Logan Lucky: Roubo em Família | Crítica | Logan Lucky, 2017
Logan Lucky: Roubo em Família tem momentos divertidos, mas está longe de ser lembrado com destaque na carreira de Soderbergh
Depois de três filmes de roubos com ares de comédia e aventura, estava claro que em Logan Lucky: Roubo em Família Steven Soderbergh se encontrasse em território familiar. A questão é que esse é o menos soderberghriano de seus filmes, principalmente nos quesitos técnicos, com muitas câmeras fixas, mas que mantém a busca para compensar injustiças. O que não quer dizer que seja uma má experiência; apenas uma de menor interesse na já vasta filmografia do diretor. Porém, o filme ganha a atenção pelas atuações carismáticas, situações exageradas e um clima que parece uma piada no estilo “um manco, um maneta e dois rednecks entram num bar“.
Soderbergh quer que gostemos de Jimmy (Tatum) logo de cara: ele é um cara simples – mas não simplório – que faz questão de tratar a filha sem diferenças baseadas em gênero e a integrando à vida dele. Na doce cena de abertura, Jimmy pede ajuda de Sadie (Mackenzie) com o carro enquanto ouve a menina falar sobre seus planos para o concurso de beleza. Sem julgar ou podar, apenas ouvindo e incentivando. Esse personagem que não é o estereótipo do macho durão tem algo de clássico nele por não gostar muito de celulares e ainda ouvir músicas em CDs apesar do mundo ser dominado pelo streaming.
É curioso que a vida de Jimmy não seja das mais fáceis e ainda assim ele vê as coisas de uma maneira mais otimista. Diferente do irmão Clyde (Driver) que perdeu a mão e parte do antebraço e relaciona isso à maldição da família Lucky – e a graça do nome é essa. Uma lógica quebrada pela observação de Jimmy quanto à irmã, Millie (Keough), não afetada por nenhum grande problema. É até engraçado notar que a partir da perda de Clyde que as coisas começaram a dar certo, quase como se o pedaço ausente fosse um tipo de amuleto, como os pés de coelho (no caso, o único sem sorte foi o coelho, convenhamos).
Também é interessante o modo que Soderbergh conta a história pregressa dos irmãos. Por ser um filme com mais de duas horas, poderíamos esperar infinitos flashbacks. Ao contrário, o pé no crime de Jimmy e Clyde é explicado em algumas poucas linhas de diálogo, o que deixa tempo para nos concentrarmos na ação do plano de Jimmy e seu ousado roubo. Isso acontece também com Millie que se torna a piloto de fuga do esquema, ao contar, ocasionalmente para uma cliente de seu salão os caminhos que fez e o curto tempo que levou para levar a sobrinha para um ensaio.
No entanto, é exatamente na questão de duração que o filme encontra seu ponto fraco. Além de pular explicações como Clyde e Joe “Bang” (Craig) escaparam da prisão sem nunca nos mostrar um esquema do prédio que seja, ou detalhes do conhecimento técnico – algo que teríamos tempo para ver – fica complicado aceitar que já foi feita tanta coisa, entre planos sóbrios e outros nem tanto, que o segundo ato se arrasta, principalmente quando percebemos que falta uma hora ainda para terminar o filme.
Momentos como a apresentação do hino à bandeira dos EUA, a apresentação do piloto Dayton White (Stan) – que é mais um extra de luxo que outra coisa – confirmam isso. Do mesmo jeito a investigação do FBI que se dá depois de uma virada de roteiro (muito boa, por sinal) liderada pela agente Sarah Grayson (Swank) só serve para estender a narrativa além do necessário e manter a possibilidade de fazerem uma sequência, pois parece que tudo em Hollywood precisa ser uma franquia.
Outros momentos compensam, como a experiência de Soderbergh ao não usar trilha sonora constantemente e assim criar tensão, uma brincadeira com a demora do autor G.R.R. Martin em entregar suas obras e a questão da criação dos filhos e como a ausência de Jimmy poderia fazê-lo não ver a filha crescer – algo representado pela adultização de Saddie – e coisas simplesmente nonsense como a procura do homem urso na floresta. Logan Lucky: Roubo em Família seria uma produção mais concisa se, em primeiro lugar, fosse mais curta e não se apresentasse como a próxima franquia do diretor. Seria melhor que Soderbergh deixasse a produção ser apenas o que é ao invés de tentar fazê-la parecer maior, como acontece com a filha de Jimmy.
Elenco
Channing Tatum
Adam Driver
Seth MacFarlane
Riley Keough
Katie Holmes
Katherine Waterston
Dwight Yoakam
Sebastian Stan
Hilary Swank
Daniel Craig
Direção
Steven Soderbergh
Roteiro
Rebecca Blunt
Argumento
Baseado em
Fotografia
Steven Soderbergh
Trilha Sonora
David Holmes
Montagem
Steven Soderbergh
País
Estados Unidos
Distribuição
Fingerprint Releasing
Bleecker Street
Duração
119 minutos
Depois de ser demitido de seu emprego e encarando a possibilidade de ficar distante da filha que irá se mudar da cidade com a mãe, Jimmy bola um audacioso plano com seus irmãos que poedrá deixá-los milionários.
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