O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio | Crítica | Terminator: Dark Fate, 2019
Reciclando temas apresentados nas outras continuações, Exterminador do Futuro: Destino Sombrio se destaca com temas atuais, sem esquecer da ação.
Faltou só um pouco, mas bem pouco mesmo, para Exterminador do Futuro: Destino Sombrio superar todos os medos inerentes das continuações anteriores. Mas, se existem problemas a serem apontados, o filme é a melhor continuação com a presença do T-800 desde o filme de 1992. Entre homenagens ao original, cenas de ação dignas do nosso tempo e uma leve crítica social, a história ganha peso no merecido protagonismo feminino, algo que já era verdade na continuação da produção de 1984, mas, na produção de Miller, ganha mais importância – e um dos motivos para ser menos interessante é pelo fato de não ser dirigido ou pelo menos roteirizado por uma mulher. Isso sim seria excelente.
Num misto de novidade com o nosso prévio conhecimento da franquia, Miller e companhia introduzem Grace (Davis) e Dani (Reyes) com aquela tradicional porrada que estamos acostumados. Com um prólogo um tanto inútil que serve só para reforçar que esse filme é uma continuação direta de Exterminador do Futuro 2: O Dia de Julgamento (Terminator 2: Judgment Day, 1992, James Cameron) – como o filme de 2016 fez –, temos a vantagem de saber as regras desse universo, como a questão dos viajantes estarem sempre nus, mas há um espaço para novos olhos, caso alguém caia na sessão de cinema desavisado da história pregressa, algo remendado em dois minutos por Sarah Connor (Hamilton).
A produção quer escapar daqueles brancos salvadores do mundo – apesar de todos os roteiristas serem – ao introduzir o ponto de vista da classe trabalhadora que, vejam só, está perdendo o trabalho para as máquinas. Se em filmes de faroeste o assassino era sempre alguém com tenacidade, esse Exterminador VER-9 (Luna) faz o mesmo. E isso também é uma crítica social, pois se engana quem pensa que apenas esse trabalho mais chão de fábrica será afetado. Dani e o irmão, hispânicos e que não vivem uma vida de luxo, precisam se adaptar ao que tem. E dar a importância a quem teve que se adaptar à tantas lutas faz mais sentido ainda.
Quem já viu todos os filmes, notará que Cameron e outros tomaram elementos dos filmes 3 a 5 e refinaram ideias: um exterminador que se adapta à estruturas do terceiro, o ciborgue que se diz humano do quarto e um T-800 (Schwarzenegger) que envelhece e aprende os jeitos de ser humano do quinto. É uma opção que funciona porque tira as amarras do que foi feito nessas aventuras, ainda que O Exterminador do Futuro 3: A Rebelião das Máquinas (Terminator 3: Rise of the Machines, 2003, Jonathan Mostow) seja uma produção interessante. Claro que, ao mesmo tempo, abre as portas para mais uma franquia, um daqueles defeitos que não são do filme, mas sim de uma indústria toda.
No entanto, vemos um cuidado visual na história que vai além dos efeitos especiais, algo esperado e necessário num filme que mistura ação e ficção científica. É interessante notar como as cores de Dani mudam, começando com o amarelo e mudando para o roxo, Sarah sempre de preto, como num eterno luto, ou na roupa de segurança de Grace na primeira vez que ela impede que a jovem seja assassinada pelo REV-9. Aí há espaço também para algumas rimas visuais dos dois primeiros filmes, com direito a helicópteros roubados, um braço arrancado e a frase mais clássica, vinda de quem não estamos esperando.
Para mudar um pouco a sisudez do T-800, o agora Carl fala de futilidades e está realmente interessado em se redimir, mesmo que Sarah encontre nele uma dificuldade de acreditar nisso. Sua dor à leva a esquecer das linhas finais do segundo filme, onde ela admite que até mesmo uma máquina poderia aprender a amar. Seja verdade ou não, ainda temos que esperar para saber, isso mostra como alguém pode mudar tanto quando só o que se conhece é dor. Por causa de toda a destruição que essa experiente lutadora causou no passado, não existe um momento de descanso para ela, como Hércules destruindo todos os templos de Hera que encontrava no seu caminho.
Se alguém tinha esse receio, a ação é constante, mas não ao ponto de fazer um roteiro com muitas falhas, apesar de termos seis mãos escrevendo e reescrevendo a história. Mas não seria um Exterminador do Futuro sem explosões, slow motions, surpresas finais como nos filmes de terror – uma das máquinas futuristas, como vemos num dos flashbacks de Grace, tem tentáculos – e muito tiro. Sabiamente, Miller, Cameron e outros roteiristas deixam essa seara para o trio feminino, o que deixa Carl num papel secundário, quase terciaria, por quase todo o filme. Isso resulta em cenas entre uma humana experiente, mas longe do auge físico, uma jovem que cresceu numa periferia, mas sem saber como ser violenta, e uma experiente soldado que vive entre mundos contra uma máquina de matar sem sentimentos.
Por isso que há uma oportunidade perdida já na conclusão. Podemos perceber o potencial ali, algo que poderia fazer eco com o primeiro filme e fortalecer a participação das três, mas que é negada pelo peso da presença de Schwarzenegger. A história não chega ao cúmulo de transformar esse trio em mulheres em damas para serem salvas, mas seria uma solução tão melhor deixar o destino nas mãos delas. Uma adaptação aqui e ali resolveria a situação e faria jus à essas protagonistas. Porque em todos os filmes, até mesmo o segundo, um homem era o mais importante elemento da história, e agora com essa mudança, seria melhor se assim fosse por completo.
Mesmo com essas oportunidades perdidas, entrando no reino do quase, Exterminador do Futuro: Destino Sombrio agrada não apenas por ser um bom filme de ação, mas também por ser um retrato do nosso tempo. Ainda que tenha algumas piadas que fazem atalhos, como Grace hackeando um celular com “coisas do futuro”, um contato militar vindo do nada e algumas pontas soltas propositais para continuações – Cameron já disse que quer uma nova trilogia – é impossível não ver as questões levantadas por uma protagonista latina, caçada por máquinas, até por drones, que tenta encontrar nos EUA um refúgio para salvar a própria vida. Pode não ser uma crítica social fortíssima, mas é bom ver que esse é um assunto que chama a atenção cada vez mais.
Elenco
Linda Hamilton
Arnold Schwarzenegger
Mackenzie Davis
Natalia Reyes
Gabriel Luna
Diego Boneta
Direção
Tim Miller (Deadpool)
Roteiro
David Goyer
Justin Rhodes
Billy Ray
Argumento
James Cameron
Charles Eglee
Josh Friedman
David Goyer
Justin Rhodes
Fotografia
Ken Seng
Trilha Sonora
Tom Holkenborg
Montagem
Julian Clarke
País
Estados Unidos
Distribuição
Paramount Pictures
20th Century Fox (Brasil)
Duração
128 minutos
Data de estreia
31/out/2019
A ameaça das máquinas não acabou. Mesmo com o fim da Skynet, uma nova inteligência artificial envia ao passado um Exterminador para acabar com quem no futuro irá liderar a resistência humana. Eles mandam sua própria agente para evitar que isso aconteça, e ela contará com uma ajuda com muita experiência: Sarah Connor.
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