Jason Bourne | Crítica | Jason Bourne (2016) EUA
Elenco: Matt Damon, Tommy Lee Jones, Alicia Vikander, Vincent Cassel, Julia Stiles, Riz Ahmed | Roteiro: Paul Greengrass, Christopher Rouse | Direção: Paul Greengrass (Voo United 93)
Jason Bourne volta homenageando o próprio passado e é um presente para seus fãs.
O maior desafio de Paul Greengrass era tornar Bourne relevante novamente. É um exagero dizer que o novo filme revitaliza a franquia, quando em si ele a homenageia e apenas a atualiza com elementos conhecidos por nós. Sendo essa a terceira vez que dirige o personagem, Jason Bourne é tudo que já vimos desde o filme de 2002, com os mesmos arcos dramáticos, os mesmos conflitos e o mesmo clichê do chefe que tenta esconder seus planos dos comandados. Em suma, é Bourne: muito intenso, com câmeras tremendo, uma sensação de realismo e o equilíbrio que são marcas do diretor.
Pobre Jason Bourne (Damon). Ninguém consegue deixar o personagem quieto. Seja seu passado que continua voltando nos flashbacks – o que trava o filme um pouco – e nas marcas de balas ainda visíveis nas suas costas; Nicky (Stiles) que vem para tentar tirá-lo de um caminho de autodestruição; ou a CIA, agora comandada pelo frio Robert Dewey (Jones) que tem na sua cadeia de comando a inteligente Heather Lee (Vikander). Apesar das caras novas, é a agente Lee que se encaixa melhor nesse presente de conflitos sociais, crises no oriente médio, cyber ops e grande dominação que é a vigilância total.
Do lado de seus caçadores – que mais uma vez não são muito escondidos em prol da ação – dessa vez existem muitos olhos. Então Bourne é encontrado muito facilmente por Lee num mundo que é rodeado por câmeras e celulares. O ex-agente, um pouco defasado nesse quesito por ter que ficar fora das vistas, tem mais dificuldade de se esquivar. Por isso o ritmo do filme é mais frenético com muitos mais tiros disparados. Mas Greengrass e Rouse, na sua estreia como roteirista, ainda mantém a elegância e afluência nos golpes de kali desferidos por Bourne. E também entregam a melhor cena de perseguição dos quatro filmes.
Esse é o mais longo da agora quadrilogia, passando ligeiramente dos 120 minutos, e nota-se que poderia ser mais enxuto. Mesmo que o ritmo não seja um problema em nenhum dos filmes da série, o vai e vem dos flashbacks de Bourne se lembrando do pai e as recapitulações dos outros filmes fazem um desfavor ao andamento da história. Não é um grande defeito, mas é cansativo vermos ao menos três vezes a cena da morte do pai do protagonista dentro daquela assinatura gráfica que vem desde 2002, com riscos, slow motions e desfoques. O que compensa é que a montagem de todo resto ajuda a compensar o tempo perdido.
Desde A Supremacia Bourne (The Bourne Supremacy, 2004) as mulheres empenham papeis importantes. E Lee continua essa tradição: esperta, focada e não tem medo de peitar o diretor quando acha que precisa – aliás, a interpretação de Vikander é excelente, ofuscando facilmente Jones que parece estar no automático. A personagem não é um oposto de Bourne, mas tende a usá-lo como um meio por não concordar com o jeito de Dewey liderar. Ele pode não ser das cobras mais venenosas, mas a sua astúcia é enorme e pode dar um futuro interessante caso os produtores invistam em continuações.
A continuação respeita o próprio universo e tudo é familiar para quem viu recentemente os outros três filmes. Com exceção dos batismos, trazendo um novo Bourne, está a crítica ao patriotismo – o último recurso dos canalhas, como diria Samuel Johnson –, o signo da cor verde que acompanha Bourne sempre que ele está prestes a confrontar o seu passado e a montagem rápida como tiros, algo incorporado a partir do segundo filme. Para os fãs do personagem é um retorno para casa, tão familiar que não é nem um pouco difícil prever como a narrativa vai se desenvolver, fora uma surpresa ou outra. Porém, a história nunca foi vendida de outro jeito.
Por isso Jason Bourne funciona. Ele não foi pensado para outra audiência a não ser o público que se apaixonou pelo personagem. Não podemos negar que há uma dose de humor na perseguição destruidora aconteça em Vegas, brincando com a clássica frase sobre as coisas que acontecem naquela cidade, mas essa é uma história sombria e séria – de novo, Bourne não sorri uma vez sequer – continua com as críticas sociais já citadas, introduz novas ao, por exemplo, não colocar o personagem árabe no estereotipo de malvado ou terrorista e mexe com os brios de quem não deixa as liberdades individuais de lado. E tudo isso sem deixar de lado a ação, que é muito mais que uma dezena de outras produções pode dizer.
Jason Bourne | Trailer
Jason Bourne | Galeria
Jason Bourne | Sinopse
Matt Damon retorna para seu papel mais icônico em Jason Bourne. Paul Greengrass, o diretor de “A supremacia Bourne” e “O Ultimato Bourne”, novamente se junta a Damon para o próximo capítulo da franquia Bourne da Universal Pictures, na qual encontra o ex-agente mais letal da CIA retirado das sombras.
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