Kung Fu Panda 3 | Crítica | Kung Fu Panda 3, 2016, EUA
Com Jack Black, Angelina Jolie, Dustin Hoffman, J. K. Simmons, James Hong, Jackie Chan, Lucy Liu, Seth Rogen, David Cross, Bryan Cranston e Kate Hudson. Roteirizado por Jonathan Aibel e Glenn Berger. Dirigido por Jennifer Yuh Nelson e Alessandro Carloni.
O espetáculo visual e a explosão de fofura não salvam Kung Fu Panda 3 de ser muito mais que isso.
Pode parecer óbvio, mas Kung Fu Panda 3 só existe em função do seu antecessor – da cena extra da produção anterior, para ser mais exato. As aventuras do panda e seus companheiros é uma coisa linda de se ver, digna de nota pela qualidade da animação, paleta de cores e que facilmente fará parte daquela bela coleção de livros de arte de filmes. Porém, sofre do mal de ser mais do mesmo, com muitas cenas engraçadinhas e outras até um tanto óbvias – mesmo para crianças nessa que é, provavelmente, a última aventura no cinema dos Seis Furiosos. E é melhor assim.
Do começo ao fim, o filme dirigido por Nelson e Carloni se mostra esplendoroso. Sabendo como criar cenas de tirar o fôlego, absolutamente tudo é bem coreografado com os personagens se expressando belamente por seus movimentos. A luta inicial entre o Grão Mestre Oogway (Kim) e Kai (Simmons) é um excelente exemplo disso, onde o primeiro – por ser uma tartaruga – é calmo e suave em seus movimentos, enquanto seu antigo companheiro – um iaque – se move pesadamente e cheio de força bruta. Esses primeiros cinco minutos de luta entre os dois valeriam a pena serem emoldurados de tão bonitos que são.
Apesar de ser um filme para a família – com certeza a sua maior força – a partir desse incrível começo, percebe-se que sobrou pouco para ser contado. É engraçado vermos Po (Black) tão desligado quanto seu pai biológico Li Shan (Cranston), os ciúmes do Sr Ping (Hong), a vila dos pandas com seus personagens altamente apertáveis e que explodem em fofura – literalmente, visto que quando Po chega por lá há pandas bebês saindo pela janela – e a evolução de Po sem deixar de sê-lo. A mudança do personagem era necessária, porque seria cansativo se tivéssemos um Dragão Guerreiro ainda como o eterno novato.
O grande problema do filme acontece em todo o segundo ato, e que toma boa parte da narrativa, é que a história não vai para lugar nenhum. De novo, é divertido as expressões de Po e Li Shan enquanto tentam recuperar o tempo perdido na sala das relíquias, mas a reação do pai do artista marcial é tão óbvia que ficamos esperando a resolução dela por mais de um terço do filme. O público alvo infantil pode não perceber isso, mas é uma solução preguiçosa. Pelo menos não chega a ser uma experiência irritante para quem for apenas acompanhar os filhos.
Os bons momentos do filme se firmam na presença de Kai – notem que suas aparições lembram os clássicos filmes de faroeste – no design de produção, simplesmente impecável ao misturar o 3D com efeitos de pinceis para os flashbacks, dando assim um sentido narrativo a eles, e na sincera tentativa de divertir a audiência. Ainda que já tenhamos visto tudo isso, a produção tem certo charme, mesmo com os novos personagens poucos desenvolvidos.
Com poucos bons momentos, onde o início e o fim são um espetáculo para os olhos, Kung Fu Panda 3 fecha as aventuras de Po – assim espero – com menos brilho do que o mostrado na fotografia da produção. O histórico dos diretores explica o caminho do novo filme – Yuh Nelson criou a abertura de Kung Fu Panda 2 e Carloni fez sua carreira como animador – e sobrou para Aibel e Berger, vindo de trabalhos bem menos interessantes depois da primeira aventura de Po em 2008, preencher as lacunas do visual. O resultado é bem comum e pouco inspirado, mesmo que ache lugar no coração dos mais jovens.
Sinopse oficial
Quando o pai do Po, desaparecido há muito tempo, reaparece, a dupla se reúne para viajar a um paraíso panda secreto para atender dezenas de divertidos novos personagens panda. Mas quando o vilão sobrenatural Kai começa a varrer toda a China derrotando todos os mestres de Kung Fu, Po deve fazer o impossível – aprender a treinar uma aldeia cheia de amantes da diversão e irmãos desajeitados para se tornar o time final de Kung Fu Pandas!