Mente Criminosa | Crítica | Criminal, 2016
Mente Criminosa poderia até ser um filme de super-heróis por causa do elenco, mas ganha status por enveredar para o drama policial.
Uma piada feita por mim para uma amiga, mas que fatalmente passou pela cabeça de meio mundo, é que iríamos ver o crossover do Deadpool, Mulher-Maravilha, Comissário Gordon, Duas Caras e do pai do Superman. Isso diz muito sobre como há filmes do gênero de super-heróis no cinema. E Mente Criminosa, de certa maneira, é um filme genérico desse estilo, com direito até ao vilão megalomaníaco que quer destruir o mundo. Misturando gêneros – policial, ação, drama e romance – a produção agrada mais do que decepciona, principalmente quando foca no pelo menos aparente tema, onde as explosões tomam conta da tela. E com direito a algumas surpresas que confirmam que vale a pena saber pouco de uma produção antes de entrar na sala.
Temos que ser pegos logo nos primeiros minutos e, assim como na música, os primeiros acordes são importantes. O diretor Ariel Vromen usa de cortes rápidos para acompanharmos a tensão do agente Bill Pope (Reynolds) enquanto é perseguido pelas ruas de Londres. Sabemos tanto quanto seus companheiros da CIA que vão acompanhando o colega por meio de câmeras, numa versão fragmentada e muito bem representada pela montagem de Dana Gonzales. E há de se congratular a coragem do diretor em tirar de cena um ator de peso tão cedo da história, fazendo assim um favor à narrativa, impedindo que ela se arraste por aparições fantasmagóricas de Bill.
Jericho (Costner) tem algo de assassinos em série que vimos em outras produções, como Hannibal Lecter, mas ele tem um charme próprio. Por ser vazio de emoções, é interessante ver que o ator não faz esforço em mudar as feições, seja conversando ou esmagando o crânio de alguém ainda no primeiro ato. Porém é difícil acreditar que ele, mesmo sendo um sociopata e perseguido pela CIA não faça questão de ficar anônimo – um tanto estúpido para o sobrevivente que ele é. A sua mudança sim é mais crível. Agradecendo, sorrindo e poupando a vida de Jill (Gadot), esposa de Bill, e o eventual equilíbrio entre personalidades que agora convivem no cérebro do criminoso.
Há outras inconsistências que vão desde a falta de pesquisa até os piores do clichê. Por exemplo, a operação da transferência de memórias de Bill ocorre com um Jericho dopado, sendo que procedimentos cerebrais devem ser feitos com o paciente consciente. Até aí, é perdoável, já que poderiam argumentar que o procedimento revolucionário não tinha essa necessidade. O que não dá para entender são os clichês do caricato agente Quaker Wells (Oldman) querendo tirar informações de recém-operado na base do grito. Também a agência de Inteligência que resolve não colocar vigilância na casa de Jill, onde Jericho já havia aparecido uma vez, sabendo que ele seria a melhor opção para encontrar o Holandês (Pitt) e que a organização do antagonista tinha olhos em todo lugar.
Voltando ao assunto super-herói, a história aposta até numa Viúva Negra genérica – russa, cabelos ruivos, vestindo collant preto –, reforçando a impressão que esse poderia ser um filme da Marvel, mas que foi rotulado como drama policial numa tentativa de dar mais profundidade à história. E, mais uma vez, está longe de ser um filme ruim, porém as pequenas coisas vão dinamitando a possibilidade de uma nota maior, com a grande conveniência que Jill não mudar o código de segurança da casa, possibilitando uma nova invasão de Jericho. E isso para agradar um público maior, abrindo a possibilidade de um romance, mas sem entrar na profundidade de que aquele não era Bill – e nem Jericho – e sim uma nova pessoa.
Aliás, esse é o maior problema do filme. Em nome da ação e essa misturada de gêneros, a questão de personalidade, o que faz alguém ser alguém fica no terceiro escalão. Mente Criminosa apenas flerta com isso nas lembranças de Bill com a constante presença de flashs de livros de George Orwell. Mas seria injusto não apontar os bons momentos da história, como a mudança de personalidade de Jericho ao longo dos atos, indo do seu eu original, passando pelo mais confuso, até a violência típica do personagem já perto do fim, mas ainda com a influência de Bill. Vromen também usa a câmera com competência, usando uma visão subjetiva e de curta duração para conhecermos Bill ao mesmo tempo em que Jericho, ou o estilo câmera na mão quando Jill ainda não confia no fugitivo. Há outros exageros – como o protagonista repetir pelo menos três vezes o seu lema – mas que não impedem a diversão descompromissada proposta.
Elenco
Kevin Costner
Gary Oldman
Tommy Lee Jones
Alice Eve
Gal Gadot
Michael Pitt
Jordi Mollà
Antje Traue
Scott Adkins
Amaury Nolasco
Ryan Reynolds
Direção
Ariel Vromen
Roteiro
Douglas Cook
David Weisberg
Fotografia
Dana Gonzales
Trilha Sonora
Brian Tyler
Keith Power
Montagem
Danny Rafic
País
Estados Unidos
Reino Unido
Distribuição
Summit Entertainment
Duração
113 minutos
Para diminuir sua sentença, um assassino cruel aceita ser usado em uma experiência, tendo o cérebro de um agente da CIA implantado em sua cabeça. A expectativa do governo é que o condenado aceite completar a última missão do agente
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