demais para os mais novos – o que irá distrair a atenção deles rapidamente –, pouco divertida para os que são um pouco mais velhos – as crianças que estavam na sessão comigo não pareceram muito empolgadas – e travada demais para os mais velhos.
A verdade é que hoje essa franquia serve para manter um status mercadológico. A cada lançamento o mercado é inundado com novas figuras de ação, lancheiras e todo tipo de merchandising imaginável. Por mais que hoje a propaganda não possa ser desassociada do filme, é ser triste e preocupante que não se empenhe um pouco mais no roteiro com a desculpa de ser para crianças que, sem o senso crítico por motivos óbvios, não percebem a falta de atenção com elas próprias. Pode ser um lugar comum reclamar de uma história que claramente não foi feita para você, mas também é perceber que um pouco mais de esforço era necessário para que a experiência fosse ao menos divertida.
Seria um retrato de relações familiares, amor e até uma fofura provocada pelos Minions, Meu Malvado 3 tem algo de esquizofrênico, uma produção onde as múltiplas identidades não fazem sentido quando vistas como um todo. Infelizmente essas partes também faltam substância para dar um corpo para que a produção fosse pelo menos agradável de ser acompanhada por uma hora e meia, com pequenas exceções que trazem risadas – momentos que na maioria das vezes vem pelos Minions. Pode funcionar como mercadoria, mas não funciona nem como entretimento puro e tampouco quanto cinema. Depois da sessão é provável que seus filhos e filhas peçam um novo bonequinho para brincar, e aí que reside a força de produção: uma grande propaganda para vender mais.
Meu Malvado 3 | Trailer
Meu Malvado 3 | Pôster
Meu Malvado 3 | Galeria
Meu Malvado 3 | Sinopse
Tentando se ajustar à vida fora do crime, Gru (Carell) encara como missão pessoal capturar o super-vilão Balthazar Bratt (Parker), enquanto descobre que tem irmão gêmeo perdido Dru (Carell) e tenta escapar da tentação de voltar à vilania.
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