Liga da Justiça | Crítica | Justice League, 2017
Liga da Justiça tem seus defeitos, mas é o raio de esperança que precisávamos para continuarmos a acreditar no Universo Estendido da DC.
Assim como alguém que sai de um período depressivo, ainda há um resquício de tristeza e sombras em Liga da Justiça, um filme onde um grande símbolo foi tirado de um mundo que já tinha bastantes sombras. Então as coisas vão melhorando. Apesar do filme ser apressado, até bagunçado em muitos momentos, a produção tem momentos para agradar qualquer um que goste de filmes de ação com momentos divertidos, outros tanto sérios, mas que, em geral, mostra o caminho que o universo DC deverá percorrer nos cinemas a partir de agora. Não é um filme perfeito, porém é suficientemente agradável para querermos ver mais desses heróis num futuro próximo.
Num prólogo com um Superman (Cavill) ainda vivo, a história entra em choque no presente onde o Batman/Bruce Wayne (Affleck) investiga nas noites de Gotham a aparição dos parademônios de Apokolips. Exageradamente, assim como a gênese da maioria dos quadrinhos, a ausência do Superman deixa uma mancha na sociedade. Cenas melancólicas, roubos, violência contra imigrantes e pobreza estão atreladas ao ser que trazia esperança no peito. A perda desse ícone messiânico se reflete na já conhecida (e que aqui faz sentido) estética sombria da fotografia da de Snyder – que trouxe Fabian Wagner (de Game of Thrones) para trabalhar com ele, alguém acostumado com cenários invernais.
Há claro uma grande vantagem por causa dos filmes anteriores que é já sabermos das histórias de Batman e da Mulher-Maravilha/Diana Prince (Gadot). Porém, o trio responsável sabia que precisava mostrar seus outros heróis, ainda que apresentados daquela maneira tosca no filme de 2016. Temos então pequenos prólogos para conhecermos melhor os novos personagens desse universo. Felizmente, isso não toma muito tempo da narrativa. Com alguns minutos, temos a volta de Diana para o mundo humano, o peso de Aquaman/Arthur Curry (Momoa) em não querer a coroa do mundo Atlante, a dualidade de não saber o que é agora do Ciborgue/Victor Stone (Fisher) e a humanidade de Flash/Barry Allen (Miller).
E sem dúvidas é no Flash que nos identificamos com mais facilidade. Barry, apesar de ser um metahumano, é o que está mais fora da realidade dos outros heróis, até mesmo do Ciborgue. Ele é como se vocês ou eu fôssemos jogados num mundo novo onde as coisas não fazem exatamente sentido. De certa maneira, o Flash é o ponto de ligação entre a plateia e o mundo do filme: inexperiente – o máximo que ele lidou foi com um vilão que atirava bumerangues -, todo esse mundo de semideuses, reis, ou de um cara que tem o super-poder de ser rico, é em Barry que nos conectamos por seus problemas mais reais.
O problema do filme reside na pressa. Sabemos pelas notícias que Joss Whedon refilmou cerca de 15% das cenas, um processo que se iniciou em julho desse ano. E como qualquer filme que prima pela ação mais que outra coisa, são esses momentos que precisavam de mais polimento. Não quer dizer que você não sabe o que está acontecendo, já que Snyder é bem didático ao colocar chifres na cabeça do Lobo da Estepe (Hinds) e ter comandados chamados de parademônios. É bastante coisa acontecendo não ao mesmo tempo, mas com pouco tempo. Sendo esse o filme mais curto do universo DC até agora por questões comerciais, da metade para frente não há muitos momentos para respirar e apreciar o andar da história.
O que temos aqui não é quadrinhos, onde podemos parar e voltar a narrativa – apesar de Snyder tentar fazer isso com seus já tradicionais slow-motions. A trama comprimida assim só ganha um ritmo melhor com a volta do Superman. A partir daí é quase um outro filme e a mudança de tom é bem clara. Antes os heróis batiam a cabeça em decisões e conflitos de ideias (e alguns físicos, como Arthur tentando intimidar Bruce) e então a produção se torna realmente heroica. Então, há poucos espaços para que os heróis percam tempo precioso discutindo ou brigando porque há um perigo que não pode esperar. Se vermos dessa maneira, o tempo mais curto da produção é uma benção.
Diferente do que vimos em O Homem de Aço (Man of Steel, 2013, Zack Snyder), esse é uma história mais próxima do ponto de vista dos super-seres, ainda que personagens como Lois Lane (Adams) e Martha Kent (Lane) – além do próprio Barry – deem a dose de humanidade. Felizmente os adversários não atacam de novo Metrópolis ou Gotham, como seria nos quadrinhos. A estratégia do Lobo da Estepe para energizar as Caixas Maternas leva o conflito para onde há esquecidos, aqueles que sempre sofrem mais com as grandes tragédias, sendo resumidos numa família que vai para onde ela foi empurrada, e não onde desejou ir, o que faz a produção ganhar pontos no quesito sensibilidade.
Pode-se reclamar da pretensa falta de profundidade na trama, mas ela vem de dois motivos. O primeiro é óbvio, mas precisa ser apontado, é a fonte original. Mesmo que Snyder sempre tenha deixado os pés no chão desde o filme de 2013, é impossível não levar em conta que as histórias em quadrinhos, com algumas exceções, visam o entretenimento – é verdade que várias vezes em detrimento da história. O segundo é por termos muitos personagens novos, tomando o caminho inverso do Universo Cinemático Marvel, preferindo expandir os personagens em futuros filmes solos. O que não quer dizer que haja desculpa para uma história fraca – longe do caso da produção.
No entanto, há mais pontos positivos do que negativos na história e isso é uma vitória. O que acontece em Liga da Justiça é a tentativa de abertura para um mundo maior. Existem problemas na representação das amazonas sim – isso não acontece com as de mais destaque, mas algumas fazendo figuração ao fundo tem partes mais descobertas que no filme solo de Diana – um Aquaman pouco convincente e uma história contida demais. Por outro lado, as cenas de ação são empolgantes, há espaço para conversas sérias sobre liderança e humanidade e também bastante diversão. Mesmo com os tons mais escuros ainda presentes, o filme é como um raio de luz no Universo Estendido DC, como podemos ver pelas cores mais vivas no retorno do nosso querido personagem de vermelho e azul.
O filme tem duas cenas pós-créditos. A primeira é uma homenagem à uma história icônica dos quadrinhos da DC e a segunda tem mais importância para filmes futuros
Elenco
Ben Affleck
Henry Cavill
Amy Adams
Gal Gadot
Ezra Miller
Jason Momoa
Ray Fisher
Jeremy Irons
Diane Lane
Connie Nielsen
J. K. Simmons
Ciarán Hinds
Direção
Direção: Zack Snyder (Batman vs Superman: A Origem da Justiça)
Roteiro
Chris Terrio
Joss Whedon
Argumento
Chris Terrio
Zack Snyder
Baseado em
Liga da Justiça (Gardner Fox)
Fotografia
Fabian Wagner
Trilha Sonora
Danny Elfman
Montagem
David Brenner
Richard Pearson
Martin Walsh
País
Estados Unidos
Distribuição
Warner Bros. Pictures
Duração
120 minutos
3D
Irrelevante
Cena Extra
Depois da morte do Superman, Batman e a Mulher-Maravilha precisam encontrar outros metahumanos – Aquaman, Flash e Ciborgue – para impedir uma grande invasão de uma força alienígena liderada pelo Lobo da Estepe.
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