Invocação do Mal 2 | Crítica | The Conjuring 2, 2016, EUA

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Equilibrado e tenso, Invocação do Mal 2 confirma o posto do diretor James Wan nas produções sobrenaturais que funcionam.

Invocação do Mal 2 (2016)

Com Vera Farmiga, Patrick Wilson, Frances O’Connor, Madison Wolfe, Simon McBurney, Franka Potente. Roteirizado por Chad Hayes, Carey Hayes, James Wan, David Leslie Johnson. Argumento de Chad Hayes, Carey Hayes e James Wan. Dirigido por James Wan (Velozes e Furiosos 7).

8/10 - "tem um Tigre no cinema"Mesmo que depois de certa idade os filmes de terror não assustem – mesmo aqueles que insistem na pegadinha da música alta logo depois de um silêncio – é bom ver que ainda existem exemplos que deixem a audiência, no mínimo, em estado de tensão. Em Invocação do Mal 2 James Wan consegue trazer esse estado, seja pela menor presença dos sustos mais óbvios ou pela técnica de filmagem. O polivalente diretor está mais artístico nessa produção, usando planos sequência e menos cortes para dar uma visão mais humana ao relato de Enfield. Por mais que não acreditemos na história, ela faz bem o serviço de funcionar dentro de uma mitologia.

Wan e sua equipe de fotografia – nas mãos de Don Burgess – e os designers de produção dão um clima muito interessante ao filme. A produção personifica a perturbação da família usando muitas sombras, um ambiente triste e acabado física e psicologicamente – a casa está caindo aos pedaços, as paredes tem papel de parede descolando –, além de um pano de fundo histórico dos maus bocados que a Inglaterra estava passando. A paleta de cores passando entre o cinza, o marrom e o preto são total contraste da vida que Lorraine (Farmiga)  e Ed (Wilson) estão levando enquanto tentam se afastar da vida de caçadores. Na casa deles há predominância de amarelos, laranjas e outros tons mais claros típicos de representações da década. Pejorativamente, um retrato de propaganda de margarina.

É verdade que a técnica do diretor tem grande destaque na narrativa –  é seguro dizer inclusive que Wan está mais artístico no seu modo de dirigir – com a câmera que flutua pelos espaços, o jogo de luz e sombra e a montagem que encontra meios de manter a audiência tensa sem saber o que poderá vir a cada esquina. Esteticamente, é o melhor filme do diretor. Notem em especial como ele lida com o prólogo em Amityville, aonde a memória do assassino vem por meio de fragmentos na mente de Lorraine. Narrativamente funciona por dois motivos: o primeiro para mostrar que as visões da médium são incompletas; e segundo por poupar a plateia do horror de vermos crianças mortas, ao mesmo tempo em que parece diminuir a censura do filme para uma audiência mais jovem. Ainda assim, o resultado não é menos perturbador.

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Pode ficar a impressão que a qualidade técnica do diretor se sobrepõe demais à história. É verdade que por ser escrito e reescrito por quatro pessoas sentimos problemas. Há um arrastar com repetições e anticlímax, principalmente perto da conclusão da história que passa dos 120 minutos de produção. O filme seria mais dinâmico e até mais perturbador com alguns minutos a menos e sem algumas bobeiras óbvias, como tocar London Calling (música do The Clash) quando há a passagem dos EUA para a Inglaterra com rápidos flashes da situação econômica que o país então passava.

O roteiro, porém, tem suas próprias qualidades. Porque em geral, diferente do primeiro filme, existem muitos elementos que dão a entender que a possessão de Janet (Wolfe) seria uma farsa. Aliás, se não fosse a introdução do filme, com uma frase atribuída à verdadeira Lorraine Warren, essa sensação continuaria até o clímax. Praticamente tudo pode ser atribuído a uma histeria que reflete a já citada situação econômica da família, já que os fatos que ocorrem com a jovem não são testemunhados por mais ninguém. E nisso a história vai se sustentando, com espaços para situações de comédia, como a impotência da força policial – o que é uma metáfora para a força da humanidade – e doces, como na cena de Ed tocando Elvis no violão.

Equilibrado em vários momentos, tenso quando preciso e só com pontuais problemas na repetição e conclusão, Invocação do Mal 2 é um bom exemplo do gênero, ficando ligeiramente acima do seu antecessor. Os mais sensíveis aos filmes de espíritos e demônios serão recompensados com sustos sinceros, se conseguirem encarar a experiência. Os mais céticos, pela abordagem ao tema que deve ser assistido de um ponto de vista mítico e não prático, como se o filme tivesse a intenção de desvendar uma farsa – ou não – das atividades paranormais. Ainda mais, é uma ode sobre perseverança, até mesmo amor e sobre estender a mão àqueles que necessitam.

Veja o trailer de Invocação do Mal 2

Sinopse oficial

O thriller sobrenatural ‘Invocação do Mal 2’ traz para as telas outro caso real dos renomados demonologistas Ed e Lorraine Warren. Reprisando seus papéis, a indicada ao Oscar Vera Farmiga e Patrick Wilson estrelam como Lorraine e Ed Warren, que, em uma de suas mais assustadoras investigações paranormais, viajam ao norte de Londres para ajudar uma mãe solteira que mora com seus quatro filhos em uma casa assombrada por espíritos malignos”.

Invocação do Mal 2 | Pôster brasileiro

Invocação do Mal 2 - Galeria (1)

Invocação do Mal 2 - Galeria (2)

Invocação do Mal 2 - Galeria (3)

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".