Maze Runner: Correr ou Morrer | Crítica | The Maze Runner, 2014, EUA
Maze Runner: Correr ou Morrer tem alguns momentos interessantes e um certo fôlego. Se preparem, que lá vem outra distopia para os jovens adultos.
Com Dylan O’Brien, Kaya Scodelario, Thomas Brodie-Sangster, Will Poulter, Patricia Clarkson, Ki Hong Lee e Aml Ameen. Roteirizado por Noah Oppenheim, Grant Pierce Myers e T.S. Nowlin, baseado no romance de James Dashner. Dirigido por Wes Ball.
Interessante notar que Maze Runner: Correr ou Morrer reflete em seus personagens tanto o público-alvo – os chamados jovens adultos –, como o diretor, roteiristas, elenco, praticamente iniciantes. A fórmula da distopia futurista já está cansando, pois esse ano terá, pelo menos, quatro filmes com o tema. Mas há certo frescor nesse filme. Longe de ser original – pois toma emprestado elementos de variadas histórias – o ritmo e visual contagiam o espectador para esse conto modernizado de prisioneiros.
Thomas (O’Brien) não sabe seu nome nem por quê foi mandado para uma comunidade de garotos cercada por gigantescas paredes que fica no centro de um labirinto. Ele precisará se juntar a outros numa corrida pela própria vida e enfrentar os mistérios do labirinto, que tem a fama de não deixar que ninguém escape com vida depois que suas portas se fecham à noite.
Para quem tem uma carga cultural mais ampla, é fácil notar de onde vêm os elementos da história. Alguma coisa de O Senhor das Moscas (Lord of the Flies, 1954, escrito por William Golding), O Cubo (The Cube, 1997, Dir Vincenzo Natali) e até de Lost (2004-2010) – ainda que essa série tenha elementos do livro de Golding. Eles estão numa grande gaiola de pássaros, tem tudo que precisam para sobreviver e existe a impressão constante que estão sendo observados. Por maior que seja, é uma prisão e nem todos se conformam com isso.
Assim como essas outras obras citadas, tem alguma coisa lá fora, o que já entrega logo de cara que eles estão passando por algum tipo de experimento. O que é confirmado pelos curtíssimos flashbacks que Thomas tem.
Apesar do ritmo se tornar interessante, a história leva um tempo para engrenar. Antes, é preciso aquela aura de mistério para fazer o protagonista tão perdido quanto o espectador, desnecessariamente. Alby (Ameen) deixa Thomas sem resposta cerca de três vezes do por que ele não poderia atravessar o labirinto. Nem um básico “eu não posso te contar agora”. O jovem líder simplesmente vira as costas só para dar um ar misterioso, típico do homem de poucas palavras. Mas é só uma atitude irritante.
Mais crível é a postura de Gally (Poulter), repetindo o papel de descrente em As Crônicas de Narnia: A Viagem do Peregrino da Alvorada (The Chronicles of Narnia: The Voyage of the Dawn Treader, 2010, Dir Michael Apted), que vê em Thomas um risco ao status quo estabelecido nessa sociedade onde o cérebro é Alby e ele próprio a força bruta. Alguém que pensa fora da caixa – o que é esse grande labirinto – trouxe medo para Gally, já tão acostumado com a situação de prisioneiro, como se sofresse da Síndrome de Estocolmo.
Para equilibrar um pouco essa situação incômoda, o elenco se expande com o brincalhão Chuck (Cooper), o novo-melhor-amigo Newt (Brodie-Sangster) e o corredor Minho (Lee). Eles são outros arquétipos comuns da jornada do herói – o alívio cômico, o amigo, o mestre – e fazem um bom serviço em tela.
O diretor se sai bem em outros momentos, como ao apresentar Teresa (Scodelario). Ball faz ela e Thomas partilharem da cor azul, algo presente nos sonhos do rapaz, nos olhos, na fotografia do passado, e nas ampolas que a garota trás com ela, um tom triste e quase estéril. O design de som é um destaque à parte, com engrenagens e pedras se arrastando que preenchem o cinema e que serão perdidos na experiência em casa se você não tiver um ótimo sistema de home theater.
Maze Runner: Correr ou Morrer tem um problema típico dessas histórias que tem continuações: apresenta um cliffhanger interessante, mas não consegue fechar uma história por causa de uma explicação final, que explica coisa nenhuma. O suposto sacrifício de uma personagem serve só para o espectador, e de nada acrescenta aos personagens. Se a intenção era nos deixar perdidos no começo, com Alby explicando nada para Thomas desse universo, seria melhor continuar nessa viagem. Foi um pouco forçado, mas pior é a solução dos roteiristas – que pelo que li, não é a mesma do livro – em acabar com a esperança que Chuck representava, pois não há explicação nenhuma para um personagem aparecer como fez. Conveniente ao diretor, mas não à narrativa. Esses problemas fazem a experiência ser menor do que poderia ser.
Veja o trailer de Maze Runner: Correr ou Morrer
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