Alien: Covenant | Crítica | Alien: Covenant, 2017, EUA
Ainda que melhor desenvolvido que seu predecessor, Alien: Covenant é um passeio facilmente esquecido no universo Alien.
Elenco: Michael Fassbender, Katherine Waterston, Billy Crudup, Danny McBride, Demián Bichir, James Franco | Argumento: Jack Paglen, Michael Green | Roteiro: John Logan, Dante Harper | Direção: Ridley Scott (Prometheus) | Duração: 123 minutos
Entre querer ou não largar o universo que criou – com mudanças de nome, negando e confirmando a presença do xenoformo – Riddley Scott tem em Alien: Covenant um filme melhor amarrado que seu antecessor, e assim como a produção de 2012 não impressiona. É um filme que cai no mal de várias sequências que é não conseguir contar uma história por si só. É também um conto de origens e como a maioria deles há problemas com ritmo e também uma leve tendência a se perder na discussão apresentada com vários signos da criação quando pende para a ação.
As semelhanças com Aliens: O Resgate (Aliens, 1986, James Cameron) são bem óbvias, apesar do diretor não ter se envolvido com a continuação feita em 1986. Scott de mostra a diferença entre David e Walter (ambos interpretados por Fassbender) a partir de um prólogo onde o androide construído à perfeição como o Davi de Michelangelo – inclusive com o figurino branco como mármore – para ser o assistente pessoal, para não falar escravo, de Peter Weyland (Pearce). Walter, apesar de sabermos claramente ser um androide, se aproxima mais de seus companheiros humanos, por exemplo, ao usar uma roupa para evitar o frio, mesmo sem a necessidade. O paralelo com o androide do filme de James Cameron é inevitável – além da protagonista feminina.
Há uma grande vantagem para quem não acompanhou todos os outros quatro filmes da franquia Alien nessa produção: Scott definiu que não é preciso o conhecimento prévio das histórias que começaram com o descobrimento do planeta LV-426 pela tripulação da Nostromo; apenas saber o que aconteceu com a Prometheus dez anos antes. E o primeiro ato se beneficia no fato que Daniels (Waterston) ainda não sabe do destino da nave-título do filme anterior – então não se perde muito tempo com explicações, apesar de elas aparecerem eventualmente. Ou seja, isso quer dizer que mesmo que um dia o diretor consiga conectar as narrativas, ele se preocupou em fazer um filme (ou trilogia) que não dependa tanto do material original.
Assim como o prólogo, e o próprio Prometheus, que lida com a busca pelas origens, esse filme lida com signos de fé. Começa com o novo capitão da Covenant, Oram (Crudup), que acredita em alguma coisa, só não temos certeza qual é a sua crença e com o próprio David. Suas ações no planeta em que a tripulação da nave colonizadora cai fazem mais sentido que no filme anterior – o pingo do patógeno alienígena era um grande “se” – mas aqui ele teve tempo para experimentar, enxergando a si mesmo com um deus ante uma criação. Ainda assim um deus distorcido como Scott mostra quando ao cortar seus cabelos com a chegada de Walter e Daniels. Impossível nesse encontro não nos lembrarmos do deus romano Janus, aquele com duas faces que simbolizam escolhas e o passado e o futuro.
Outro paralelo com a divindade é a escolha do nome do capitão original da Covenant. Ele se chama Jacob (Franco), que traduzimos como Jacó. Na Bíblia, o patriarca se torna Israel, o mesmo nome da terra prometida. Considerando que o primeiro subtítulo do filme era Paraíso Perdido, evocando também a obra de John Milton, a perda do capitão também representa o distanciamento da tripulação e passageiros da nave. A personalidade de David já estava bem estabelecida no filme de 2012 (por isso uma visita ao filme vale a pena) e pensar o que um ser com o intelecto dele poderia fazer em dez anos é assustador. Aqui, David incorpora o deus do velho testamento numa marcante cena em que ele olha de cima e despeja sua vingança.
E como Weyland fez com David, esculpindo-o como se em mármore, os seres que aparecem para aumentar a fauna desse Alienverso são brancos, prontos para serem transformados no que o seu criador quiser. E todos os males da narrativa, como se inspirados em Victor Frankenstein, vem da curiosidade, que é a sina da raça humana.
A partir da metade parece que a produção se torna um filme diferente. Existe o terror espacial tão conhecido pela produção de 1979, mas todo o caminho filosófico que estava sendo seguido é deixado para trás em nome da ação. Não é uma ação fraca ou pouco empolgante, apenas não condiz com o caminho que estava sendo percorrido. Enquanto Scott mostrou a diferença entre David e Walter num plano longo de quase cinco minutos, os tiros, explosões e vísceras que fecham a história são esquecidas depois da sessão – um sentimento que provavelmente vai acontecer com o filme todo depois de algumas semanas.
Assim como comentado em Prometheus, é um fardo muito pesado acompanhar o filme que trouxe a criatura desenhada por H. R. Giger à vida. E Alien: Covenant é apenas bom. Mediano, se muito. Mas o saudosismo já impera a algum tempo – e só contar quantos filmes e desenhos vem sendo adaptados e continuados nos últimos dez anos – e trazer o Linguafoeda acheronsis de volta às telas, dessa vez com o design que estamos acostumados, reforça essa observação. Da mesma maneira que o antecessor, essa produção tem a missão de resgatar a sensação dos excelentes filmes predecessores de 1979 e 1986. Mas diferente deles, as novas aventuras da Prometheus e da Covenant podem muito bem passar despercebidas. Elas não faram falta nenhuma.
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Alien: Covenant | Sinopse
Dez anos depois da Prometheus conhecemos a nave Covenant, que está a caminho de um planeta para ser colonizado pela raça humana. Durante a viagem, a tripulação capta um sinal humano vindo de um planeta que está mais perto deles e com possibilidades de servir para a vida humana. Esse propenso paraíso é governado por alguém já conhecido por nós, o que pode significar o fim desses pioneiros.
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