Independence Day: O Ressurgimento | Crítica | Independence Day: Resurgence (2016) EUA
Com Liam Hemsworth, Jeff Goldblum, Bill Pullman, Jessie Usher, Maika Monroe, Sela Ward, William Fichtner, Angelababy e DeObia Oparei. Roteirizado por Roland Emmerich, Dean Devlin, Nicholas Wright, James A. Woods e James Vanderbilt. Dirigido por Roland Emmerich (Independence Day).
Se é diversão pura sem nenhum tipo de compromisso que você procura, Independence Day: O Ressurgimento foi feito para você!
Depois que você sair da sessão de Independence Day: O Ressurgimento não estranhe se passarem pela sua mente sentimentos conflitantes. Porque é um filme extremamente divertido, abraço o próprio absurdo sem se importar com explicações. Por outro lado, é um clichê ambulante, sem personagens carismáticos, se finca nos efeitos especiais e – apenas reforçando o mal mais recente de Hollywood – é pensado para ser uma saga. É exagerado como à nave alienígena-mãe, numa versão deturpada de que continuações tem que ser maior, que cobre um quarto do globo. E fica um sentimento um tanto difícil de explicar, uma relação de amor e ódio que só o cinema consegue fazer.
Diferente de outros blockbusters que estão competindo pela atenção do público – Warcraft e As Tartarugas Ninja – a nova produção de Roland Emmerich não é profundamente irritante. Nas quase duas horas de projeção é possível vibrar com os ataques tanto humanos quanto alienígenas, muitas explosões e tiros e num universo que foi feito para isso. O diretor – junto com outros quatro escritores – entrega um roteiro tão absurdo que, no seu ridículo, torna-se empolgante com espaço para piadas, clichês dos mais óbvios e referências ao filme anterior. E sabendo que precisava chamar a atenção logo no começo, o diretor acelera a narrativa e com 30 minutos de projeção já vimos mais caos e destruição do que no filme de 1996.
O que Emmerich, Devlin, Wright, Woods, Devlin e Vanderbilt fizeram foi colocar num caldo várias referências da ficção científica, misturaram – provavelmente jogando ideias sem muito filtro no papel – e viram o resultado. E o que saiu foi uma bagunça, mas com um espírito de aventura. Um tanto tolo e óbvio, é verdade, mas que não foge da proposta de uma guerra interplanetária. Para exemplificar, é como se o quinteto tivesse misturando elementos de Star Wars, Aliens – O Resgate, O Guia do Mochileiro das Galáxias e uma leve pitada de 2001 – Uma Odisseia no Espaço. Sem deixar de lado aquele espírito nacionalista exagerado que vimos em O Ataque (White House Down, 2013).
Claro que com a maior boa vontade, e mesmo nos tendo em mente que esse é um filme blockbuster no mais alto sentido, é impossível deixar de lado os problemas que vão desde o ultranacionalismo e ritmo. Além do roteiro raso, mas tão raso que depois do primeiro ato, onde acontece de tudo em pouco tempo, fica quase nada para contar durante os quase 90 minutos restantes. Ao querer divertir a plateia com naves gigantes, os roteiristas não conseguem criar no trio principal – um impulso narrativo que confirma a intenção de ID se tornar uma saga – personagens que criem identificação com o público. Eles sequer souberam a quem dar destaque, sendo que parece inicialmente a Dylan (Usher), mas que é inerte na narrativa. Depois, Jake (Hemsworth) e Patricia (Monroe), mas sem torcermos de verdade por eles.
E a questão de cotas foi explorada de maneira bem cretina na história. Pela necessidade de agradar o mercado chinês, Rain Lao (Angelababy) faz parte da nata dos pilotos do esquadrão de Dylan – além de seu tio que está numa estação espacial e o filme tomar um bom tempo mostrando uma destruição numa cidade chinesa – mas não tem destaque nenhum na trama. Depois, a Dr. Catherine Marceaux (Gainsbourg – deslocada, parece que entrou nessa só para descansar dos dramas) representando toda a Europa, num personagem irrelevante à trama; o senhor da guerra africano Dikembe (Oparei), que vai servir de alívio cômico; e o Dr Brackish Okun (Spiner), que descobrimos nessa produção ser homossexual.
Sim, representatividade é importante, mas nem esses personagens ou suas características tem peso para a história, com exceção de Dikembe que sabe ler o idioma alienígena, mas que cai no clichê de ser o negro piadista ambulante. O casal gay da história nunca passa dos apelidos carinhosos, nunca trocam uma carícia sequer. É só uma camada bem fina com a qual filme se pinta de moderno, mas é conservador nesse aspecto já que nem mesmo um beijo de um casal heterossexual é permitido. Poderia ter sido um pouco mais ousado, não com personagens dizendo que se amam, mas algo além das piadas, um toque ou uma troca de carícias que seja.
E bem difícil de não sair empolgado da sessão porque o diretor sabe como mexer com a plateia no quesito destruição em massa. Temos então, algo que é a assinatura de Emerich, destruição de monumentos – admitindo o próprio exagero e sabendo brincar ao não destruir pela terceira ou quarta vez em sua carreira Casa Branca – muitos cortes e muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. Mas é impossível desligar o cérebro. O que acontece é com tantos sons e elementos visuais nos saímos um tanto anestesiados da sessão, mesmo que alegres pela diversão apresentada entre os mais clássicos clichês dos heróis órfãos, do ônibus escolar com crianças em perigo, cachorros esquecidos e ex-machinas.
Pela simplicidade da abordagem, Independence Day: O Ressurgimento não apenas encontra seu público, mas o satisfaz. E nesse quesito ele não engana ninguém vendendo uma imagem do que não é, nem dando uma roupagem profunda da ficção científica. O que pode dar um grande nó no cérebro e provavelmente é essa a intenção do diretor. As atuações estão canastras demais, inclusive notem como David Levinson (Goldblum) grita de desespero – inclua muitas aspas nessa palavra – quando sai da atmosfera da lua para exemplificar o que eu digo, a fotografia azulada e sombria é terrível, principalmente no 3D, o roteiro é uma mistura de tanto coisa que somente a diversão compensa. Longe de ser bom, longe de ser ruim. Contraditório apenas.
Veja o trailer Independence Day: O Ressurgimento
Galeria de Independence Day: O Ressurgimento
Sinopse de Independence Day: O Ressurgimento
Sinopse oficial de Independence Day: O Ressurgimento
“Nós sempre soubemos que eles voltariam. Depois de Independence Day redefinir o gênero de filmes de desastres, o próximo épico capítulo leva a uma catástrofe global em escala inimaginável. Usando a tecnologia alienígena recuperada, as nações da Terra têm colaborado em um programa de defesa imenso para proteger o planeta. Mas nada pode nos preparar para a força avançada e sem precedentes dos alienígenas. Somente a ingenuidade de alguns valentes homens e mulheres pode trazer nosso mundo de volta da beira da extinção”.