Hércules | Crítica | Hercules, 2014, EUA

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O novo Hércules tira a capa mítica, mas mantém o espírito de guerreiro do personagem, sem medo de contar novamente histórias que passaram nas mãos de outras pessoas antes.

Hercules, 2014

Com Dwayne Johnson, John Hurt, Rufus Sewell, Ian McShane, Ingrid Bolsø Berdal, Aksel Hennie, Reece Ritchie, Rebecca Ferguso, Joseph Fiennes, Peter Mullan e Irina Shayk. Roteirizado por Ryan J. Condal, Evan Spiliotopoulos, baseado nos quadrinhos de Steve Moore e Admira Wijaya. Dirigido por Brett Ratner (X-Men: O Confronto Final).

7/10 - "tem um Tigre no cinema"O novo Hércules entrega uma reinvenção que despe a capa mítica, mas mantém o espírito de guerreiro do personagem, e tira o medo de contar novamente histórias que passaram nas mãos de outros diretores e roteiristas. Ação desenfreada, momentos marcantes e violência – apesar de não explícita – trazem uma experiência divertida e consegue, pelo menos parcialmente, dar profundidade a um personagem que é uma montanha de músculos.

Hércules (Johnson) não é o herói das lendas, mas sim um mercenário que toma vantagem da falsa história de ser filho de Zeus. Ele e seus companheiros aceitam a oferta de Lorde Cótis (Hurt) para derrotar um Senhor da Guerra que está trazendo destruição ao seu povo. Percebendo que os trácios não são mais do que fazendeiros, Hércules treina os cidadãos para a tarefa, enquanto lida com seus próprios fantasmas e demônios.

“Deixe-me contar sobre Hércules”, diz Iolau (Ritchie) enquanto ganha tempo para que o salvem de ser empalado. Durante sua narração off – que funciona bem – o jovem conta como Hércules derrotou sozinho a Hidra de Lerna, o Touro de Creta, o Leão de Nemeia, e os outros trabalhos. Vejam que o diretor tem o cuidado de nunca mostrar o rosto de Hércules nessas memórias: ele é uma lenda e, portanto, não tem forma. E o personagem verdadeiro se leva disso. Nas sombras, parece que ele é invencível, e que poderia matar cinco homens de uma vez só. Com a ajuda de Amphiarus (McShane), Autolycus (Sewell), Tideu (Hennie), e Atalanta (Berdal), Hércules perpetua o mito que ele é filho do deus grego do trovão com uma mortal. Traçando um paralelo, é algo visto em Tróia (Troy, 2004, Wolfgang Petersen), nos dizendo que, se existiu, deve ter sido assim.

Rettner e os roteiristas tratam a história com elementos que conhecemos para agradar gregos e troianos – um clichê que vem a calhar. Então, os elementos das lendas existem, mas não exatamente como vimos nos livros de mitologia. Hércules é um órfão, o que não deixa de ser verdade mesmo no mito, com um pai deus ausente; herói dos Trabalhos impostos por Euristeu (Phiennes), mas auxiliados por seus companheiros; foi casado e teve filhos que foram assassinados (no mito, Hera enlouqueceu Hércules para fazer isso, e no filme ele parece culpado). A realidade, por assim dizer, se mistura em vários momentos da história com a fantasia e isso, inclusive, é parte da psique desse herói, agora perseguido por um grande demônio representado na figura de Cérberus.

A melhor coisa de tirar sua semidivindade, é que Hércules deixa de ser invencível e lhe impõe inimigos à altura. A cada desafio, ele tem que refazer a Jornada do Herói, e lidar com a imagem que ele deu ao mundo, sempre confirma-la aos olhos esperançosos – Ergenia (Ferguson) e seu filho –, ou dos desconfiados – General Sitacles (Mullan) e o próprio Cótis. Esse contraste faz parte do universo do protagonista, como podemos ver nos flashbacks, quando Megara (Shayk) ainda era viva, e viviam em palácios banhados por uma fotografia iluminada. Já o presente é mais escuro e Hércules parece carregar mais peso nas costas. E há muitas cenas noturnas, derivados de pesadelos que não permitem que o herói durma.

Além disso, é um filme empolgante. O treinamento dos Trácios, a postura do grupo em batalha – funcionando como um mini-exército – as frases de efeito e a violência necessária para o período e o tema – apesar desse tema ser levemente mascarado com cortes nos momentos certos ou com sangue sendo derramado numa parede – agrada a quem procurar um filme de aventura e ação.

Existem sim problemas na produção que valem a pena mencionar, como os momentos clichês e a fala final de Amphiarus que pode ser verdade, mas não reflete quem Hércules é de verdade. Alguns cuidados enriqueceriam o visual, principalmente em Atalanta. Se ela esteve com Hércules e os outros em tantas batalhas, é estranho ela não ter a pele um pouco mais morena, e notamos a ausência de cicatrizes. É de se questionar também porque ninguém mais quer saber dos homens verdes que aparecem no segundo ato. Se eles foram criados pelo vilão da história, é de se estranhar que ele nãos os use de novo perto da conclusão, o que teria facilitado muito o trabalho dele.

Hercules | Poster

Hércules pode ser uma surpresa, seja pelo histórico do diretor ou pela presença de Dwayne Johnson que, numa visão precipitada, não serviria muito além de ser gigante. Mas é injusto pensar assim. Seguir Hércules e os seus companheiros nessa aventura tem momentos descontraídos e até doces, como quando o herói presenteia o filho de Ergenia com lembrança de um dos trabalhos. E se você não se empolgar com o personagem gritando “Eu sou Hércules!”, falta um pouco de sangue correndo nas suas veias.

Veja abaixo o trailer de Hércules

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".