A Era do Gelo: O Big Bang | Crítica | Ice Age: Collision Course, 2016, EUA
Várias franquias se estenderam além do que deveriam indo para o espaço. Isso não as salvou, assim como não salva A Era do Gelo: O Big Bang.
Com Ray Romano, John Leguizamo, Denis Leary, Simon Pegg, Jennifer Lopez, Queen Latifah, Chris Wedge, Neil deGrasse Tyson e Keke Palmer. Roteirizado por Michael Berg, Yoni Brenner, Aubrey Solomon e Michael J. Wilson. Dirigido por Mike Thurmeier e Galen T. Chu.
Os produtores de A Era do Gelo tem um negócio rentável nas mãos. Não importa como, cada um dos filmes anteriores rendeu quase dez vezes o custo de produção – mercadologicamente, faz sentido continuar a saga deve garante a vida da Fox e da Blue Sky. Por isso, eles pouco se preocupam em entregar uma história coesa, desde que ela seja agradável aos olhos. Pois bem, O Big Bang é praticamente sem substância, mas uma beleza visual. Têm gracejos, as crianças vão sem dúvida se divertir, mas já é a quarta vez seguida que o estúdio não sai de sua zona de conforto.
Poucos momentos salvam a produção – mesmo pensada para crianças é repetitivo demais – com as piadas envolvendo a vó de Sid (Leguizamo), um plano sequência na Terra inferior com um resgate de Buck (Pegg) e a participação de Neil deGrasse Tyson numa versão doninha que explica alguns conceitos científicos como atração e gravidade, algo que os menores não devem entender, mas pelo menos os mais velhos conseguem aprender alguma coisa. Aqui e ali a obsessão de Scrat (Wedge) com sua noz tem graça. Mas o diretor força demais a sua participação, deixando de ser o detalhe engraçado. Agora, ele é responsável por tudo que acontece de ruim com Manny (Romano) e sua turma.
Além disso, é bem difícil extrair qualidades da aventura. A narrativa parece se arrastar bem mais que seus quase 90 minutos, os personagens estão presos nos seus moldes de sempre, sem a mínima tentativa de quebrar seus próprios paradigmas. Há uma tentativa com Manny, o primeiro do bando que lida com o envelhecimento por causa vindouro casamento de Amora (Palmer) e a percepção de Diego (Leary) ao perceber que ele, um tigre dentes-de-sabre, dificilmente seria aceito entre os herbívoros. O primeiro caso ainda funciona, mas Diego, além de afirmar o óbvio, é irrelevante para a trama principal: ele não tem ideias e não participa da ação. Basicamente, esquece-se dele o roteiro todo e, determinada hora, se lembram que o tigre precisava ter algum tipo de participação na história.
O filme tem algumas piadas visuais para os mais velhos, num tentativa pífia de agradar os pais acompanhando seus filhos, com ícones da ficção científica como 2001: Uma Odisseia no Espaço, dos filmes de Frankenstein da Hammer, a gag “cool guys don’t look at explosions”, além da já citada presença de Neil deGrasse Tyson. Mas uma produção não vive só para caçar referências; tem que ser envolvente em alguma esfera. Pelo contrário, é tão maçante que e sem graça que contamos os minutos para irmos embora. E isso vem muito porque os diretores vieram dos departamentos visuais da Blue Sky.
Toda a saga quando não tem para onde ir apela para o espaço: James Bond, Sexta-Feira 13, Planeta dos Macacos, O Duende (um clássico trash), Transformers (sim, eles vieram de lá, mas Optimus Prime já foi se aventurar além do nosso planeta no último filme), e até os games usam desse artifício – Warcraft/Spacecraft – mostrando um último recurso e rejuvenescer para uma nova audiência. Claramente não foi o suficiente, já que A Era do Gelo: O Big Bang tem a profundidade de um pires e se sustentará na ideia de que é para divertir as crianças. Se for pra isso, melhor fazer episódios curtos com Scrat . Todo mundo ganha.
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A Era do Gelo: O Big Bang | Sinopse oficial
“A épica perseguição de Scrat pela noz o impulsionou ao universo, onde ele acidentalmente desencadeia uma série de eventos cósmicos que transformam e ameaçam A Era do Gelo. Para salvarem-se, Sid, Manny, Diego e o resto do grupo devem deixar sua casa e embarcar em uma missão cheia de comédia e aventura, viajando por novas terras exóticas e encontrando uma série de novos personagens coloridos“.